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Trata-se de um significativo conjunto de cerca de seis mil folhas manuscritas, cronologicamente situadas, na sua grande maioria, entre meados do século XVIII e a primeira metade da centúria seguinte. A temática desta documentação diz respeito às relações entre as autoridades portuguesas e chinesas a propósito do território de Macau, versando múltiplos e variados temas, no âmbito dos contactos ofic

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Após meses de preparação, a caravana constituída por três Mitsubishi Pagero, baptizados com os nomes de Macau, Taipa e Coloane partiram, do simbólico Jardim Camões, em Macau, para o II Raide Macau-Lisboa, no dia 27 de julho de 1990.

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1565

Em 1565, fundação da primeira residência jesuíta na China, em Macau, com a construção a cargo do Pe. Francisco Perez (chegado em 1563), perto de St.º António, da Casa dos Jesuítas, mais tarde Colégio de S. Paulo. A primeira residência de Jesuítas instala-se formalmente em imóvel próprio, mais uma vez cedido por Pedro Quintero. (V. Beatriz Basto da Silva, Cronologia da História de Macau. Macau, Livros do Oriente, vol. I, 3.ª ed., 2015. 1562 - Setembro).

1619

No dia 20 de Dezembro de 1619, faleceu em Macau o Visitador dos Jesuítas, Francisco Vieira.

1644

CHIESA, D. FREI BERNARDINO DELLA (1644-1721). Nasceu em Veneza a 8 de Maio de 1644. Ingressou na ordem dos Franciscanos reformados, em Assis, tendo recebido o hábito a 6 de Agosto de 1663. Concluídos os estudos e recebida a ordenação sacerdotal, exerceu as funções de leitor e de guardião e ainda as de confessor da rainha Cristina da Suécia, que, após a sua conversão ao catolicismo, passou a residir em Roma. Em 1679, ofereceu-se para as missões da China, cuja reorganização estava em curso na Propaganda Fide. Prosseguindo no propósito de subtrair as missões chinesas à jurisdição do Padroado Português, o papa Inocêncio XI aprovou o projecto apresentado pela Propaganda e dividiu o extenso Império do Meio em dois vicariatos apostólicos com sede em Nanquim (Nanjing 南京) e Fujian 福建. Pelo breve, Eclesiae Catholicae de 15 de Abril de 1680, o primeiro vicariato foi confiado ao Dominicano Gregório Lopez que, para esse efeito, fora nomeado bispo de Basileia. Além de Nanquim (Nanjing 南京), o novo prelado ficaria com a administração das províncias de Zheli, Shanxi 山西, Shaanxi (Shanxi 陝西), Henan 河南, Shandong 山東 e ainda com a da Coreia e da Tartária. Para o segundo vicariato, era indicado o nome de Monsenhor François Pallu que, além de Fujian 福建, passava a administrar as províncias chinesas de Zhejiang 浙江, Guangdong 廣東, Guangxi 廣西, Jiangxi 江西, Hubei 湖北, Sichuan 四川, Guizhou 貴州 e Yunnan 雲南 e ainda as ilhas de Hainan 海南 e Taiwan 臺灣. Antes ainda da publicação do referido breve, Monsenhor Pallu, que estava em vias de ser nomeado administrador geral das missões da China, propôs que Frei Bernardino della Chiesa fosse nomeado seu coadjutor. Aceite a proposta, o frade Franciscano viria a ser sagrado bispo com o título de Argólis, no início de 1680, na capela da Propaganda Fide, em Roma. O novo prelado partiu para a China em Abril de 1680, mas, enquanto decorria a sua viagem, a cúria romana decidiu dispensar Monsenhor Pallu do governo do vicariato de Fujian 福建 e deixá-lo unicamente como administrador geral das missões com jurisdição sobre os restantes bispos que estivessem na China. Na sequência desta nomeação, foi desmembrado o vicariato de Fujian 福建 que, com as províncias que lhe tinham sido anexadas, deu origem aos novos vicariatos de Fujian 福建 e Guangdong 廣東. Para administrar o primeiro foi proposto o nome do Padre Duchesne, das Missões Estrangeiras de Paris, que estava no Sião, e para o de Guangdong 廣東 foi indigitado Monsenhor Bernardino della Chiesa. A recusa do missionário francês em aceitar a nomeação que lhe era proposta, motivou um novo reajustamento definido em 1685. Entretanto, D. Frei Bernardino della Chiesa e os seus confrades Gianfrancesco Nicolai di Leonissa e Basilio Brollo de Gémona chegavam ao Sião, eclodindo aqui as primeiras desinteligências com os padres das Missões Estrangeiras de Paris e com Monsenhor Pallu. Estando todos destinados à China, viajaram separadamente, tendo Monsenhor Pallu e o Padre Charles Maigrot rumado directamente para a província de Fujian 福建, onde chegaram em Janeiro de 1684, enquanto que os Franciscanos, navegando pelas Filipinas, desembarcaram, em Cantão, em Agosto desse mesmo ano. Ao chegar à missão, Monsenhor della Chiesa encontrou uma certa contestação a Monsenhor Pallu, que insistia em executar o decreto da Propaganda Fide que obrigava os religiosos a fazer um juramento de submissão à autoridade dos vigários apostólicos. Os mendicantes espanhóis – Dominicanos, Franciscanos e Agostinhos, estes últimos acabavam de criar a sua missão na China – resistiram a esta pretensão, invocando as regalias que lhes haviam sido concedidas pela Santa Sé. Monsenhor della Chiesa apoiou os regulares, propondo a Monsenhor Pallu a adopção de uma atitude mais conciliadora. Esta intervenção foi reprovada pelo bispo francês que, por este e outros desentendimentos, sugeriu à Propaganda Fide que afastasse o bispo Franciscano de lugares de direcção por carecer de qualidades para a liderança. Com o falecimento do administrador geral das missões, em Outubro de 1684, eclodia um novo foco de tensão entre Monsenhor della Chiesa e Charles Maigrot por este ter sido nomeado sucessor de Monsenhor Pallu em detrimento do seu ex-coadjutor que, nessa altura, era o único bispo na China. Esta disputa jurisdicional foi, momentaneamente, ultrapassada pela mediação de Monsenhor Gregório Lopez, sagrado bispo em Cantão por Monsenhor della Chiesa, em Abril de 1685. Entretanto, chegou a notícia de que o bispo de Argólis tinha sido nomeado vigário apostólico de Zhejiang 浙江, Hukwang (Huguang 湖廣) (Hubei 湖北 + Hunan 湖南), Sichuan 四川 e Guizhou 貴州, mas a animosidade entre o novo vigário apostólico e os missionários franceses só se atenuaria com uma nova reorganização das missões chinesas levada a efeito pela Propaganda Fide, em 1687. Aos dois vicariatos existentes, confiados a Monsenhor della Chiesa e a Monsenhor Gregório Lopez, vieram juntar-se mais três, sendo nomeados Charles Maigrot para Fujian 福建, Jean Pin para Jiangxi 江西 que não foram elevados ao episcopado, e o Dominicano Fran¬cisco Varo, sagrado com o título de bispo de Lídia, para o vicariato apostólico de Guangdong 廣東, Guangxi 廣西 e Yunnan 雲南. Apesar das sucessivas reformulações, D. Frei Bernardino della Chiesa permaneceu em Cantão até partir para Nanquim (Nanjing 南京), onde se fixou, nos finais de Novembro de 1692. Ao longo destes anos, Monsenhor della Chiesa teceu severas críticas aos missionários franceses e, de modo especial, ao Padre Charles Maigrot, denunciando diversas prepotências e entre estas a de lhe reter o subsídio enviado pela Propaganda Fide para a sua manutenção. Com a criação, em Abril de 1690, das dioceses de Pequim (Beijing 北京), Nanquim (Nanjing 南京) e Macau, D. Frei Bernardino della Chiesa foi nomeado bispo de Pequim (Beijing 北京), todavia por qualquer razão jamais explicitada, a carta régia remetida de Lisboa informava-o que tinha sido indigitado para a diocese nanquinense. Este equívoco manteve-se e, sem qualquer explicação, o prelado tomou conhecimento da nomeação de D. Alexandre Ciceri para a diocese nanquinense e recebeu de Portugal o convite para se transferir do bispado de Pequim (Beijing 北京) para o de Malaca. Este inadmissível procedimento da corte portuguesa foi, pelo menos parcialmente, motivado pela pretensão de confiar a mitra de Pequim (Beijing 北京) aos Jesuítas, tendo sido proposto o Padre Filipe Grimaldi para titular da diocese e o Padre Tomás Pereira para seu coadjutor. Estas tergiversações atrasaram o envio das bulas de nomeação de D. Frei Bernardino della Chiesa, reconhecidas com o placet régio. Nomeado em 1690, só passados dez anos recebeu as bulas remetidas de Lisboa e um ano depois de ter recebido a cópia autenticada das mesmas bulas expedida pela Propaganda Fide. Foi com esta cópia que, a 3 de Dezembro de 1699, o nomeado bispo de Pequim tomou posse da sua diocese por procuração passada ao frade agostiniano Frei Nicolau Agostinho de Cima. Ultrapassada a questão das bulas, manteve-se a das côngruas, cujo pagamento só começou a ser feito a partir de 1703 e, segundo o prelado, muito abaixo daquilo que se declarava na bula de erecção da sua diocese. Por proposta dos Jesuítas, o bispo não fixou a sua residência em Pequim (Beijing 北京), tendo, por isso, escolhido Linqing 臨清, capital de Shandong 山東, que distava da capital chinesa entre 8 a 10 jornadas. Aqui chegou a 25 de Junho de 1700, mas teve de comprar a casa para se acomodar, porque o rei de Portugal não lhe providenciou a moradia. Acresce ainda que a igreja designada para catedral pertencia aos Jesuítas do Padroado que, por ordem régia, mantiveram a posse da mesma. D. Frei Bernardino della Chiesa era bispo do Padroado, mas não tinha catedral própria, nem residência episcopal e para a sua manutenção apenas podia contar com uma modesta côngrua que só ao fim de treze anos começou a auferir. Todas estas atribulações reforçaram a mudança de atitude do bispo de Pequim (Beijing 北京) que, a partir de 1692, deixou de criticar os padres das Missões Estrangeiras e passou a dirigir as suas críticas para o Padroado e os seus missionários. Na sua correspondência para o Papa e para a Propaganda Fide, D. Frei Bernardino della Chiesa afirmava que as recém criadas dioceses chinesas não dispunham das condições necessárias para sobreviver, propondo a sua transformação em vicariatos apostólicos com bispos nomeados pelo Sumo Pontífice. Saliente-se ainda que, enquanto criticava os missionários do Padroado, elogiava os Jesuítas franceses, destacando as suas disponibilidades financeiras, a abundância de missionários e as boas relações que mantinha com estes, devido, sobretudo, às muitas qualidades do Padre Francisco Gerbillon, que considerava digno de ser elevado à categoria episcopal. Esta aspiração do superior dos Jesuítas franceses de Pequim manifestar-se-ia em 1706, durante a permanência do Patriarca de Antioquia, D. Carlos Tomás Maillard de Tournon, na capital chinesa. De acordo com o testemunho do Legado Apostólico, o Padre Gerbillon disponibilizou-se para ser nomeado bispo coadjutor de Pequim desde que lhe fosse assegurado o direito de sucessão. D. Frei Bernardino della Chiesa só passado algum tempo tomou conhecimento desta negociação e nunca terá sabido das diligências feitas pelos portugueses para que o Padre Filipe Grimaldi fosse nomeado seu coadjutor. O envio de um Legado a latere à China foi jubilosamente recebido por D. Frei Bernardino della Chiesa. As suas ideias poderão ter influenciado a actuação do Patriarca de Antioquia em Pequim em relação aos Jesuítas da vice-província da China e ao Padroado. Ambos conversaram demoradamente em Linqing 臨清, quando Monsenhor de Tournon se dirigia para a capital chinesa e, mais tarde, o bispo de Pequim (Beijing 北京) decidiu juntar-se à legacia, tendo acompanhado o Patriarca desde Janeiro a Outubro de 1706. Apesar do forte apoio dispensado a Monsenhor de Tournon, não atribuiu o fracasso da legacia à nefasta influência dos Jesuítas. As razões enunciadas em carta à Propaganda Fide apontavam para a inabilidade do dignitário pontifício, todavia, nos últimos anos da sua vida, quando se preparava a legacia de Monsenhor Carlo Ambrogio Mezzabarba (1719-1721), sem renegar as anteriores afirmações, declarava que a raiz dos problemas da missão da China estava nos Jesuítas e lamentava que a Santa Sé não tivesse tomado medidas mais drásticas contra a sua renitência. Anos antes, porém, destas censuras, D. Frei Bernardino della Chiesa não tinha hesitado em obedecer à ordem imperial que sujeitou os missionários a um interrogatório sobre a doutrina dos ritos chineses. O exame destinava-se a obrigar os missionários a definirem a sua posição em relação aos ritos: aqueles que declarassem seguir a posição definida por Monsenhor de Tournon seriam expulsos e os que se manifestassem como seguidores de Matteo Ricci receberiam uma credencial (o piao 票) para continuarem na China como missionários. Identificado, durante o interrogatório, como colaborador de Monsenhor de Tournon, o bispo de Pequim só conseguiu o piao 票 porque os Jesuítas, e de modo especial o Padre Tomás Pereira, intercederam por ele ao Imperador. Agradecido aos inacianos, regressou a Linqing 臨清 e aí recebeu o decreto promulgado pelo Legado Apostólico em (Nanjing 南京), em Fevereiro de 1707, fornecendo instruções aos missionários que fossem chama dos ao exame imperial. D. Frei Bernardino della Chiesa justificou-se perante o Patriarca de Antioquia e a cúria romana, mas não abdicou do seu propósito de permanecer na missão nem se mostrou arrependido por ter incitado outros missionários, incluindo o bispo D. Álvaro Benavente, a que seguissem o seu exemplo. Aliás, o que estava na origem desta controversa atitude era a querela dos ritos e relativamente a essa matéria, D. Frei Bernardino della Chiesa nunca definiu, claramente, o seu pensamento. Jamais se manifestou a favor da interpretação defendida pela maio¬ria dos Jesuítas, mas também nunca apoiou, abertamente, a teoria dos que se opunham aos inacianos. Pouco antes de ter pedido o piao 票, tinha aprovado a intervenção de dois missionários, Frei António de Frossolone e o Padre Appiani, adeptos do Patriarca, junto dos cristãos de Pequim (Beijing 北京) condenando a posição dos Jesuítas acerca dos ritos, mas, posteriormente, considerou inaplicável o decreto promulgado por Monsenhor de Tournon, em Nanquim (Nanjing 南京), que, na prática, condenava os mesmos ritos. Recebido o decreto pontifício de 20 de Novembro de 1704 que, inequivocamente, declarava os ritos incompatíveis com a doutrina católica, adiou enquanto lhe foi possível a sua publicação. Entretanto, solicitava ao Papa que introduzisse algumas alterações na inflexível definição da Igreja Católica, invocando a impossibilidade de manter as missões se não fossem satisfeitas algumas das exigências de Kangxi 康熙 sobre a referida matéria. Apesar disso, acabou por acatar as imposições da Santa Sé e exigir aos Jesuítas que se submetessem às mesmas determinações. Estas contradições encontram a sua explicação, ou pelo menos uma parte dela, no facto de D. Frei Bernardino della Chiesa ter prosseguido com tenacidade o objectivo de evitar a decadência da missão na China. A essa primordial finalidade se subordinava tudo o que não colidisse com a doutrina católica e com a autoridade pontifícia. Só assim se compreende que tivesse relevado tantas impertinências e desconsiderações, tolerado significativas marginalizações e suportado tamanhas privações. Por essa razão, passou os últimos anos da sua vida profundamente amargurado. O futuro da missão apresentava-se extremamente sombrio com as polémicas que se mantiveram em torno da controvérsia dos ritos, as dissensões que se reacenderam entre os Jesuítas franceses e os do Padroado, as permanentes desinteligências entre os inacianos e os dois sacerdotes, Theodoric Pedrini e Matteo Ripa, que, enviados pela Propaganda Fide, serviam na corte de Pequim (Beijing 北京), e, ainda com os desentendimentos que eclodiram entre os Franciscanos. O insucesso da legacia de Monsenhor Mezzabarba não o surpreendeu. Conhecia a posição intransigente da cúria romana e a determinação igualmente inflexível do imperador da China, mas este desfecho avolumou os seus receios de que a missão se encaminhasse para a sua total ruína. Além disso, esta missão diplomática deu azo a mais uma inadmissível marginalização, porque por razões imprevistas, como o gelo que impediu a viagem de Mezzabarba pelo grande canal que passava em Linqing 臨清, mas também por alguma má vontade dos que acompanhavam, o Legado, só tardiamente tomou conhecimento da presença deste em Pequim (Beijing 北京) e do seu regresso à Europa. Ostracizado pelo Padroado por não ter obedecido às ordens emanadas de Goa e de Lisboa relativamente a Monsenhor de Tournon, ficou sem receber a côngrua a partir de 1709. Em 1715, a Propaganda providenciou-lhe um subsídio que devia receber através do Padre Ceru, procurador dos propagandistas em Cantão, mas a partir de 1718, por falta de fundos, o procurador foi obrigado a suspender o pagamento da subvenção. Sempre viveu pobre, mas o inventário dos seus haveres, feito em 1722, mais do que pobreza atesta a indigência em que morreu o primeiro bispo de Pequim (Beijing 北京) da era moderna. Pobre e abandonado, porque tendo falecido a 21 de Dezembro de 1721 pelas 22 horas, só foi sepultado a 7 de Abril de 1722, e, apesar do espaço de tempo que mediou entre as duas datas, dos missionários da sua diocese, apenas dois Franciscanos, o italiano Padre Carlos de Castorano que residia na casa do bispo e o espanhol Padre Francisco de la Concepción, o acompanharam à última morada, onde tem estado esquecido pela História. Bibliografia: Arquivo Histórico de Goa, Monções do Reino, livros 62 a 95; Arquivo Histórico de Goa, Correspondência de Macau, livro 1262; Arquivo Histórico Ultramarino, Macau, cxs. 1 e 2; GUENNOU, Jean, Missions Étrangères de Paris, (Paris, 1986); LEE, Ignatio Ting Pong, “La Actitud de la Sagrada Congregación Frente al Regio Patronato”, in METZELER, J. (dir.), Sacra Congregationis Propaganda Fide Memoriae Rerum 1622-1972, vol. 1/1, (Rom-Freibur-Wien, 1972); MARGIOTTI, Fortunato, “La Cina, Ginepraio di Questioni Secolari” e “Le Missioni Cinesi nella Tormenta” in, in METZELER, J. (dir.), Sacrae Congregationis de Propaganda Fide Memoria Rerum, 1622-1972, vol. 1/2, (1700-1815), (Rom-Freibur- Wien, 1973); MENSAERT, Georges, “L’Établissement de la Hierarchie Catholique en Chine de 1684 a 1721”, in sep. Archivum Franciscanum Historicum, (Quaracchi-Firenze, 1953); MENSAERT, Georges, “Les Franciscans au Service de la Propagande dans la Province de Pékin, 1705-1785”, in Archivum Franciscanum Historicum, ano 51, (Quaracchi-Firenze, 1958); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau e a sua Diocese. A Missão da China, vol. 13, (Macau, 1977); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau no Séc. XVIII, (Macau, 1984); WINGAERT, Anastase van der, O.F.M., “Mgr B. della Chiesa, Evêque de Pékin et Mgr C. Th.Maillard de Tournon, Patriarche d’Antioche”, in Antonianum, ano 22, (Romae, 1947); WINGAERT, Anastase van der, O.F.M., “Mgr. Pallu et Mgr Bernardin della Chiesa. Le Serment de Fidelité aux Vicaires Apostoliques 1680-1686”, in Archivum Franciscanum Historicum, ano 31, (Quaracchi-Firenze, 1938); WINGAERT, Anastase van der, O.F.M., “Le Patronat Portugais et Mgr. Bernardin della Chiesa”, in Archivum Franciscanum Historicum, tomo 35, (Quaracchi-Firenze, 1942).

1668

Este cardeal e legado papal, oriundo de uma família nobre da Sabóia, em Itália, nasceu em 21 de Dezembro de 1668 e morreu em prisão domiciliária em Macau, a 8 de Junho de 1710. Formado em Direito Canónico e em Direito Civil, foi favorecido pelo Papa Clemente XI que, em Dezembro de 1701, o nomeou legado a latere para a Índia e China. Os objectivos fundamentais da legatura eram os de estabelecer concórdia entre os missionários europeus em trabalho nas regiões asiáticas, encontrar meios de socorrer às necessidades missionárias dessas extensas regiões, informar a Santa Sé acerca da condição e funcionamento das missões e, finalmente, impor a decisão da Santa Sé contra os chamados ritos chineses entre os naturais da China. Para dirigir com elevação esta legatura, Tournon foi consagrado bispo com o título de Patriarca de Antioquia, em 7 de Dezembro de 1701, na Basílica de S. Pedro, no Vaticano. O legado papal partiu da Europa num barco real da França, em 9 de Fevereiro de 1703, chegando a Pondicherry, na Índia, em 6 de Novembro de 1703. Demonstrando um evidente excesso de zelo e muito pouca prudência, Tournon emitiu um decreto, datado de 23 de Junho de 1704, proibindo, com efeitos imediatos, os missionários em serviço na Índia de continuarem a tolerar os ritos malabares, sob pena de graves censuras. Logo em Julho do mesmo ano, partiu para a China via Pondicherry e Manila, alcançando Macau a 2 de Abril para, em continuação, chegar a Pequim a 4 de Dezembro de 1705. O bispo macaense D. João de Casal e o legado papal não se entenderam desde o primeiro encontro, mas a hostilidade não se tornou séria antes do regresso do segundo da capital imperial. O imperador Kangxi 康熙 recebeu Charles Tournon, primeiro muito bem, mas quando soube que tinha vindo para abolir os ritos chineses entre os cristãos nativos, ordenou a todos os missionários que mantivessem os ritos sob pena de serem imediatamente expulsos do país. Em Roma, a Santa Inquisição tinha decidido contra os ritos em 20 de Novembro de 1704. Tendo conhecimento dessa decisão, o legado emitiu um decreto em Nanquim (Nangjing 南京), em 15 de Janeiro de 1707, obrigando os missionários, sob pena de excomunhão latae sententiae, a abolirem os ritos. Isso levou o imperador a ordenar a prisão de Tournon em Macau e a enviar alguns jesuítas a Roma para protestarem contra o decreto. O bispo D. João de Casal, em cumprimento das ordens do Arcebispo de Goa, recusou formalmente reconhecer a jurisdição do Patriarca papal na sua diocese. Justificava a sua decisão pelo facto do legado não trazer a autorização da coroa portuguesa, violando os direitos que enformavam o chamado Padroado Português. Ao mesmo tempo que recusava aceitar a jurisdição do Patriarca, o bispo Casal também declarou nulos, na diocese de Macau, quaisquer decretos ou censuras da legatura, seguindo-se uma série demorada de acusações, contra-acusações e excomunhões de ambas as partes. Inicialmente, as opções do bispo de Macau foram seguidas pela generalidade dos seus súbditos cristãos, mas não tardou muito a deserção dos Agostinhos e dos Dominicanos, o que levou mesmo à deportação em massa dos Agostinhos para Goa, em 1711. Pelo contrário, os franciscanos espanhóis instalados em Cantão apoiaram o bispo, incluindo Frei Tarin que, tendo anteriormente criticado o prelado português por ter proibido os cristãos de comer carne na ocasião do Ano Novo chinês, declarou ser a posição do enviado papal ofensiva à sensibilidade dos chineses, podendo conduzir à destruição certa das missões. Na realidade, o imperador Kangxi 康熙 tinha sido favorável às missões cristãs e o seu decreto de expulsão dos missionários nem sequer foi rigorosamente aplicado durante a sua vida. O conflito aberto com o bispo macaense, fez com que Tournon ficasse confinado ao seu domicílio em Macau, como tinha sido ordenado tanto pelo vice-rei como pelo arcebispo de Goa. Não está comprovado que o legado pontifício tenha sido preso violentamente e, muito menos, maltratado como alguns cronistas passados alegaram e alguns autores modernos repetem. Tournon sofreu sim em grande parte devido às consequências de um comportamento intransigente, e de forma alguma devido ao mau tratamento dado pelo Governo local ou pelos jesuítas de Macau. Recorde-se, rapidamente, que os chamados ritos chineses consistiam fundamentalmente numa tradição cultual de rituais em honra de Confúcio e dos antepassados, vazados na utilização de nomes chineses tien (tian 天) (céu) e xang ti (shangdi 上帝) (imperador supremo) para designar Deus e o Deus dos Cristãos. O célebre jesuíta italiano Matteo Ricci, fundador da missão jesuíta em Pequim, tentara demonstrar que a doutrina moral de Confúcio não era contrária à moral cristã, e que os rituais ligados à comemoração do Sábio eram de natureza secular, sem qualquer implicação religiosa. Nem todos os jesuítas seus contemporâneos, como Nicolo Longobardo ou João Rodrigues, partilhavam a mesma opinião, mas a generalidade dos jesuítas apoiaram a posição adaptacionista de Ricci, apesar de ser bem diferente da adoptado em relação ao Budismo no Japão, entre 1549-1610. Os Dominicanos desenvolveram uma argumentação contrária, embora houvesse também entre eles vozes dissonantes, tal como a de Gregório Lo, o primeiro bispo chinês, e do missionário siciliano Sarpetri. A opinião da grande maioria dos dominicanos era reflectida pelos escritos ferozes dirigidos contra os jesuítas por Frei Domingos Fernandez de Navarrete, defendendo que, se Platão, Sócrates, Aristóteles e outros sábios da antiguidade greco-romana estavam decididamente condenados, Confúcio não podia ser uma excepção, mesmo que os jesuítas acreditassem o contrário. Os franciscanos tinham uma posição menos rígida e, até certo ponto, parece terem acordado com os jesuítas. Os missionários da Propaganda Fide, claramente favoráveis à França e anti-jesuítas, apoiaram a posição dominicana. Do lado do Padroado, os preconceitos nacionalistas e as novas ambições expansionistas tinham a sua influência. Os franciscanos espanhóis, por exemplo, toleravam os ritos confucianos, mas opunham-se às pretensões exclusivistas do Padroado português. Os jesuítas franceses faziam o mesmo, mas por motivos políticos diferentes. Neste contexto concorrencial, os jesuítas portugueses defendiam o seu Padroado, bem como a interpretação jesuíta dos ritos com ligações evidentes à situação de monopólio político e económico português nos tratos asiáticos. Os dominicanos, na sua maioria espanhóis, e os missionários franceses e italianos da Propaganda opunham-se tanto aos ritos como ao monopólio português do Padroado. Era este o cenário religioso missionário na China no primeiro quartel do século XVIII. A questão dos ritos tornarase mais acesa na Europa no contexto da polémica entre os jesuítas e os jansenistas, sublinhada através de escritos polémicos como La Morale Pratique des Jesuites, mobilizando filósofos como Leibnitz e Voltaire a tomarem partido. Na diocese de Macau, reduzida após 1690 às províncias de Kwantung (Guangdong 廣東) e Kwangsi (Guangxi 廣西), a acção do bispo João de Casal durante meio século (até 1735) não ajudou a minimizar o conflito dos ritos, destacando, entre excessos de zelo “nacionalistas” e expressões de autoritarismo, uma adesão excessiva, mas cada vez mais anacrónica, em defesa do Padroado Português do Oriente, de que Charles de Tournon seria uma das vítimas religiosas mais evidentes. O legado papal haveria mesmo de morrer durante a sua detenção domiciliária em Macau, apesar de ter chegado a conhecer a sua elevação a cardeal, decidida em 1 de Agosto de 1707. Quando chegou o conhecimento da sua morte a Roma, o Papa Clemente XI elogiou a sua coragem e lealdade à Santa Sé, ordenando à Santa Inquisição a publicação de um decreto que, divulgado a 25 de Setembro de 1710, aprovava claramente os actos do legado. Em continuação, o Papa emitiu a bula Ex illa die, em Março de 1715, condenando os ritos em termos ainda mais duros. O bispo D. João de Casal e os seus seguidores submeteram-se às decisões papais somente em 1720 e juraram fidelidade ao novo legado, Carlo Ambrogio Mezzabarba, patriarca titular de Alexandria e sucessor de Tournon, que trasladou os restos mortais deste para Roma, para serem depois enterrados na Igreja da Propaganda, em 27 de Setembro de 1723. Prudentemente, o patriarca Mezzabarba tinha embarcado para a Ásia, via Lisboa, munido do placet real do monarca português, o que concorreu para o sucesso pacificador da sua missão na jurisdição do Padroado. [T.R.S.] Bibliografia: AZEVEDO, Carlos Moreira (org.), Dicionário de História Religiosa de Portugal, vol. P-V, (Lisboa, 2000); BOXER, C. R., “The Portuguese Padroado in East Ásia and the Problem of the Chinese Rites, 1576-1773”, in Instituto Português de Hongkong, n.º 1, (Hong Kong, Julho de 1948), pp. 199-226; GERALD H. ANDERSON, Simon; SCHUSTER, Macmillan (eds.), Biographical Dictionary of Christian Missions, (Nova Iorque, 1997), p. 676; SALDANHA, António Vasconcelos de, De Kangxi para o Papa, pela Via de Portugal. Memória e Documentos Relativos à Intervenção de Portugal e da Companhia de Jesus na Questão dos Ritos Chineses e nas Relações entre o Imperador e a Santa Sé, 3 vols., (Macau, 2002); VALE, a. M. Martins do, Entre a Cruz e o Dragão. O Padroado Português na China no século XVIII, (Lisboa, 2002).

1721

No dia 21 de Dezembro de 1721, António de Albuqerque Coelho desistiu da nomeação para voltar como Governador de Macau, aceitando o governo de Timor, que lhe fora oferecido pelo Vice-Rei da Índia. Partiu num pequeno navio seu e chegou a Macau em 10 de Agosto de 1721, donde seguiu, em 21 de Dezembro de 1721, para Timor.

1765

BOCAGE, MANUEL MARIA L’HEDOUX DE BARBOSA DU (1765-1805). Bocage nasceu em Setúbal, em 15 de Setembro de 1765, e morreu em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1805. Muito jovem (1781), fugiu de casa para o Quartel de Infantaria de Setúbal, onde assentou praça, ingressando no ano seguinte na escola da Companhia dos Guardas-Marinhas. Frequentador da boémia lisboeta, acabou por abandonar a escola, sendo dado como desertor em 6 de Junho de 1784. Inadaptado aos cânones sociais da época, uma paixão, cantada nos seus versos, trouxe-lhe o desejo de estabilidade económica. Assim, consegue vir a ser nomeado guarda-marinha, qualidade em que embarcou para a Índia em 4 de Abril de 1786. Chegado a Goa em 1787, sempre considerou a sua estadia no Oriente como um exílio, sentimento aliás bem patente na própria obra. Bocage foi promovido a tenente em 1789, após o que foi colocado em Damão, daí fugindo ao fim de dois dias, em circunstâncias ainda não completamente esclarecidas. O navio em que viajava terá aportado em Cantão e o poeta sido acolhido nas feitorias estrangeiras, vindo depois para Macau, onde residiu entre Outubro de 1789 e Março do ano seguinte. É ainda na China que toma conhecimento da morte, ocorrida em 11 de Setembro de 1788, do príncipe herdeiro D. José – a promissora esperança de um partido da Corte a que Bocage não parece ser indiferente – compondo então uma elegia em sua memória, texto no qual se remete mais uma vez à situação de exilado. Beneficiando do apoio e da hospitalidade do comerciante Joaquim Pereira de Almeida (a quem apelida de “benfeitor e amigo” na elegia que lhe dedica por ocasião da morte do pai), Bocage vem para Macau onde, por intermédio deste seu protector, se relaciona com as principais famílias da terra. Embora se trate de um período pouco estudado e documentado da vida do autor, deixou-nos o mesmo, através de uma produção poética sobretudo encomiática (tão ao gosto da época e de que foi um dos mais famosos cultores), não só o testemunho daqueles que integrariam o círculo das suas relações, ou se comportariam como os seus mecenas, mas também o reflexo do que seriam os seus sentimentos nos mais recônditos fins do Universo. Aliás, o soneto “Um governo sem mando, um bispo tal”, que lhe foi atribuído, constitui uma crítica mordaz sobre o que seria Macau na época (embora a autoria de Bocage, que aliás nunca foi pacífica, seja cada vez mais contestada), poderá de alguma forma equivaler à sua visão da cidade, e de modo mais genérico, ao sentimento, então mais ou menos generalizado, da decadência da presença portuguesa no Oriente. Apesar desse seu desprezo, o nome de Bocage foi dado a uma rua de Macau, que começa na Praça de Ponte e Horta e termina na Travessa das Virtudes. Durante a sua estadia no Território, dedicou outros poemas ao desembargador Lázaro da Silva Ferreira, governador interino de Macau(1789-1790), que lhe possibilitou o regresso a Portugal, como é o caso da ode “A Gratidão”; a D. Maria de Saldanha Noronha e Meneses, a quem, numa elegia e num soneto, pede intervenção para que consiga regressar a Portugal e não à Índia (de onde desertara, recorde-se), havendo ainda homenageado a rara beleza e sensibilidade de D. Maria de Guadalupe Topete Ulhoa Garfim. Renunciando ao posto de tenente, consegue finalmente regressar a Lisboa em 1790, não mais retomando a vida militar. Integra-se nos círculos culturais da capital, nomeadamente na Academia Nova Arcádia, onde assumiu o nome de Elmano Sadino, datando dessa época a publicação de três volumes das suas Rimas, que, aliás, viriam a ser reeditadas ainda em vida do autor, nomeadamente em 1800 e 1802. Em 1794, por se ter envolvido em contendas com alguns companheiros, é expulso da Academia e, em 10 de Agosto de 1797, preso às ordens de Pina Manique, sendo a peça principal do auto de acusação o poema “Pavorosa Ilusão da Eternidade”. Em 7 de Novembro é transferido para os cárceres da Inquisição e, em 22 de Março de 1798, para o Hospício de Nossa Senhora das Necessidades. A disciplina que então foi obrigado a seguir incutiu-lhe hábitos de trabalho e, uma vez posto em liberdade, traduziu para português as Metamorfoses de Ovídio e Os Jardins de Delille, entre outros. A sua obra – cuja publicação foi feita de um modo um tanto disperso, dando azo a algumas edições apócrifas após a sua morte – é constituída por todos os géneros poéticos do tempo, combinando elementos neoclassicistas e pré-românticos, sendo os temas mais tratados a solidão, o amor, o sofrimento, o belo-horrível e a morte, mediatizados pela sua própria experiência de vida. Considerado o maior poeta português do século XVIIII, ele mesmo estabelece o paralelismo entre o seu destino e o do grande poeta nacional, Luís de Camões. – Principais obras: Rimas, Tomo I (1791); Tomo II (1799); e Tomo III (1804); Obras Poéticas, Tomo IV (1812); Tomo V (1813); Poesias de Manuel Maria de Barbosa du Bocage, ed. Inocêncio da Silva, (Lisboa, 6 vols., 1853); Obras Poéticas de Bocage, ed. Teófilo Braga, (Porto, 6 vols., 1875); Opera Omnia de Bocage, ed. Hernâni Cidade, (Lisboa, 6 vols., 1969-1973). Bibliografia: Bibliografia: GRACIAS, José António Ismael, Bocage na Índia – Memória Histórica e Crítica, (Nova Goa, 1917); TEIXEIRA, Padre Manuel, “Bocage em Macau”, in Boletim do Instituto Luís de Camões, vol. XI, n.° 4 (Macau, 1977), pp. 237-256; VALE, António, “Bocage, Autor do Soneto Sobre Macau?”, in MacaU, n.° 54, (Macau, 1996), pp.170-177.

1797

No dia 21 de Dezembro de 1797, declara-se ter sido executado pelo Senado o que fora prescrito na “carta de S. Exa. a respeito de mandar aos filhos dos moradores desta Cidade aprenderem lingoa China, principalmente aqueles que quiserem seguir o Estado Ecleziastico”.

1829

António Joaquim da Costa Bastos faleceu em Macau (Sé) a 21 de Dezembro de 1829. Da segunda geração da família macaense de Macau de apelido 'Basto', nascido em Lisboa nos finais do século XVIII, foi negociante em Lisboa, veio para o Oriente em 1818, como administrador do Contrato do Tabaco e Rapé de Macau, para o triénio 1818-1820, acabando por ficar a residir definitivamente em Macau. A 29 de Outubro de 1829, foi eleito irmão da Santa Casa da Misericórdia de Macau. Foi Alferes da 2ª Companhia do Batalhão Provisório de Macau. Casou pela 2ª vez em Macau a 21 de Novembro de 1820 com D. Júlia Maria Cândida de Castro.

1848

No dia 21 de Dezembro de 1848, as Filhas de Caridade de S. Vicente de Paulo, que se estabeleceram em Macau devido aos esforços do Bispo D. Jerónimo José da Mata, assumiram a direcção do Recolhimento de Santa Rosa de Lima, destinado à educação de meninas. O Recolhimento funciona a partir de 1849 até 1857 no extinto Convento de Santo Agostinho, sob direcção do Prelado da Diocese.

1849

No dia 21 de Dezembro de 1849, o vapor Cantão da Companhia Peninsular e Oriental trouxe de Hong Kong até onde fora transportada, desde Goa, pelo vapor Malta da mesma companhia, a força expedicionária, composta de 5 oficiais e 100 praças enviada para socorrer esta cidade, por causa do assassinato do Governador João Maria Ferreira do Amaral e da tomada do Passaleão. Fica aquartelada em S. Francisco, sob o comando do Capitão António Diniz de Ayalla. Faz todo o serviço de guarnição. O uniforme é o do Regimento de Artilharia de Goa. (Cfr. Boletim Oficial de 10 de Janeiro de 1850).

1864

No dia 21 de Dezembro de 1864, um grande incêndio destruiu durante a noite quase toda a povoação de Coloane, ao sul da Taipa. As 250 casas, que eram quase todas de ola, arderam completamente, não havendo, porém, vítimas a lamentar. A povoação fica muito reduzida mas encontra-se reconstruída de novo em 17 de Abril de 1865. O governo português continua a patrulhar e defender da pirataria aquele local. (Cfr. esta Cronologia…, 1865, Julho, 2 e 1868, Fevereiro, 28).

1871

No dia 21 de Dezembro de 1871, Bernardino de Sena Fernandes pôs à disposição do Governador António Sérgio de Sousa, por espaço de 2 anos, a sala da sua casa, sita em Sto. António, que servia de secretaria do Corpo da Polícia, para nela se instalar a Escola Municipal do sexo masculino, que esse Governador pretendia fundar.

1894

É feito no dia 21 de Dezembro de 1894 o pedido do agente de proprietários agrícolas das Ilhas de S. Tomé e Príncipe e do distrito do Cazengo, em Angola, Fernando Cele de Menezes, de autorização para o embarque no transporte África, de 593 emigrantes chineses contratados para trabalharem nas referidas possessões portuguesas. (Cfr. B. Basto da Silva - Emigração de Cules - Dossier Macau - 1851-1894. Ed. Fundação Oriente. Macau, 1994)

1917

No dia 21 de Dezembro de 1917, o B.O. n.° 50-S publica a nomeação, como Governador interino, de Fernando Augusto Vieira de Matos. (Cfr. ainda A.H.M. – F.A.C., P. n.° 439 – S-N).

1923

Macau foi, ao longo dos tempos, um “porto de abrigo” de refugiados. Desde a Revolta dos Boxers (movimento anticristão e antiocidental na China), em 1990, em que muitos europeus, que viviam, na China procuraram refúgio em Macau, nos anos de 1922 a 1927, em que os sentimentos antiestrangeiros recrudesceram na China, marcando a ascensão do Kuomitang (Guomindang 國民黨) ao poder. Em 1931, a China foi invadida pelos Japoneses, o que provocou uma avalanche de refugiados chineses ao pequeno enclave macaense. Com o desencadear da Guerra Anti- Japonesa, muitas escolas do Sul da China transferiram-se para Macau e, também, a Igreja Católica criou novas escolas para ministrar o ensino aos jovens chineses refugiados em Macau. Mais tarde, durante a II Guerra Mundial, com a ocupação de Hong Kong pelos Japoneses, nos finais de 1941, muitos refugiados da colónia britânica estabeleceram-se em Macau. Com o decorrer da Guerra do Pacífico e os sucessivos ataques japoneses a vários territórios asiáticos, mais e mais refugiados procuraram refúgio neste pequeno território, aproveitando a sua neutralidade. É de notar que Portugal foi um país neutral durante a II Guerra Mundial (1939-1945) e Macau terá beneficiado desta situação. Mas, com o desenrolar da História, ainda muitos outros refugiados iriam chegar a Macau, mais tarde. E será a partir desta altura que o Padre Lancelote terá um papel fulcral neste Território, desempenhando importantes funções de protecção aos refugiados, entre outras. Quem é, pois, o Padre Lancelote Rodrigues? O Padre Lancelote Miguel Rodrigues nasceu em Malaca (Malásia), a 21 de Dezembro de 1923, descendente de portugueses que se fixaram nesse antigo território português. O pai era português e a mãe holandesa, descendente de malaios e holandeses. Tem doze irmãos, espalhados por vários países e continentes, da Malásia à Austrália, de Singapura aos Estados Unidos, de Portugal a Inglaterra. De nacionalidade britânica, naturalizou-se português, possuindo assim passaporte inglês e português. Fez a instrução primária em Malaca, em inglês, e veio para Macau em Novembro de 1935, ingressando no Seminário Diocesano de São José, onde fez os seus estudos preparatórios e eclesiásticos. Aqui aprendeu a Língua Portuguesa, não só através do ensino formal, como na convivência com os Portugueses que aqui estudavam, oriundos de várias partes (Timor, Macau, Hong Kong, etc.). No Seminário teve, como professor, Monsenhor Manuel Teixeira, entre outros. Tudo bons professores, nomeadamente os Jesuítas, segundo diz. Considera ter tido uma educação esmerada e muito boa. Alegre e extrovertido, a sua maneira de ser facilitou-lhe a adaptação à vida do seminário, embora lhe causasse também alguns dissabores. Demorou 13 anos a fazer o curso, pois ele teve de aprender o Português, primeiro, e ia aprendendo o Chinês também, com os colegas. No Seminário pensavam que, se ele se ordenasse, iria novamente para Malaca, tanto mais que eles, ali, queriam padres malaqueiros para continuar “aquela obra” (missionária). Mas isso não aconteceu... Quando acabou os seus estudos, em 1948, teve de “marcar passo” um ano, pois o Bispo D. João de Deus Ramalho (1942-1954) não estava muito certo da sua vocação sacerdotal e achou que era melhor o jovem Lancelote esperar mais um ano, antes de ser ordenado sacerdote. Entretanto, ainda em 1948, começaram a chegar as primeiras vagas de refugiados portugueses de Xangai (Shanghai上海) e, mesmo antes de ser ordenado padre, foi destacado pelo Bispo de Macau (D. João de Deus Ramalho) para cuidar destes refugiados, que só falavam a língua inglesa, pois esta é a primeira língua do Padre Lancelote e, naqueles tempos, era o único que falava inglês. Foram alojados no Canídromo, para onde o Padre Lancelote foi também viver. De um lado, estavam os refugiados de Xangai (Shanghai 上海), do outro, rapazes órfãos de quem as madres chinesas cuidavam. Finalmente, em 1949, o Bispo D. João de Deus Ramalho decidiu ordená-lo sacerdote. Foi ordenado a 6 de Outubro de 1949, tal como D. Arquimínio da Costa (que, mais tarde, viria a ser Bispo de Macau). Celebrou a sua primeira missa na capela do Canídromo, junto dos refugiados de Xangai (Shanghai 上海). Nessa altura, havia refugiados no Canídromo e refugiados na Rua do Gamboa (perto de Santo Agostinho). Nesta última, era um padre jesuíta, o Padre Ruiz que lhes prestava assistência. Estes refugiados vieram, para Macau, aquando das lutas entre nacionalistas e comunistas na China - a implantação da República Popular da China dá-se a 1 de Outubro de 1949 - e eram descendentes de Portugueses, uns, religiosos (padres e madres), outros. A Santa Casa da Misericórdia é que tomava conta deles, tendo sido tudo pago pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Simultaneamente, o Padre Lancelote foi encarregado da regência da Capela de Santa Cecília, do Seminário de S. José, de 1950 a 1951. Já era, desde 1949, Vigário Cooperador da Paróquia de Santo António. Foi pároco (interino) da Igreja de Santo António desde Outubro de 1958 até Outubro de 1959 e, ainda, foi vigário ecónomo desde 7 de Setembro de 1966 até 26 de Novembro de 1966. Em 1951/52, Em 1951/52, o Bispo de Macau, D. João de Deus Ramalho, permitiu que o Padre Lancelote pudesse aderir ao Catholic Relief Services, cuja sede era nos estados Unidos da América, mas tinha uma sucursal em Hong Kong (o Catholic Relief Services é uma organização dos bispos americanos, voltada para o exterior e que tem representações em cerca de 100 países). E, em 1954, foi nomeado Delegado Diocesano do Catholic Relief Services, dos Estados Unidos da América. Em 1953, o Presidente Kennedy abriu as portas aos refugiados, com parentes nos Estados Unidos (“reunião de famílias”). Chamaram-lhe “Refugee Relief Program”. Foi extensivo a Hong Kong e Macau. O Catholic Relief Service de Hong Kong alertou o Padre Lancelote para o assunto e este começou, imediatamente, a tratar de ver quem tinha lá familiares, pois era preciso pedir às famílias que os recebessem, pelo menos durante algum tempo, até eles poderem singrar sozinhos. Em 1956, foi o segundo: Kennedy reabriu outra vez o “Program”. O Consulado de Hong Kong trabalhou muito, nesta ocasião, para colocar os refugiados e arranjar “sponsors” nos E.U.A., para onde foram uns dois mil. Para além dos Estados Unidos da América, foram outros para o Brasil, principalmente, mas também para a Suécia (tinham lá família) e, até mesmo, para Moçambique. Os que ficaram no Campo eram, na sua maioria, velhos e crianças. Que fazer? O Padre Lancelote achava que já era altura de fechar o Centro de Refugiados de Xangai (Shanghai 上海), tanto mais que, neste tipo de instituições, não há privacidade, pelo que as crianças não tinham uma vida familiar privada. Havia, pois, que arranjar uma solução para os 116 que aqui tinham ficado. Falou com os responsáveis pela Santa Casa da Misericórdia, a Assistência Pública (da qual era vogal, em representação da Diocese) e com o Governo local (português), nesse sentido. Apelou ao Governo americano, outra vez, e à Inglaterra, através da OXFAM (instituição de ajuda internacional). Com os apoios concedidos construíram-se 70 moradias e foram todos aí colocados, pela Assistência Pública, a quem o Padre Lancelote entregara tudo. O Governo tratou das escolas para as crianças (escolas inglesas), onde estudaram e, mais tarde, alguns ingressaram na Polícia Marítima, Fiscal, etc. Algumas raparigas casaram com gente de Macau e organizaram as suas vidas. Foram, pois, integrados na sociedade local. De 1949 até 1965, pois, foi Capelão dos Refugiados Portugueses de Xangai (Shanghai 上海), então já alojados na Ilha Verde. Durante este período prestou-lhes não só assistência espiritual, como também material, esforçando-se por melhorar a sua situação e realojá-los noutros países, tendo estabelecido laços de amizade indestrutíveis com muitos dos refugiados. Com todos os contactos efectuados ao longo do tempo, o Padre Lancelote estabeleceu uma teia de relações internacionais, que foram extremamente úteis para os refugiados de diversos países que, desde os anos 60, foram chegando a Macau. A partir de 1963 e até Julho de 1991 passaram por Macau milhares de refugiados da China, Indonésia, Birmânia (Myanmar), Malásia, Laos, Camboja, e, principalmente, do Vietname. Ainda hoje existem, radicados em Macau, pessoas da Birmânia, da Indonésia, da Malásia, etc. Contou, para isso, com o apoio das autoridades locais, da Igreja, e dinheiro do Governo e dos bispos americanos (Catholic Relief Services). Em 1962, foi nomeado Director do Catholic Relief Services dos Estados Unidos da América, quando esta instituição saiu de Hong Kong, cargo que exerceu até Maio de 1994 (quando também deixaram Macau). Através deste organismo obteve somas avultadas para as obras de beneficência e assistência social a cargo da Diocese de Macau e, ainda, para obras não diocesanas. Conseguiu obter apoios no valor de muitos milhões de dólares, ao longo dos anos, que utilizou na construção de casas, creches, clínicas (postos médicos onde prestavam serviço as madres enfermeiras, assim como médicos, que lá iam uma ou duas vezes por semana, gratuitamente) e centros comunitários, assim como comida (latas de leite, azeite, etc.) que distribuíam pelos pobres, através da Cruz Vermelha e da Obra das Mães (que chegaram a ter a seu cargo 95.000 pessoas) e pelas escolas (eram 26.000 pães por dia mais um copo de leite para cada criança, conta). Em 1973, deixaram de receber este tipo de apoio, pois Macau “já estava melhor”, portanto, já não precisava. Teve, então, “alguns anos de descanso” (comenta). No entanto, em 1973, era director do Secretariado dos Serviços Diocesanos de Assistência Social (cargo que exerceu desde 1962), vogal do Instituto de Assistência Social de Macau, representante dos Serviços de Assistência dos Bispos da América do Norte e representante da Diocese de Macau junto da “Caritas Internacional”. Mas, em Novembro de 1977, chegou a primeira leva de refugiados do Vietname a Macau. Hong Kong também estava a receber refugiados vietnamitas. Nessa época, eles iam para todo o mundo. A guerra do Vietname começara. O Padre Lancelote falou com as autoridades locais, o Comandante da Polícia Lobo d’Àvila e o Governador Garcia Leandro, a fim de autorizarem que os refugiados fossem recebidos em Macau. E assim aconteceu. Dessa primeira vez, vieram 23, ou melhor, 24 (este último veio nascer a Macau). Depois, é que começaram a chegar mais e mais refugiados. As Nações Unidas pediram ao Governo de Macau para nomear o Padre Lancelote Rodrigues seu representante, em nome do Catholic Relief Services, junto dos refugiados do Vietname. Recebeu sempre ajuda - e muito apoio - do Governo português de Macau (medicamentos gratuitos, assistência médica, educação, etc), assim como do “Rotary Club” (Rotários) e da Cruz Vermelha Portuguesa, em Macau. Também teve ajudas exteriores, através das organizações internacionais, tais como os americanos, alemães, suecos, dinamarqueses, franceses, etc. Tinha contactos com todos os Consulados estrangeiros, em Hong Kong. Chegaram a estar 15.000 refugiados vietnamitas, em Macau, por uns anos, pois, inicialmente, em Hong Kong, não estavam preparados para receber os refugiados, pelo que pediram que eles viessem para Macau, temporariamente. Os refugiados do Vietname estiveram alojados em três campos: Ilha Verde, Casa da Beneficência e Ká-Hó (Jiu´ao 九澳), cujos custos de manutenção foi de cerca de dez milhões de dólares norte-americanos, a maior parte provenientes da ONU, Cruz Vermelha, do Governo americano, do Catholic Relief Service e de organizações religiosas do Norte da Europa. O Governo e a Diocese de Macau colaboraram também, em especial, na prestação de cuidados de saúde, educação e na manutenção e cedência de instalações. Também vinham os Cônsules de vários países, acreditados em Hong Kong e Macau (americanos, noruegueses, canadianos, etc.), assim como membros das Nações Unidas, a Macau, fazer a triagem, isto é, verificar se seriam mesmo refugiados. A Polícia Marítima organizou uma “Tuna” e, ao jantar, entretinham os Cônsules estrangeiros, que muito apreciavam esses momentos. De 1977 a 1991 foi encarregado da manutenção e realojamento de 8.664 refugiados vietnamitas (boat-people) em várias partes do Mundo, especialmente para os Estados Unidos da América, Canadá, Austrália, França, Holanda, Suécia, entre outros países. O campo dos refugiados vietnamitas (boat-people), em Ká-Hó (Jiu´ao 九澳), encerrou em Julho de 1991, com uma cerimónia que contou com a presença de dois bispos americanos, um representante da ONU para os refugiados, alguns Cônsules acreditados em Hong Kong e dirigentes da Cruz Vermelha Internacional. Ainda ficaram, no entanto, 150 refugiados vietnamitas, em Macau. A França levou 49, a Suécia mais alguns, etc., restando 30 refugiados. O IASM (Instituto de Acção Social de Macau) deulhes casas, onde ficaram a morar. Mas foram saindo e, finalmente, ficaram dois, pois um não quis ir para França e, outro, era cadastrado, pelo que ninguém o quis receber. Foram, contudo, integrados na sociedade local, com emprego e casados, obtendo o Padre Lancelote o acordo prévio do Governo português de Macau. Este campo de refugiados de Ká-Hó (Jiu´ao 九 澳) é um caso paradigmático, pois o Padre Lancelote conseguiu organizar os vietnamitas em liberdade mas com responsabilidade, mantendo o campo sempre aberto e sem policiamento (embora tivesse um regulamento, pelo que tinham de pedir licença se queriam ficar fora do Campo, por exemplo). Arranjoulhes trabalho, quer dentro quer fora do campo, convencendo vários Cônsules a abrirem as portas dos seus países a numerosos destes refugiados e a todos criou condições mínimas para um futuro digno. Mas a sua obra social, de apoio e ajuda aos mais desfavorecidos, não acabou com os refugiados. Em 1985, começou a dar os primeiros passos na China, com muito cuidado, com a colaboração das autoridades chinesas, fazendo workshops (para ensinar pais, enfermeiros, professores, a lidar com deficientes), com a ajuda de várias organizações internacionais. Foram a Zhuhai (珠海), Manchúria e outras partes da China. Depois, foi a vez dos surdos-mudos, com as Irmãs Canossianas, de Hong Kong e Singapura, chegando até à Mongólia Interior. Também construíram pontes, creches, escolas, instalações sanitárias, postos médicos, hospitais, etc., assim como subsidiavam a educação das madres chinesas para actividades como a enfermagem e a assistência social. Tentaram, ainda, ajudar os leprosos, assim como os doentes com SIDA. O Padre Lancelote continua à frente dos Serviços Sociais Católicos - entidade criada após o encerramento, em 2005, do Secretariado Diocesano dos Serviços de Assistência Social - através dos quais tem procurado emprego para pessoas de diversas comunidades (chineses, filipinos, etc., residentes e não residentes), assim como colmatar as necessidades dos mais desfavorecidos, em colaboração com a “Caritas” de Macau. Ao mesmo tempo, exerce as funções de representante dos consulados dos Estados Unidos, Canadá e Austrália na RAEM, estando encarregue de ajudar as comunidades desses países sempre que precisem, para além de diverso trabalho burocrático. O Padre Lancelote Rodrigues dirige, ainda, a Academia de Música S. Pio X (de que é director desde 1 de Fevereiro de 1993), é capelão da Obra das Mães e, aos Domingos de manhã, celebra missa na paróquia de Santo António. O Padre Lancelote fala Português, Inglês, Francês, Malaio e Chinês. Recebeu várias condecorações, em reconhecimento dos trabalhos prestados, entre elas, a Ordem do Mérito (grau de Comendador), concedida pelo, então, Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares, a 5 de Setembro de 1985; a Ordem de S. João de Jerusalém, dada pelo príncipe André da Jugoslávia, em 1986; a Medalha de Mérito Cruz Vermelha Portuguesa (Medal of Merit), em Novembro de 1990; a insígnia da Ordem do Império Britânico, atribuída pela Rainha Isabel II de Inglaterra, em Junho de 1992; a Medalha de Valor atribuída pelo, então, Governador de Macau, General Rocha Vieira; a de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, concedida pelo, então, Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares, em 8 de Maio de 1995; e a Ordem da Austrália(Order of Australia), concedida pelo Primeiro Ministro da Austrália, em 14 de Maio de 2001. Foi-lhe outorgado o grau de Doutor “Honoris Causa” em Humanidades, pela Universidade de Macau, em 25 de Novembro de 2010. Amigo dos prazeres da vida, é um apaixonado da música e da boa mesa, tocando viola, rabecão, piano e órgão, também canta, fuma e bebe, estabelecendo sempre à sua volta um clima de boa disposição. Por natureza alegre e extrovertido, é extremamente humano e tolerante, convivendo com toda a gente e fazendo amizades sem olhar ao credo de cada um. [L.D. S.] Bibliografia: COATES, Austin, Macau: Calçadas da História, (Lisboa, 1991); GUNN, Geoffrey C., Ao Encontro de Macau: Uma Cidade-Estado Portuguesa na Periferia da China, 1557-1999, (Macau, 1998); LAM, D. Domingos, A Diocese de Macau: Durante os Anos de 1967 a 1997 (Macau, 2000); : SEABRA, Leonor Diaz de, Padre Lancelote Rodrigues: Vida e Obra (Macau, 2008); SILVA, António de Andrade e, Eu estive em Macau durante a Guerra, (Macau, 1991); WU, Zhiliang, Segredos da Sobrevivência: História Política de Macau, (Macau, 1999); AH/AC/28.950: “Processo de Assistência aos Refugiados de Xangai e sua Emigração para a Metrópole (Portugal), Províncias Ultramarinas ou outras Zonas (1957/04/22 a 1958/04/25)”; AH/AC/21.273: “Colocação nas Províncias Ultramarinas de África dos Refugiados de Xangai – Emigração dos Refugiados (1957/06/06 a 1964/06/09)”. E, ainda, entrevistas da autora com o Padre Lancelote Miguel Rodrigues.

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