Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515
O projecto “Memória de Macau” foi galardoado com “Estrela de Descobrimento” do “Prémio Global 2024 para Casos Inovadores em Educação do Património Mundial (AWHEIC)”.
Trata-se de um significativo conjunto de cerca de seis mil folhas manuscritas, cronologicamente situadas, na sua grande maioria, entre meados do século XVIII e a primeira metade da centúria seguinte. A temática desta documentação diz respeito às relações entre as autoridades portuguesas e chinesas a propósito do território de Macau, versando múltiplos e variados temas, no âmbito dos contactos ofic
Após meses de preparação, a caravana constituída por três Mitsubishi Pagero, baptizados com os nomes de Macau, Taipa e Coloane partiram, do simbólico Jardim Camões, em Macau, para o II Raide Macau-Lisboa, no dia 27 de julho de 1990.
Chegamos a ver fotografias antigas de Macau, cujos cenários são irreconhecíveis. Agora o fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro coloca as fotografias antigas de Macau nos cenários actuais, permitindo-nos viajar nos diferentes tempos ......
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No projecto “À Procura de Macau” o fotógrafo reuniu algumas das muitas fotografias que fez quando residiu neste território entre 1986 a 1994, e quando o revisitou em 2005 e 2016.
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O Dr. Paulo Siu, ou mais propriamente, Xu Guangqi 徐光啟, nasceu em Xangai (Shanghai 上海), a 24 de Abril de 1562. Tendo seguido a carreira das Letras, ultrapassou com êxito todas as etapas do complexo sistema de ensino chinês, atingindo o mais elevado grau académico, em 1604. Não menos brilhante foi a sua passagem por sucessivos patamares da carreira políticoadministrativa (director da Instrução Imperial, subsecretário do Tribunal dos Ritos, presidente do mesmo Tribunal), vindo a ascender, a 1 de Julho de 1632, ao mais alto posto da hierarquia chinesa: chanceler do império ou colao (gelao 閣老), cargo equivalente ao de conselheiro de estado. Desempenhava já tais funções, quando, no início de 1633, o imperador o nomeou preceptor do príncipe herdeiro. Todavia, não foram as invulgares capacidades de letrado ou a fulgurante carreira política, que fizeram deste mandarim objecto de notícia de inúmeras Cartas Ânuas e outros documentos da missão da China, e tornaram o seu nome conhecido nos círculos intelectuais europeus das primeiras décadas do século XVII, mas sim a sua conversão ao cristianismo e o papel decisivo que desempenhou na expansão e consolidação da jovem Igreja chinesa. Os primeiros contactos de Xu Guangqi 徐光啟 com a nova religião, recentemente introduzida no Império do Meio, tiveram lugar em Xao Cheu [Shaozhou 韶 州], província de Guangdong 廣東, quando, ainda bacharel, exercia funções docentes numa família desta povoação. Corria o ano de 1596, e foi seu primeiro interlocutor o jesuíta Lazzaro Cattaneo. Em 1600, encontrou-se pessoalmente, em Nanjing 南京, com Matteo Ricci, de quem tinha já vaga notícia, através da edição do seu Mapa-mundi. Tratou-se, no entanto, de um contacto passageiro e sem consequências imediatas, como refere António de Gouvea: “Tornado a Nan Kim o anno de 1600, visitou o Padre Matheus Ricio que estava naquella Corte, e ainda que começou a tratar da Ley de Deos, tudo foi tão de corrida e tão acaso que nenhua impressão fez nelle o que ouvio”. Todavia, decorridos três anos, encontrando-se em Xangai (Shanghai 上海), decidiu dirigir-se de novo a Nanjing 南京, em busca de Ricci. Anota Gouvea que, por esse tempo, Xu Guangqi 徐光啟 “andava suspenso, porque na sua Seyta dos Letrados [Confucionismo] não avia menção da outra vida nem das almas. Tinha ouvido muyto dos Pagodes [Budismo] e do que os seus menistros contam do inferno, mas nada o aquietava”. Em Nanjing 南京 não encontrou Ricci, mas sim o jesuíta português João da Rocha, que o acolheu, catequizou durante vários dias e, por volta de 15 de Janeiro desse mesmo ano, lhe administrou o baptismo, como informa Gouvea: “No anno de 1603, tornando o Siu a Nan Kim, visitando o Padre João da Rocha, Superior daquella Casa, começou a tratar em forma de sua Salvação. Alegrou-se muyto de ouvir praticar o Padre […]. Finalmente, com muyto boa intelligencia da Ley de Deos, recebeo o Santo Baptismo por mão do Padre Rocha, que a teve para dar à Missam da China tam grande encosto e columna. Chamou-se Paulo, competindo nelle Virtudes e Letras. Subio ao auge das honras sinicas, que he a dignidade de Colao. Sua fé foi tam firme, sua Christandade tam solida, que por toda esta historia o traremos sempre na penna e na memoria”. Tendo alcançado o grau de doutor, em Abril de 1604, fixou-se em Pequim (Beijing 北京), onde entrou em grande familiaridade com os jesuítas aí residentes e, em particular, com Matteo Ricci, de quem se tornou amigo e admirador, e sob cuja orientação traduziu e publicou, em 1606 e 1607, os seis primeiros livros dos Elementos, de Euclides. Em Maio de 1607, por ocasião da morte de seu pai, dando cumprimento a uma velha tradição chinesa, retirou-se para Xangai (Shanghai 上 海), sua terra natal. Durante a sua permanência e com o seu apoio explícito, foi possível dar início, nesta vila, a uma das mais promissoras comunidades cristãs de toda a missão. O seu regresso a Pequim (Beijing 北京) teve lugar em 1611, cerca de um ano após a morte de Ricci. A intervenção do Doutor Paulo em defesa do Cristianismo teve um dos seus pontos fortes durante o chamado processo de Nanjing, movido pelo vice-presidente do Tribunal dos Ritos desta cidade, entre 1615 e 1617. Não só movimentou toda a sua influência junto dos mais altos mandarins da corte imperial, como redigiu e divulgou uma apologia da fé cristã e acolheu em sua casa vários missionários, pondo seriamente em risco, quer a posição social, quer a própria vida. Com o objectivo de dar visibilidade aos conhecimentos científicos dos missionários e, através deles, granjear a benevolência do imperador e dos mais destacados mandarins para com o Cristianismo, em 1629, exercendo o cargo de subsecretário do Tribunal dos Ritos, Paulo Xu propôs os nomes dos jesuítas Giacomo Rho e Johann Terrenz Schreck para a reforma do calendário chinês. Esta tarefa viria, efectivamente, a ser concluída com êxito em 1635, graças à dedicação e capacidade científica dos padres Rho e Adam Schall, este último em substituição de Schreck, falecido em Maio de 1630. Não raras vezes fez, o Doutor Paulo, uso da sua influência junto do imperador e dos altos dignatários da corte, a favor da cidade de Macau e dos missionários e mercadores portugueses aí residentes. Apesar de ocupar um dos mais importantes e prestigiantes cargos da hierarquia imperial, quando morreu, em Novembro de 1633, encontrava-se tão pobre que não deixou dinheiro suficiente para o funeral. A expensas do erário público, foram os seus restos mortais conduzidos a Xangai (Shanghai 上海) e aí solenemente depositados numa sepultura mandada construir pelo próprio imperador. Considerado por todos como uma das mais firmes colunas da Igreja chinesa, a memória de Paulo Siu permaneceria ainda viva, durante várias gerações de missionários. Testemunha privilegiada dessa memória foi o padre António de Gouvea que, tendo chegado a Xangai (Shanghai 上海) apenas três anos após a sua morte, teve oportunidade não só de ouvir os relatos da sua virtude, mas também de contactar pessoalmente com a esposa, filho e netos, cuja piedade elogiou em várias das suas obras, de que é exemplo expressivo o seguinte passo da Carta Ânua, de 1636: “Fez-se na nossa Igreja um Presepe muito lindo e bem feito, concorrendo para elle com esmolas os netos e netas do Colao […]. A molher do Colao com todas as suas netas vierão à Igreja; nella estiverão toda hua tarde, folgando muito de ver o santo Presepe, perguntando muito meudamente por tudo o que nelle havia. Quando foy pelos Reys, tornarão a vir e ouvirão praticar daquelle misterio; confessarão-se todas e procedem como netas de tão bom christão como foy o Doutor Colao Paulo […]. O filho do Doutor Colao Paulo procede na materia de Christandade como dantes, sempre muito inteiro e grave, muito recolhido e retirado, e com grande cuidado sobre seus filhos e filhas e sobre toda sua familia, que sejão bons christãos e que adorem e sirvão ao verdadeiro Senhor do Ceo”. [H.P.A.] Bibliografia: Biblioteca da Ajuda, Lisboa, Códs. 49-V-1 e 49- V-2; D’ELIA, Pasquale, Fonti Ricciane, 3 vols., (Roma, 1942- 1949); GOUVEA, António de, Cartas Ânuas da China (1636, 1643 a 1649) , (Macau; Lisboa, 1998); SEMEDO, Álvaro, Relação da Grande Monarquia da China, (Macau, 1994).
No dia 24 de Abril de 1626, foi publicado por todas as ruas da cidade ao som de tambores e de dois ternos de charamelas, com porteiro, alcaide e escrivão das execuções, o alvará do Vice-Rei da Índia, D. Francisco de Gama, conde de Vidigueira, que declarou nulas todas as devassas feitas até então nesta cidade por ordem do Capitão-Geral, D. Francisco Mascarenhas, por este não ter provisão expressa para as mandar fazer.
No dia 5 de Dezembro de 1792, o Desembargador Lázaro da Silva Ferreira expressou, no seu parecer, a opinião de a nomeação dos capitães da gente de ordenanças ser da competência do Senado conforme a disposição do Alvará 6.º, bem como o de mandar fazer rondas da cidade. O Governador José Plácido e seus antecessores pretenderam arrogar para si estes direitos que pertenciam expressamente ao Senado, pelo Regimento de 10 de Dezembro de 1570. Tal dúvida estava de resto esclarecida pela carta de 24 de Abril de 1730 do Vice-Rei da Índia, João de Saldanha Gama, além de que o Capitão-Geral, D. João José de Melo, tinha ordenado, na sua carta de 14 de Abril de 1768, que fossem respeitados esses privilégios do Senado.
No dia 24 de Abril de 1851, D. Sinibaldo de Mas, enviado de S. M. Católica na China, regressou à Europa no vapor Spark, por ter sido suprimida a Legação Espanhola no Império Chinês. Muito culto e tendo cativado as simpatias dos macaenses durante a sua residência nesta cidade, deixou dois belos retratos a óleo, sendo um deles o do Bispo Diocesano, D. Jerónimo José da Mata, que figura na galeria dos retratos de Bispos de Macau, em uma sala do Paço Episcopal.
No dia 19 de Março de 1880, o herói de Passaleão, Coronel Vicente Nicolau de Mesquita, depois de ter assassinado quase toda a família, num acesso de loucura, suicidou-se. “Falecimento do Coronel Reformado Vicente Nicolau de Mesquita“. A notícia, apesar de ter ocorrido nas circunstâncias trágicas que já vimos no registo anterior, foi dada pelo Quartel General, com esta simplicidade, no Boletim do Governo de 24 de Abril seguinte. Num acto de loucura e desespero, Vicente Nicolau de Mesquita tira a vida à esposa, Carolina Maria Josefa da Silveira e à filha mais nova, Iluminda Maria, feriu dois dos filhos e, seguidamente, suicidou-se atirando-se ao poço da sua residência no n.º 1 da Rua do Lilau. Em 1910 a sua memória foi reabilitada pelo Bispo D. João Paulino e os seus restos mortais foram transladados para o espaço nobre onde se encontram. No dia 20 de Março do corrente ano, é arquivado sob o Processo n.º 247 - Série R - da Administração Civil o Relatório do Administrador de Macau sobre a trágica morte do Coronel reformado, Vicente Nicolau de Mesquita, ocorrida na noite de 19 de Março de 1880. É registo no Boletim da Província o seguinte: 'Pela uma hora da madrugada de hoje houve denúncia a S. Ex.ª o Governador de que o coronel Mesquita assassinára todas as pessoas de sua família achando-se o denunciante, filho mais velho do referido coronel, gravemente ferido por três tiros de revolver, em vista disto marchou imediatamente, por ordem do mesmo Ex.mo Sr. o tenente Azedo com 4 praças do piquete sendo pouco depois seguido pelo comandante da guarda policial com oito homens, e tendo chegado no lugar da habitação do referido coronel, ali encontrou s. Ex.ª o Governador, juiz do direito da comarca, delegado do procurador da corôa, e mandando em seguida bater à porta a que respondeu o silêncio; mandou depois buscar uma picareta e arrombar a porta principal e aberta esta entraram parte das pessoas presentes, tendo de se arrombar também a porta interior que dava para a escada e em poucos momentos se deu com os cadáveres de duas senhoras, e uma outra ferida gravemente. Devia ter havido grande luta por que tudo estava em desordem, percorrendo-se a casa em procura do mesmo coronel foi encontrado morto dentro do poço, donde se tirou pelas 5 horas da manhã por falta de aparelho próprio e pela enorme profundidade do mesmo. Foram prestados os socorros que em tais ocasiões de devem prestar, recolhendo a ferida ao hospital de S. Rafael, bem como o filho.'
No dia 24 de Abril de 1923, são adoptadas providências pelo Governo da Província sobre o funcionamento em Macau de uma sociedade que, com a denominação de The Oriental Investment and Saving Company, se constitui nesta cidade, para exploração do negócio de emissão de obrigações ou títulos que dão aos seus portadores o direito de entrarem num sorteio mensal de prémios em dinheiro. (Arquivo Histórico de Macau – F.A.C., P. n.° 218 – S-S).
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