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Trata-se de um significativo conjunto de cerca de seis mil folhas manuscritas, cronologicamente situadas, na sua grande maioria, entre meados do século XVIII e a primeira metade da centúria seguinte. A temática desta documentação diz respeito às relações entre as autoridades portuguesas e chinesas a propósito do território de Macau, versando múltiplos e variados temas, no âmbito dos contactos ofic

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Após meses de preparação, a caravana constituída por três Mitsubishi Pagero, baptizados com os nomes de Macau, Taipa e Coloane partiram, do simbólico Jardim Camões, em Macau, para o II Raide Macau-Lisboa, no dia 27 de julho de 1990.

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1668

Este cardeal e legado papal, oriundo de uma família nobre da Sabóia, em Itália, nasceu em 21 de Dezembro de 1668 e morreu em prisão domiciliária em Macau, a 8 de Junho de 1710. Formado em Direito Canónico e em Direito Civil, foi favorecido pelo Papa Clemente XI que, em Dezembro de 1701, o nomeou legado a latere para a Índia e China. Os objectivos fundamentais da legatura eram os de estabelecer concórdia entre os missionários europeus em trabalho nas regiões asiáticas, encontrar meios de socorrer às necessidades missionárias dessas extensas regiões, informar a Santa Sé acerca da condição e funcionamento das missões e, finalmente, impor a decisão da Santa Sé contra os chamados ritos chineses entre os naturais da China. Para dirigir com elevação esta legatura, Tournon foi consagrado bispo com o título de Patriarca de Antioquia, em 7 de Dezembro de 1701, na Basílica de S. Pedro, no Vaticano. O legado papal partiu da Europa num barco real da França, em 9 de Fevereiro de 1703, chegando a Pondicherry, na Índia, em 6 de Novembro de 1703. Demonstrando um evidente excesso de zelo e muito pouca prudência, Tournon emitiu um decreto, datado de 23 de Junho de 1704, proibindo, com efeitos imediatos, os missionários em serviço na Índia de continuarem a tolerar os ritos malabares, sob pena de graves censuras. Logo em Julho do mesmo ano, partiu para a China via Pondicherry e Manila, alcançando Macau a 2 de Abril para, em continuação, chegar a Pequim a 4 de Dezembro de 1705. O bispo macaense D. João de Casal e o legado papal não se entenderam desde o primeiro encontro, mas a hostilidade não se tornou séria antes do regresso do segundo da capital imperial. O imperador Kangxi 康熙 recebeu Charles Tournon, primeiro muito bem, mas quando soube que tinha vindo para abolir os ritos chineses entre os cristãos nativos, ordenou a todos os missionários que mantivessem os ritos sob pena de serem imediatamente expulsos do país. Em Roma, a Santa Inquisição tinha decidido contra os ritos em 20 de Novembro de 1704. Tendo conhecimento dessa decisão, o legado emitiu um decreto em Nanquim (Nangjing 南京), em 15 de Janeiro de 1707, obrigando os missionários, sob pena de excomunhão latae sententiae, a abolirem os ritos. Isso levou o imperador a ordenar a prisão de Tournon em Macau e a enviar alguns jesuítas a Roma para protestarem contra o decreto. O bispo D. João de Casal, em cumprimento das ordens do Arcebispo de Goa, recusou formalmente reconhecer a jurisdição do Patriarca papal na sua diocese. Justificava a sua decisão pelo facto do legado não trazer a autorização da coroa portuguesa, violando os direitos que enformavam o chamado Padroado Português. Ao mesmo tempo que recusava aceitar a jurisdição do Patriarca, o bispo Casal também declarou nulos, na diocese de Macau, quaisquer decretos ou censuras da legatura, seguindo-se uma série demorada de acusações, contra-acusações e excomunhões de ambas as partes. Inicialmente, as opções do bispo de Macau foram seguidas pela generalidade dos seus súbditos cristãos, mas não tardou muito a deserção dos Agostinhos e dos Dominicanos, o que levou mesmo à deportação em massa dos Agostinhos para Goa, em 1711. Pelo contrário, os franciscanos espanhóis instalados em Cantão apoiaram o bispo, incluindo Frei Tarin que, tendo anteriormente criticado o prelado português por ter proibido os cristãos de comer carne na ocasião do Ano Novo chinês, declarou ser a posição do enviado papal ofensiva à sensibilidade dos chineses, podendo conduzir à destruição certa das missões. Na realidade, o imperador Kangxi 康熙 tinha sido favorável às missões cristãs e o seu decreto de expulsão dos missionários nem sequer foi rigorosamente aplicado durante a sua vida. O conflito aberto com o bispo macaense, fez com que Tournon ficasse confinado ao seu domicílio em Macau, como tinha sido ordenado tanto pelo vice-rei como pelo arcebispo de Goa. Não está comprovado que o legado pontifício tenha sido preso violentamente e, muito menos, maltratado como alguns cronistas passados alegaram e alguns autores modernos repetem. Tournon sofreu sim em grande parte devido às consequências de um comportamento intransigente, e de forma alguma devido ao mau tratamento dado pelo Governo local ou pelos jesuítas de Macau. Recorde-se, rapidamente, que os chamados ritos chineses consistiam fundamentalmente numa tradição cultual de rituais em honra de Confúcio e dos antepassados, vazados na utilização de nomes chineses tien (tian 天) (céu) e xang ti (shangdi 上帝) (imperador supremo) para designar Deus e o Deus dos Cristãos. O célebre jesuíta italiano Matteo Ricci, fundador da missão jesuíta em Pequim, tentara demonstrar que a doutrina moral de Confúcio não era contrária à moral cristã, e que os rituais ligados à comemoração do Sábio eram de natureza secular, sem qualquer implicação religiosa. Nem todos os jesuítas seus contemporâneos, como Nicolo Longobardo ou João Rodrigues, partilhavam a mesma opinião, mas a generalidade dos jesuítas apoiaram a posição adaptacionista de Ricci, apesar de ser bem diferente da adoptado em relação ao Budismo no Japão, entre 1549-1610. Os Dominicanos desenvolveram uma argumentação contrária, embora houvesse também entre eles vozes dissonantes, tal como a de Gregório Lo, o primeiro bispo chinês, e do missionário siciliano Sarpetri. A opinião da grande maioria dos dominicanos era reflectida pelos escritos ferozes dirigidos contra os jesuítas por Frei Domingos Fernandez de Navarrete, defendendo que, se Platão, Sócrates, Aristóteles e outros sábios da antiguidade greco-romana estavam decididamente condenados, Confúcio não podia ser uma excepção, mesmo que os jesuítas acreditassem o contrário. Os franciscanos tinham uma posição menos rígida e, até certo ponto, parece terem acordado com os jesuítas. Os missionários da Propaganda Fide, claramente favoráveis à França e anti-jesuítas, apoiaram a posição dominicana. Do lado do Padroado, os preconceitos nacionalistas e as novas ambições expansionistas tinham a sua influência. Os franciscanos espanhóis, por exemplo, toleravam os ritos confucianos, mas opunham-se às pretensões exclusivistas do Padroado português. Os jesuítas franceses faziam o mesmo, mas por motivos políticos diferentes. Neste contexto concorrencial, os jesuítas portugueses defendiam o seu Padroado, bem como a interpretação jesuíta dos ritos com ligações evidentes à situação de monopólio político e económico português nos tratos asiáticos. Os dominicanos, na sua maioria espanhóis, e os missionários franceses e italianos da Propaganda opunham-se tanto aos ritos como ao monopólio português do Padroado. Era este o cenário religioso missionário na China no primeiro quartel do século XVIII. A questão dos ritos tornarase mais acesa na Europa no contexto da polémica entre os jesuítas e os jansenistas, sublinhada através de escritos polémicos como La Morale Pratique des Jesuites, mobilizando filósofos como Leibnitz e Voltaire a tomarem partido. Na diocese de Macau, reduzida após 1690 às províncias de Kwantung (Guangdong 廣東) e Kwangsi (Guangxi 廣西), a acção do bispo João de Casal durante meio século (até 1735) não ajudou a minimizar o conflito dos ritos, destacando, entre excessos de zelo “nacionalistas” e expressões de autoritarismo, uma adesão excessiva, mas cada vez mais anacrónica, em defesa do Padroado Português do Oriente, de que Charles de Tournon seria uma das vítimas religiosas mais evidentes. O legado papal haveria mesmo de morrer durante a sua detenção domiciliária em Macau, apesar de ter chegado a conhecer a sua elevação a cardeal, decidida em 1 de Agosto de 1707. Quando chegou o conhecimento da sua morte a Roma, o Papa Clemente XI elogiou a sua coragem e lealdade à Santa Sé, ordenando à Santa Inquisição a publicação de um decreto que, divulgado a 25 de Setembro de 1710, aprovava claramente os actos do legado. Em continuação, o Papa emitiu a bula Ex illa die, em Março de 1715, condenando os ritos em termos ainda mais duros. O bispo D. João de Casal e os seus seguidores submeteram-se às decisões papais somente em 1720 e juraram fidelidade ao novo legado, Carlo Ambrogio Mezzabarba, patriarca titular de Alexandria e sucessor de Tournon, que trasladou os restos mortais deste para Roma, para serem depois enterrados na Igreja da Propaganda, em 27 de Setembro de 1723. Prudentemente, o patriarca Mezzabarba tinha embarcado para a Ásia, via Lisboa, munido do placet real do monarca português, o que concorreu para o sucesso pacificador da sua missão na jurisdição do Padroado. [T.R.S.] Bibliografia: AZEVEDO, Carlos Moreira (org.), Dicionário de História Religiosa de Portugal, vol. P-V, (Lisboa, 2000); BOXER, C. R., “The Portuguese Padroado in East Ásia and the Problem of the Chinese Rites, 1576-1773”, in Instituto Português de Hongkong, n.º 1, (Hong Kong, Julho de 1948), pp. 199-226; GERALD H. ANDERSON, Simon; SCHUSTER, Macmillan (eds.), Biographical Dictionary of Christian Missions, (Nova Iorque, 1997), p. 676; SALDANHA, António Vasconcelos de, De Kangxi para o Papa, pela Via de Portugal. Memória e Documentos Relativos à Intervenção de Portugal e da Companhia de Jesus na Questão dos Ritos Chineses e nas Relações entre o Imperador e a Santa Sé, 3 vols., (Macau, 2002); VALE, a. M. Martins do, Entre a Cruz e o Dragão. O Padroado Português na China no século XVIII, (Lisboa, 2002).

1836

No dia 7 de Dezembro de 1836, o Secretário do Governo passou, por Decreto, a ser incumbido da redacção do Boletim Oficial. • Decreto reorganizando o ultramar português. Goa é indicada como sede do Governogeral da Ásia, e Macau protesta por lhe serem retiradas prerrogativas. A legislação é anulada; quanto a Timor mantém-se indirectamente dependente de Macau. A reforma judicial da mesma data produz também efeito em Macau: é nomeado para este território um Juiz de Direito de primeira instância, devendo os crimes de civis e militares ser julgados por uma Junta de Justiça. Para recursos, Macau e Timor continuam subordinados ao Tribunal da Relação de Goa.

1837

Adrião Acácio da Silveira Pinto é o primeiro governador nomeado nos termos do Decreto de 7 de Dezembro de 1837. Foi Governador de Macau de 22 de Fevereiro de 1837 a 1843. Foi, posteriormente, também Governador Geral de Angola. Nasceu nos finais do século XVIII e morreu a 23 de Março de 1868. Oficial do Exército, foi promovido a Tenente em 1820. Tendo emigrado para a Galiza, e depois para a Inglaterra, lutou ao lado dos liberais na guerra civil de 1832-1834. Era Major quando foi nomeado Governador de Macau, numa altura difícil para o Território. Conseguiu obter para Macau um estatuto de neutralidade face ao conflito Anglo-Chinês, conhecido pela I Guerra do Ópio(1839-1842). Foi, seguidamente, Ministro Plenipotenciário de Portugal na China, onde negociou com as autoridades de Cantão a abertura do porto de Macauao comércio estrangeiro, regressando a Portugal em 1845. Confirmado deputado pelos Estados da Índia, na Sessão da Câmara dos Deputados de 5 de Março de 1849. Contudo, não chegou a tomar posse por se encontrar em Angola desde 1848, como Governador Geral, para onde foi antes de ter conhecimento da sua eleição. Reformou-se em 1864, no posto de Marechal de Campo. [A.B.]

1866

Em 1866, Macau, Timor e Solor formam um só governo, dependente e com o apoio de Macau. Progride economicamente com sândalo, café, etc.. No dia 26 de Novembro de 1866, decreto pelo qual a cidade de Macau e o território português da Ilha de Timor passaram a constituir uma só província denominada Província de Macau e Timor, com a capital em Macau. Revendo: Timor com a Reforma Ultramarina de 1863 passou a depender da Metrópole, por decreto de 7 de Dezembro; a Reforma foi posta em vigor em Dili em 1865 para neste ano seguinte se verificar nova anexação como adstrito à Província de Macau; só em 1897 (por Decreto publicado no Diário do Governo de 21 de Outubro de 1896), Timor deixou de estar subordinada a Macau.

1920

No dia 7 de Dezembro de 1920, foi lançada, em Hong Kong, pelo Governador de Macau, a pedra fundamental para a construção do Clube Lusitano, em Dudell Street.

1941

No dia 7 de Dezembro de 1941, o Japão ataca de surpresa a base aeronaval dos Estados Unidos da América em Pearl Harbour.

1941

Esta designação ainda não obteve o consenso dos historiadores quanto à sua periodização, visto que: uns referem-na ao período da II Grande Guerra, após o ataque do Japão a Pearl Harbour, a 7 de Dezembro de 1941;outros, limitam-na aos primeiros dias de Junho de 1942, quando a armada japonesa, sob o comando do Almirante Yamamoto, enfrentou a esquadra americana visando ocupar a ilha de Midway, exactamente a meio caminho entre o Japão e o Hawai, posição vital para as bases aéreas americanas no Pacífico; outros ainda, situam-na desde o período em que o Japão se tornou uma potência na Ásia, após a 'restauração Meiji' (1852-1912), uma época de profunda mudança nas estruturas política, económica e social do Japão, e que visou, essencialmente, modernizar o país, equiparando-o (e até superando) a maior parte das nações do mundo, e impor o seu imperialismo pelas águas do Pacífico. Porque Macau, ao longo de muitos anos, sofreu diversas consequências devido a este expansionismo nipónico, optou-se, no caso presente, pela periodização a partir da 'restauração Meiji'. Foi por uma necessidade de expansão exterior, após um longo tempo de isolamento, por uma necessidade de resguardo e segurança perante as novas relações mundiais e por uma necessidade de fortalecimento do país, que o Japão se constituiu, na transição do século XIX para XX, como uma das maiores forças militares do mundo. Antigas questões relativas aos seus vizinhos asiáticos, nomeadamente a sua presença na Coreia onde mantinha antiga influência, degenerou num conflito interno que levou também ao envolvimento da China e que deu origem à guerra Sino-Japonesa de 1894-1895. Esta, por seu lado, terminou com a vitória do Japão, embora o mesmo tenha sido forçado mais tarde, por pressões internacionais, a ceder parte de suas conquistas, especialmente à Rússia, com quem inicia uma guerra a 8 de Fevereiro de 1904. Esta, que teve lugar nas planícies da Manchúria e em Porth Arthur, finalizou com a batalha de Cha Ho, em Outubro do mesmo ano, dando a vitória aos japoneses. Os nipónicos, comandados respectivamente pelos generais Kuroki e Nogi infligiram pesada derrota ao general russo Kuraptkine, que se viu forçado a retirar, desocupando a região de Liaodong 遼東.·Também no Estreito de Tsu Shima, a 27 e 28 de Maio de 1905, após violento combate, a armada russa, constituída pela Frota do Pacifico sedeada em Port Arthur e Vladivostok, e pela Esquadra do Báltico, que para aqui se deslocara, é destruída pelo almirante Toga. Com oTratado de Portsmouth, assinado a 5 de Setembro de 1905, a Rússia renunciou à Manchúria do Sul e à Península de Liaodong 遼東, que passaram para o controlo japonês, cedeu o Sul da ilha de Sacalina e reconheceu a hegemonia nipónica sobre a Coreia, que passaria a protectorado japonês em 1907 e seria anexada em 1910. A partir daqui, o Império do Sol Nascente passou a ser reconhecido como uma potência mundial. Era a primeira vez que uma nação asiática vencia um grande país do Ocidente, usando armas e técnicas ocidentais, e passava a ser uma potência dominante na Ásia do Nordeste. Nascia assim o imperialismo japonês, cuja capital, transferida em 1878 de Quieto para Edo, fazia agora jus ao seu novo nome, Tóquio, que significa a 'Capital do Oriente'. São deste período as primeiras manifestações de animosidade para com os cidadãos japoneses então residentes em Macau. Em 1937, a possibilidade de um acordo eminente entre nacionalistas e revolucionários comunistas chineses, que se guerreavam numa luta fratricida desde 1921, vai precipitar os acontecimentos. Notam-se movimentos de que o Japão se prepara para uma nova guerra com a China, o que vem novamente perturbar o ambiente calmo de Macau. À surdina, os bem informados, geralmente os frequentadores do “night-club” Hong Veng, do Club Maxim, do Lido e do Grand Palace (este, no 6° andar do Hotel “Central”, então o mais alto edifício do Império Português), lugares de encontro dos agentes de informação chineses, japoneses, coreanos, americanos e até russos, comentavam os rumores de uma provável invasão da China pelo Japão. Esta vem a acontecer em meados de 1937 e, a 9 de Agosto, o general Aoki ocupava Pequim. A partir desta data, vive-se já na cidade de Macau uma grande inquietude, não só com a desordem provocada por chineses sublevados, que na “cidade china” atacam os comerciantes japoneses, obrigando a Polícia a restabelecer a calma com alguma violência, mas também com a chegada de milhares de refugiados. Como se não bastasse, piratas chineses fugidos do Norte à marinha japonesa, começam a actuar no delta do Rio das Pérolas, junto de Macau, raptando pessoas ricas para solicitarem resgates. Para além disso reiniciou-se o contrabando do ópio, o que obriga o recém-chegado “Aviso Gonçalo Velho”, que viera render a canhoneira “Pátria”, a entrar em escaramuças diversas. A 2 de Outubro de 1938, o exército japonês estava já em Hunan湖南, controlando o rio Yang Tze (Yangzi 揚子) com uma esquadra. A 21 do mesmo mês, o general japonês Rikichi Andoh, Comandante em Chefe da força expedicionária no Sul da China, e que contava com um exército calculado em mais de 80 mil homens, montava o seu quartel-general em Cantão. A navegação estrangeira era encerrada temporariamente no delta do Rio das Pérolas. A 22 de Outubro, os japoneses estão na fronteira de Kowloon (Jiulong 九龍), bloqueando as reduzidas forças militares de Hong Kong. Os dois couraçados ingleses, que viriam em seu socorro, são afundados pela aviação nipónica ao largo da península de Malaca. As forças militares e policiais de Macau entram em prevenção rigorosa, receando que os japoneses avançassem pelas Portas do Cerco, para englobar Macau no que apelidavam de “esfera da co-prosperidade da Grande Ásia Oriental”. As ordens vindas de Lisboa, eram claras: “defender, caindo com honra”, em caso de invasão. Chegados a Zhuhai 珠海detêm-se perante as Portas do Cerco. Macau está a vista. Deflagrada a 2.ª Grande Guerra em 1939, Portugal, consciente da sua fraqueza, vai optar por uma política de neutralidade. Macau viu-se, assim, como o único pedaço de terra neutral no Extremo Oriente. Comprovando a sua neutralidade, até foi permitido aos japoneses a abertura de um consulado. Este estatuto de neutralidade, a desconfiança dos japoneses e a vida de prazeres que Macau proporcionava, fez com que, pouco a pouco, chefes militares e navais japoneses aqui se instalassem à paisana,exercendo uma vigilância discreta sobre os anti-nipónicos e espiando o movimento comercial do porto, pois suspeitavam que este abastecia a China Livre. Com o ataque ao porto de Pearl Harbour, no Hawai, o Japão iniciava a primeira fase da sua estratégia no Pacífico. Assim, a 8 de Dezembro a cidade de Hong Kong é atacada. Ao lado das reduzidas forças britânicas e canadianas batem-se muitos macaenses do Corpo de Voluntários. Numa batalha desigual dá-se a rendição no dia de Natal. Em Macau instalava-se, mais uma vez, o terror, pois correm notícias de que os japoneses pretendem ocupar todas as possessões dos países ocidentais no Pacífico. Os japoneses atacariam Macau? Começava a corrida aos bens e géneros que, mesmo com preços 400% superiores ao normal, rapidamente desaparecem dos mercados. Intervém o Governo criando normas para a aquisição do pão e do arroz e vê-se na necessidade de fornecer aos funcionários públicos, através da Comissão Reguladora das Exportações, os géneros mais indispensáveis a preços muito inferiores. Estes, pelas dificuldades que passavam, são autorizados a irem trabalhar para as suas repartições de “calções e chinelos”. Os navios de Macau que, normalmente, traziam do exterior produtos e carvão para a energia eléctrica, como o “Wing Wah”, o “Ching Cheong” e o “Pérola”, vêem-se travados pelos japoneses de circularem em águas internacionais, com a desculpa da necessidade de impedir que a espionagem pudesse desvendar o movimento da armada e do exército nipónicos. Cessavam igualmente as exportações rentáveis para a China Livre. A entrada de géneros alimentícios reduz-se, circulando pelas carreiras marítimas permitidas de HongKong e Cantão ou via terrestre pelas Portas do Cerco, onde eram exageradamente colectados pelas tropas nipónicas. Foi inevitável a oscilação dos câmbios fazendo com que a moeda corrente, a pataca, mudasse de valor diversas vezes ao dia, dando a sua compra e venda origem a lucros fabulosos. Aqui, durante algum tempo, circularam o dólar americano, muito abaixo do seu valor, o dólar de Hong Kong, o dinheiro chinês “Fat Pai (Fabi 法幣)”, do Governo chinês pró-japonês, o “Chio-Hun” de prata, do governo de Cantão eo “Tai-Iong (Dayang 大洋)”, do governo nacionalista. O Governador Gabriel Teixeira, exercendo uma diplomacia de tolerância, como quem reconhece a sua impotência perante um país ameaçador e com ânsia de domínio, convocava muitas vezes o Cônsul do Japão ou o Adido Militar japonês, entretanto aqui instalados. Desta forma, remediava os pequenos conflitos que se geravam nas águas de Macau, onde pequenos navios a motor da marinha de guerra japonesa, disfarçados de barcos de recreio, provocavam algum malestar. As vedetas e lanchas da Polícia Marítima, que protegiam as pequenas sampanas de pesca contra indiscriminados actos de pirataria, foram impedidas pelo Governo de fazerem fogo, para não agravarem ainda mais uma situação, já de si tão crítica. Com ocorrer do tempo foi cada vez maior a entrada dos japoneses em Macau, tornando-se as suas atitudes afrontosas e insuportáveis. Percorriam por vezes a cidade fardados e armados, como se fosse terreno conquistado, onde se impunham e exigiam como vencedores. Dia a dia as suas exigências aumentavam. Quando não satisfeitas pelas autoridades portuguesas, exerciam represálias. São exemplo disso o bloqueio marítimo imposto no canal da ilha da Lapa, através de uma canhoneira chinesa pró-japonesa, ou a cedência de alguns canhões antigos que existiam na fortaleza da Guia, em troca da entrada de arroz para uma população faminta, que não parava de crescer. A referida canhoneira chinesa pró-nipónica, não se limitava ao bloqueio marítimo no canal da Lapa, mas desembarcava soldados armados que pilhavam as margens das ilhas da Taipa eColoane, chegando a ameaçar as vedetas da Polícia Marítima. A sua afronta chegou ao ponto de atacar a pequena guarnição militar existente na Ilha da Lapa, onde faleceu em combate, um militar português africano, deixando os restantes feridos. Com estes actos e bloqueios, todo o comércio, baseado com o exterior de Macau, caía nas mãos dos japoneses. Com géneros insuficientes, a fome e a epidemia de cólera começaram a ceifar diariamente dezenas de vida. Enquanto dezenas de milhares de cidadãos dependiam agora das senhas de racionamento, os japoneses continuavam a encher o Hotel “Central”, os seus restaurantes, casino e “night-club”, onde, muitas vezes, representantes japoneses e portugueses, com destaque para Pedro José Lobo, num jogo mútuo de cedências, negociavam os passos do dia seguinte, visando aliviar o sofrimento da população. De 3 a 6 Junho de 1942, dá-se a batalha de Midway. Os japoneses sofrem a sua primeira grande derrota, perante a força naval americana. Por esta altura, eram já tantos os japoneses que frequentavam o Território, que, pelas 21:30 horas, o Rádio Clube de Macau fornecia um noticiário em língua japonesa. O estatuto de neutralidade que Macau tinha, permitia mesmo que o consulado nipónico, instalado na esquina das ruas Ouvidor Arriaga com a Pedro Coutinho, indiferente à miséria que reinava no Território, promovesse festas diversas e até um delicado chá no Hotel “Riviera”, comemorando aniversário natalício do Imperador do Japão. A partir de Maio de 1942, recrudescem as batalhas aéreas, dado que a 14.ª Brigada Aérea Americana assentara arraiais em Guizhou 貴州. Começam os aviões P-40, logo seguidos dos B-25 e pelas superfortalezas B-29, a controlar os céus da China. Macau vem também a sofrer com este controlo aéreo dos aliados, pois a chegada de combustível destinado aos japoneses, em Cantão, fez com que, por cinco vezes, a cidade fosse bombardeada pelos aviões aliados, pelo que o simples roncar de um avião infundia o pavor e o caos. Macau continuava a debater-se com a falta de combustíveis. A carência mais se fez sentir quando o cargueiro macaense “Wing Wha”, autorizado pelos japoneses a ir buscar combustível, se afundou por ter embatido numa mina, a 5 de Janeiro de 1943. A falta de combustível reduziu as ligações de Macau com as ilhas da Taipa e Coloane, que passaram a fazer-se apenas duas vezes ao dia, em dois pequenos barcos. Mas os primeiros sinais de esperança começaram a chegar nos inícios de 1945, não só pela rendição da Alemanha, a 7 de Maio, mas também quando os japoneses, em Junho, evacuam a ilha de Hainan 海南, logo seguida da vizinha Zhuhai 珠海 e outras posições estratégicas na China, acumulando derrotas sobre derrotas, passando pela humilhação da rendição incondicional, anunciada pelo Imperador a 15 de Agosto e assinada a bordo do “Missouri”, na Baía de Tóquio, a 2 de Setembro. [C.C.A.] Bibliografia: AZEVEDO, Cândido do Carmo, Portas do Cerco. A Ténue Fronteira no Conflito Sino-Japonês de 1894 a 1945, (Macau, 2004); MACHADO, José Silveira, “Macau nos anos da Guerra”, in O Clarim [de 5 e 12 de Setembro de 2003], (Macau, 2003); SILVA, A. de Andrade, Eu Estive em Macau durante a Guerra, (Macau, 1991); TEIXEIRA, Padre Manuel, Os Militares em Macau, (Macau, 1975); TEIXEIRA, Padre Manuel, Toponímia de Macau, (Macau, 1979). TEIXEIRA, Padre Manuel, “Macau durante a Guerra”, in Boletim do Instituto Luís de Camões, 15 (Prim./Verão 1981, (Macau, 1979), pp. 33-67.

1946

No dia 7 de Dezembro de 1946, é criado o lugar de Administrador do Concelho das Ilhas, sendo seu 1.º titular efectivo Alberto Eduardo da Silva. (Cfr. B.O. n.°34 de 26 de Agosto de 1950).

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