Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515

"Memórias de Macau" lança a edição para download do calendário eletrónico "Afetos pela Zona Norte de Macau" de 2026, convidando a explorar e saborear a transformação e o charme da Zona Norte, revivendo a sinceridade e o calor da vida comunitária!
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Trata-se de um significativo conjunto de cerca de seis mil folhas manuscritas, cronologicamente situadas, na sua grande maioria, entre meados do século XVIII e a primeira metade da centúria seguinte. A temática desta documentação diz respeito às relações entre as autoridades portuguesas e chinesas a propósito do território de Macau, versando múltiplos e variados temas, no âmbito dos contactos ofic
No início do século XIII, Domingos de Gusmão fundou uma ordem religiosa e minentemente apostólica: a Ordem dos Pregadores, uma dádivado Espírito Santo à Igreja, ao serviço da evangelização dos povos. Imitando os apóstolos na pobreza e na pregação itinerante, São Domingos de Gusmão e os seus frades consagraram-se ao ministério da Palavra, anúncio da salvação. O frade pregador deve ir pregar o evangelho por toda a parte. Não deve esperar que venham até ele. Esta projecção apostólico-missionária marca de tal modo o estilo e a especificidade da vida dominicana que a expansão da ordem dos Pregadores correspondeu, desde o seu início, ao fervor missionário dos seus religiosos. O ideal que Domingos não logrou desenvolver pessoalmente no serviço missionário a todas as igrejas e a todos os povos, conseguiu, porém,incutir maravilhosamente nos seus filhos, discípulos e sucessores. Cinco anos após a confirmação da sua ordem por Honório III, os frades pregadores, movidos pela sua vocação apostólica, haviam-se espalhado por toda a Europa e, em finais do século XIII, já havia sido erigida a Congregação dos Irmãos Peregrinos, exclusivamente dedicada à evangelização das gentes, cujo campo de acção iria ser o Oriente (Próximo e Extremo) e a África. Antes do final da Idade Média, em meados do século XIV, surge um novo movimento missionário de grande importância, em direcção aos países do Extremo Oriente, entre os dominicanos portugueses, que, seguindo a rota dos exploradores de Portugal, expandiram o seu campo missionário pelos mapas de África, da Índia, de Ceilão, de Malaca, …, tendo estabelecido a sua sede central em Goa.Trata-se da Congregação da Santa Cruz das Índias Orientais, que nos traz à memória a Congregação dos Irmãos Peregrinos de finais do século XIII, e prenuncia o que virá a ser a Província Missionáriade Nossa Senhora do Rosário. Esta Província nasceu em 1587 e tinha como vocação específica a evangelização da China e dos povos vizinhos. Por destino histórico, Manila veio a tornar-se o centro das suas operações apostólicas, e as Ilhas Filipinas, a China, o Japão, o Vietname e a Formosa os campos da sua itinerância evangélica durante quatrocentos anos. – I.Dominica nos: de Acapulco a Macau. Estava-se na segunda quinzena de Agosto de 1587. O patacho San Martín, após cinco meses de travessia pelo Pacífico, aproximava-se de Macau, seu porto de destino, quando foi surpreendido for um forte temporal e arremessado para a costa da China, tendo ficado completamente destruído. Salvaram-se tripulantes e passageiros, entre os quais se encontravam três dominicanos espanhóis: os padres Antonio Arcediano, Alonso Delgado e Bartolomé López,que íam acaminho de Macau na esperança de ali encontrarem porta aberta para iniciarem o seu apostolado na evangelização da China. Os frágeis náufragos foram acolhidos por um chinês gentil, rico em bens de fortuna e em virtudes naturais, que os recebeu generosamente e lhes ofereceu inclusivamente os seus bons préstimos para interceder perante o vice-rei chinês no sentido de este lhes permitir que se estabelecessem na China e pregassem o evangelho. Tendo aceitado a oferta, e enquanto eram feitas as diligências necessárias para obter a autorização do vice-rei, os frades e os seus companheiros de naufrágio dirigiram-se para Macau, tendo chegado à colónia lusitana a 1 de Setembro de 1587. Os 15 dominicanos, que formavam o núcleo central de uma nova fundação missionária consagrada à evangelização da China e reinos vizinhos, foram mais afortunados na travessia do Pacífico. Saíram de Acapulco, no México, no dia 6 de Abril de 1587 e chegaram a Cavite, nas Filipinas, a 22 de Julho e, três dias depois, a Manila, onde foram fraternalmente recebidos pelo seu irmão na religião, o excelentíssimo Padre D. Domingo Salazar, O.P., pri- meiro bispo das Filipinas. Os três dominicanos que haviam saído de Acapulco com destino a Macau a 3 de Abril constituíam a guarda-avançada desta nova fundação missionária que procurava, na colónia lusitana da China, um porto seguro deligação entre Manila e a China e uma base estável com vista à expansão do seu apostolado na China continental. –II.Dominica nos em Macau. Os frades de São Domingos foram recebidos em Macau pelos padres agostinhos que, praticamente só um ano antes (1 de Nov. de 1586), haviam logrado fundar um convento que lhes franqueasse a entrada na China. Na ausência do bispo, D. Leonardo de Sá, que se encontrava por aquela altura em Goa, o Provisor da diocese favoreceu os dominicanos com adoação de umas casas onde puderam alojar-se imediatamente. As cláusulas desta doação determinavam que a nova igreja levasse a advocação de Nossa Senhora do Rosário e que os frades se comprometessem a rezar anualmente as três missas do Natal em intenção do ofertante. Os frades aceitaram ao ferta a 16 de Outubro e, oito dias mais tarde, ambas as partes assinavam o contrato. Esta fundação de Macau foi oficialmente reconhecida Província no Primeiro Capítulo celebrado em Manila a 10 de Junho de 1588, tendo o padre Antonio Arcediano sido instituído vigário da casa de Macau, para a qual foram designados os padres Alonso Delgado e Bartolomé López. Esta recepção por parte do governo lusitano provocou principalmente oposição e resistência. Mal foi conhecida a chegada dos náufragos castelhanos, brotaram em força na colónia os já tradicionais receios que os portugueses alimentavam em relação aos espanhóis e começaram de imediato a organizar-se reuniões do Conselho da cidade para decidir a sorte dos três dominicanos e dos seus companheiros de viagem. Os mais exaltados pediam a expulsão destes sem demora, enquanto que a maioria propunha que o caso fosse enviado para o Vice-Rei da Índia, cuja decisão seria acatada. As medidas que foram tomadas em relação a este assunto tão espinhoso foram de tal modo rápidas que, em Março do ano seguinte (1588), chegavam a Macau as cartas do Vice-Rei português da Índia, nas quais se dispunha que os frades de São Domingos e os seus companheiros de naufrágio, por serem castelhanos, fossem desterrados para Goa, sem que lhes fosse permitido viajarem até Manila. Era também estabelecido que as propriedades dos religiosos fossem entregues aos dominicanos portugueses da Congregação da Santa Cruz das Índias. Assim terminavam as primeiras tentativas dos dominicanos espanhóis para fundarem uma missão em Macau. Todavia, nem tudo foi fracasso. Deixaram em Macau a sua pequena igreja de madeira dedicada à Virgem do Rosário, o seu singelo convento e os rudimentos de uma escola de Gramática. E, zelando por este pequeno tesouro até à chegada dos dominicanos portugueses, ali ficava o Padre António de Santa Maria, mestiço sino-português, sacerdote secular que, atraído pela austeridade da vida monástica e pelo zelo apostólico dos dominicanos, se havia incorporado na comunidade, tendo recebido, graçasàhabi- lidade do padre Arcediano, o hábito dos frades pregadores. – III. Dominicanos e a Procuração das Missões em Macau. A fundação da Procuração das Missões Dominicanas em Macau coincide com a restauração das missões na China. Com o martírio do bispo Pedro M. Sanz, a 26 de Maio de 1747, e o dos padres Serrado, Alcober Díaz y Royo, a 28 de Outubro do ano seguinte, a perseguição havia terminado com o apostolado dos dominicanos espanhóis na China. Restava apenas na missão o infatigável e heróico padre Juan Fung de Santa María, dominicano chinês, o qual pedia com insistência, na sua correspondência com os superiores de Manila, o envio de novos operários evangélicos. Devido à perseguição, a restauração da missão teve de esperar até 1753, ano em que foram destinados à China os padres espanhóis DiegoTerradillos e Domingo Castanedo e os padres chineses Pedro Nien de Santo Domingo e Simon Lo del Rosario. Saíram de Manila a 10 de Janeiro de 1753, chegando a Macau a 28 dos mesmos mês e ano. Os quatro novos missionários conseguiram entrar na missão de Fujian a partir da colónia lusitana, por diversas vias e em diferentes datas no ano seguinte, apesar da apertada vigilância das autoridades chinesas para impedir a todo o custo a entrada de estrangeiros na China. O segundo reforço, também de quatro missionários, chegou a Macau a 14 de Novembro de 1754. Tratava-se dos padres Manuel Díaz, Antonio Lotranco, Pedro Feliu e Vicente Ausina, este último com o Procurador das Missões. A restauração da missão pedia também uma casa-procuração onde pudesse receber os novos missionários, atender os doentes e acolher os desterrados em caso de perseguição. Esta fundação era tão necessária e urgente que o próprio Mestre Geraldos Dominicanos, padre Boxadors, em documento oficial de 13 de Dezembro de 1757, orde nava a fundação da Procuração dos Dominicanos em Macau, onde deveria de imediato residiro Procurador das Missões da Provínciade Nossa Senhorado Rosário, sem que qualquer autoridade,incluindo a do Provincial, pudesse retirar-lhe as funções sem prévia nomeação de um substituto. Esta ordenação do Mestre Geral foi cumprimentada pelo Capítulo Provincialde Manilade 1759, que instituíu o padre Vicente Ausina Procuradordas Missões Dominicanasda Chinaede Tonquim (Vietname), com residência no convento dos dominicanos portugueses de Macau. As primeiras medidas toma das pelo Procuradordas Missões Dominicanas tiveram por objectivo a compra de locais apropriados para o desempenho das suas funções. Comprou primeiro – desconhece-se a data – a casa do falecido cónego Manuel José Caldeira, situada junto da Igreja-Catedral e, em 1760, algumas vivendas situadas em frente da porta traseira do convento de São Domingos. Os cinco procuradores que lhe sucederam nas funções até ao final do século, aproveitando as possibilidades de entrada de missionários na China que Macau lhes oferecia, apesar do rigor da perseguição, conseguiram manter, em média, oito missionários na missão de Fujian 福建e um número ainda maior na deTonquim. Durante a sua permanência em Macau, foram bem acolhidos pelos seus irmãos dominicanos portugueses e não lhes foram impostas quaisquer restrições por parte das autoridades, quer civis quer eclesiásticas, até 1778, ano em que D. Alexandre da Silva Guimarães, Bispo-Governador de Macau, expulsouo procurador dos dominicanos, padre Antonio Robles. Já antes de ser governador, e em virtude dos poderes do Padroado de Portugal, o bispo Alexandre havia proibido a entrada de missionários estrangeiros que não houvessem previamente jurado fidelidade ao rei de Portugal e ao arcebispo de Goa. Esta disposição afectava principalmente os procuradores da Propaganda, das Missões Estrangeiras de Parise das Missões Dominicanas. O padre Robles negou-se a prestar tal juramento e, por esse motivo, foi expulso da colónia lusitana. A 8 de Março de 1778, antes de partir para Manila,o padre Robles entregou a administração dos negócios da Procuração ao irmão franciscano Martín Paláu. A 1 de Janeiro de 1781 chegou a Macau o padre José Lavilla, que exerceu as funções de procurador durante três anos. As disposições relativas ao juramento de fidelidade ao rei de Portugal continuavam em vigor, apesar da partida do bispo Alexandre para Lisboa em 1780, e o padre Lavilla, homem de carácter forte, não tendo nunca conseguido entender-se com os portugueses, voltou para Manila em Maio de 1784. Entretanto, o rei de Espanha havia encarregado um embaixador em Lisboa de negociar com o Governo português a autorização de residência em Macau para os procuradores dos religiosos espanhóis e de passagem para a China para os missionários. Esta intervenção do embaixador de Espanha teve como resultado a promulgação em Lisboa de novas disposições favoráveis à petição da Corte de Madrid, mediante as quais era concedido aos missionários espanhóis, semque, para tal, fossem obrigados a prestar juramento de fidelidade à Coroa de Portugal, o direito de residência em Macau e de passagem para a China. Em Outubro de 1786, o padre Manuel Corripío partiu de Manila para Macau com ano meação de Procurador das Missões. Levava consigo a autorização dogovernador de Manila e a promessa de residência por parte do de Macau, transmitida a Manila pelo irmão franciscano Martín Paláu. Com a chegada do padre Corripío à colónia lusitana,começouasegundaetapadahistóriadaPro- curaçãodos Dominicanos em Macau que se prolongou até 1861. A casa-procuração, independente do conventodos dominicanosp ortugueses, estava agora situada por trás do Seminário de São José, na praceta que fica defronte da igreja de Santo Agostinho. Os treze procuradores que serviram as missões da China e de Tonquim durante este meio século viram-se obrigados a limitar o seu trabalho de procura dores ao envio de ajuda material às missões do interior, uma vez que, devido às perseguições e à muita vigilância de portos e fronteiras, foram muito poucos os missionários vindos de Manila que chegaram a Macau a caminho das missões. Dedicaram um esforço especial à recolha de fundos, através de obras pias e dedonativos, para custear os gastos da formação de catequistas e para a fundação dos seminários de Kesen, de Amoy (Xiamen廈門) e de Fuzhou 福州. Os frutos de tantos trabalhos não tardaram em chegar, pois, em 1832, havia já sete sacerdotes que tinham feito os seus estudos no seminário de Santa Cruz de Kesen e, em 1860, o número de sacerdotes chineses na igreja de Fujian福建ultrapassava os 20. Concluímos esta informação sobre a Procuração das Missões Dominicanas em Macau com a lembrança nos tálgica de dois acontecimentos: a consagração de um bispo dominicano e a sepultura de outro. Na primavera de 1792 chegou a Macau, a caminho da missão da China, o padre Roque Carpena. Onze anos depois, altura em que era bispo de Macau o franciscano D. Manuel de S. Galdino, aquele vol- tava à mesma cidade para ser consagrado bispo de Fujian福建, a 23 de Janeirode 1803. Nopresbitério, diantedoaltar-mórda Igrejade São Domingos, des- cansam os restos mortais do excelentíssimo Padre Tomas Badia. Missionário na China durante dez anos, foi, em 1834, consagrado em Singapura bispo-auxiliar do Arcebispo de Manila, o agostinho Seguí. De saúde delicada, faleceu a 1 de Setembro de 1844, aos 33 a nos deidade, em Macau, onde esperava notificação oficial, por parte da Corte de Madrid, da sua nomeação para Manila. No enterro foram-lhe concedidas honras de realeza, tendo assistido aos funerais o Governador e o Senado, o enviado da China e a sua comitiva, os senhores bispos Borja e Mata, ocleroda cidade e uma grande multidão de fiéis. [A.S.] Bibliografia: FERRANDO, Juan, O.P., Historia de los PP. Do- minicosenlasIslasFilipinas,Japón,Chinas,Tung-KínyFormosa, (Madrid, 1871); GONZALEZ, José Maria, O.P., Historia de las Misiones Dominicanas en China, (Madrid, 1962); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau e a sua Diocese, vol. III, (Macau, 1957- 1961).
Primeiro padre jesuíta chinês, cujo nome chinês é Zheng Manuo 鄭瑪諾. Filho de pais cristãos chineses, natural de Macau, onde nasceu a 25 de Maio de 1633. Partiu da sua terra natal a 20 de Dezembro de 1645, com o Padre Alexandre de Rhodes, S.J., para a Roma, por via terrestre. Após várias vicissitudes durante a viagem, só chegou à Roma a 1 de Janeiro de 1650, com o Padre Francesco della Roca, S.J.. Em 17 de Outubro de 1651, ingressou no Noviciado Jesuítico de Santo André. Mais tarde, veio a completar várias cadeiras no Colégio Romano, onde chegou a ser professor de Gramática e Humanidades, durante 4 anos. No Verão de 1660, foi estudar para Bolonha. Em fins de 1661, entrou no Colégio de Coimbra, onde viria a ser ordenado sacerdote, em 1667. A 13 de Abril de 1666, iniciou a sua viagem de regresso à China, a partir de Lisboa. Só aportou a Macau a 19 de Agosto de 1668. Entrou no Colégio de São Paulo para aprender o chinês, que tinha esquecido. Nos finais de 1669, entrou disfarçado em Cantão, onde trabalhou até ao 1670. Em Setembro de 1671, foi à capital Imperial, Pequim, em companhia dos Padres Cláudio Filippo Grimaldi e Christian Wolfang Henriques Herdricht. Veio a falecer em Beijing 北京, a 26 de Maio de 1673, com 40 anos. Os seus restos mortais estão no Cemitério Zhalan 柵欄, de Pequim 北京. [J.G.P.] Bibliografia: DEHERGNE, J., Repertoire des Jeuites de Chine de 1552-1800, (Rome/Paris, 1973); MALATESTA, Edward J.; ZHIYU, Gao, Departed, yet Present – Zhalan, The Oldest Christian Cemetery in Beijing, (Macau, 1995); MARIA, José de Jesus, Ásia Sínica e Japónica, vol. 1, (Macau, 1988); PFISTER, Louis, Notices Biographiques et Bibliographiques sur les Jésuites de L’ancienne Mission de Chine, 1552-1773, vol. 1, (Xangai, 1932); ROULEAU, Francis A., “The First Chinese Priest of the Society of Jesus Emmanuel de Siqueira, 1633-1673”, in Archivum Historicum Societatis Iesu, vol. 28, (Roma, 1959); TEIXEIRA, Padre Manuel, “O Primeiro Padre Jesuíta Chinês”, in Revista de Cultura, n.º 10, (Macau).
Governador de Macau em 1783-1788, 1806-1809 e 1810-1817, nasceu em Goa por volta de 1754. Era filho de Bernardo Aleixo de Lemos, que tinha ido para a Índia em 1732. Comendador da Ordem de S. Bento de Avis e Fidalgo da Casa Real, Lemos e Faria estava, naturalmente, destinado à carreira militar. Pelo segundo casamento de sua mãe com João Saldanha Lobo, vedor da Fazenda em Goa, Lemos e Faria ligou-se à família de Salema de Saldanha. Em 1774, reforçou esta aliança, através do seu próprio matrimónio, também em segundas núpcias, com Mariana de Saldanha Noronha de Meneses, sobrinha de seu padrasto e de Diogo Fernandes Salema de Saldanha, governador de Macau (1667-1770 e 1771-1777). O casal sobreviveu aos desaires que atingiram a família nos últimos anos da década de 1770, mas separaram-se em 1794. Mariana de Saldanha regressou ao Reino com duas filhas solteiras, deixando o marido e os filhos na Índia. A separação teria sido determinada pela precária situação económica da família, porque Bernardo Aleixo de Faria, embora sem colocação desde 1788, continuava a dissipar no jogo os parcos recursos financeiros. Elogiado em 1782 por D. Frederico Guilherme de Sousa, governador da Índia (1778-1787), Bernardo Aleixo de Lemos e Faria foi nomeado em 1783 para o governo de Macau, tomando posse do cargo a 18 de Agosto desse mesmo ano. Com o novo governador viajou o juiz sindicante, Joaquim José Mendes da Cunha, que tinha sido destacado para ir a Macau examinar a contabilidade feita pelo Senado. Esta melindrosa operação não exigia qualquer intervenção do governador, não tendo por isso afectado o seu relacionamento com os vereadores. Enquanto em Macau se efectuavam estas diligências, chegava a Goa o bispo de Pequim, D. Alexandre Gouveia, que ia a caminho da sua diocese. Martinho de Melo e Castro aproveitou a nomeação do novo prelado para implementar a reforma administrativa de Macau definida desde 1773. Seguindo as instruções recebidas de Lisboa, na viagem para Macau o bispo de Pequim foi acompanhado pelo desembargador Lázaro da Silva Ferreira e por uma companhia de soldados destinados a reforçar a guarnição macaense. Das instruções de Martinho de Melo e Castro, havia dois pontos cuja execução exigia a activa participação do governador. O primeiro respeitava ao alojamento dos soldados enviados de Goa e o segundo à instalação de um seminário destinado à formação de clero para as dioceses de Pequim e de Nanquim. Bernardo Aleixo cumpriu estas incumbências e acompanhou a elaboração da instrução que os moradores de Macau entregaram a D. Alexandre Gouveia. Este documento habilitaria o bispo a negociar na corte chinesa a restituição dos antigos direitos pretensamente concedidos à cidade por diversos imperadores da China, e posteriormente extorquidos pelos funcionários chineses da província de Guangdong. A escassez de provas documentais, atestando a concessão dos alegados direitos, deixou sem efeito esta iniciativa de Martinho de Melo e Castro. Na China, desencadeara-se entretanto uma nova perseguição contra os cristãos e os missionários. Perseguidos, dois religiosos chineses refugiaram-se na cidade, mas os mandarins não desistiram das suas pretensões, passando a exigir que a administração portuguesa lhes apresentasse os dois fugitivos. A reivindicação deu origem a um complexo processo de negociações entre os vereadores e os funcionários chineses, tendo Lemos de Faria participado activamente nestas dificeis conversações com D. Alexandre Gouveia e com Lázaro da Silva Ferreira. A aplicação da reforma de Martinho de Melo e Castro provocou alguns dissabores a Bernardo Aleixo. As directivas de Lisboa atribuíam ao governador a presidência do Senado, mas os vereadores contestaram esta deliberação, e pela sua intervenção junto do governador da Índia conseguiram neutralizar a eficácia esperada desta inovação. Estas fricções poderiam ter sido ultrapassadas sem grandes prejuízos se Lemos e Faria não se tivesse envolvido no tráfico do ópio. As operações comerciais atingiram os interesses de certos moradores, e de modo especial alguns elementos da família de Vicente Rosa. Aproveitando os graves tumultos que no Verão de 1787 eclodiram entre a administração portuguesa e os moradores chineses, os macaenses enviaram dois representantes a Goa, para obterem do governador da Índia a remoção de Bernardo Aleixo da capitania de Macau. Atendida a pretensão, Lemos e Faria regressou à Índia no início de 1789. Sujeito a um processo instaurado na Relação de Goa, a sentença ditou o seu afastamento do serviço régio. Interrompida a carreira militar, o ex-governador de Macau ficou sem colocação durante alguns anos, mas em 1799 já estava a ocupar o cargo de presidente do Senado de Goa. Reintegrado no serviço régio, foi em 1803 colocado como governador na fortaleza de Angediva. Por nomeação de 20 de Março de 1806, passou para o governo de Macau, tomando posse a 8 de Agosto do mesmo ano. Invocando falta de saúde, o governador, nos finais de 1807, solicitou a sua substituição no cargo e o consequente regresso a Goa. O capitão geral da Índia, Bernardo José Maria de Lorena, 5.º conde de Sarzedas (1807-1816), atendeu a pretensão de Bernardo Aleixo, indigitando José Lucas de Alvarenga, que tomou posse do cargo a 1 de Janeiro de 1809. Lemos e Faria regressou à Índia, mas por um ofício da Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar, D. João de Almeida de Melo e Castro, 5.º conde das Galveias (1809-1814), fê-lo voltar a Macau e reocupar o lugar de que se havia demitido. Alvarenga sentiu-se injustiçado e tentou resistir, mas Lemos e Faria reassumiu as suas funções, mantendo-se na capitania de Macau de 1810 a 1817. O Senado, que vinte anos antes provocara a destituição de Bernardo Aleixo de Lemos e Faria, regozijava-se agora por ter sido ele o escolhido para substituir Lucas José de Alvarenga, que estava a meio do seu mandato. As razões desta permuta apresentam-se-nos algo confusas e não parece que tivessem tido qualquer relação com as incompatibilidades que Alvarenga tinha, entrementes, criado com as diversas entidades macaenses. Um simples confronto entre a data da saída do navio de Macau que levou para o Brasil as queixas dos moradores da cidade e a da carta régia que determinava o regresso de Lemos de Faria ao governo de Macau, mostra-nos inequivocamente que tal decisão, indo embora ao encontro dos anseios dos macaenses, tinha sido tomada para satisfazer outras preocupações. A longa permanência de Bernardo Aleixo de Lemos e Faria suscita-nos alguma perplexidade. Nas primeiras duas décadas de oitocentos, o governador não estava, de facto, tão sujeito ao Senado como antes de 1783, mas a sua jurisdição não se tinha reforçado. Com efeito, o poder que se havia retirado aos vereadores, acabou por se transferir para o ouvidor e não para o capitão geral. Normal seria que Lemos e Faria tivesse reagido contra esta subordinação, mas não consta que ao longo destes anos tivesse alguma vez disputado a primazia do ouvidor Miguel de Arriaga Brum da Silveira. Nos importantes negócios que nesses anos marcaram a vida da cidade, como foram por exemplo a colaboração com os chineses na luta contra os ‘piratas’, as relações com os funcionários chineses da província de Guangdong, as propostas apresentadas na corte portuguesa visando o alargamento do comércio de Macau a novos produtos e a novos mercadores, o governador limitou-se a acompanhar e a apoiar as diligências de Miguel de Arriaga. Reconhecia que lhe faltava poder, mas adaptou-se à situação, valendo-se do cargo para solicitar várias benesses ao Rei, como o arquivamento do processo do seu padrasto, falecido em 1779, promoções para filhos e netos, a doação de um palmar na Índia, etc. Solicitou a sua substituição em 1815, mas só a 1 de Julho de 1817 entregou o governo ao seu sucessor, José Osório de Castro Cabral de Albuquerque. Regressou a Goa, e como dizia ter mais de setenta anos, terá provavelmente abandonado o serviço régio, retirando-se para as casas da família em Chimbel, que, tendo sido sequestradas nas equência da destituição do seu padrasto nos finais de 1770, tinha conseguido que lhe fossem restituídas no início de 1817. Ainda vivia em 1824, declarando com provável exagero que tinha cerca de 80 anos.[A.V.] Bibliografia: GUIMARÃES, Ângela, Uma Relação Especial: Macau e as Relações Luso-chinesas (1780-1814), (Lisboa,1996); JESUS, C. A. Montalto de, Macau Histórico, (Macau, 1990); SALDANHA, António Vasconcelos de; ALVES, Jorge Manuel dos Santos, Os Governadores e Capitães Gerais de Macau,(no prelo); SOUSA, Acácio Fernando de, D. Joaquim de Sousa Saraiva: A Contribuição para a História de Macau,(Macau,1998); VALE, A. M. Martins do, Os Portugueses em Macau (1750- 1800), (Macau, 1997).
Foram os Portugueses que, logo após o seu estabelecimento em Macau, por volta de 1557, trouxeram para o Oriente tipos de imprensa com caracteres latinos. Por intermédio de missionários, foram esses tipos levados para o Japão em 1591, assim como prelos de tipos móveis. Devido a essas impressoras, começaram a aparecer no Império do Sol Nascente algumas obras da literaturae uropeia, traduzidas por esses mesmos padres missionários, que ali montaram as primeiras tipografias. Este facto está relacionado com a introdução de muitos termos portugueses na língua japonesa, embora modificados pela evolução do tempo e pela adaptação à pronúncia nipónica. Quase nada se sabe dos primeiros passos da actividade da imprensa em Macau. Foi aqui, no entanto, que em 1822 foi publicado o primeiro órgão da Imprensa no Extremo Oriente, Abelha da China. Entre 1824 e 1838 surgiram várias publicações, semanais, quinzenais e mensais, quase todas de pouca duração, mas apenas em 5 de Setembro de 1838 apareceu a primeira publicação oficial designada Boletim do Governo de Macau, Timor e Solor. Foram publicados somente cinco números, com uma periodicidade irregular, vindo o último número a ser publicado em 9 de Janeiro de 1839. Em 9 de Abril de 1840, foi publicado um novo Boletim do Governo de Macau, desconhecendo-se o número de edições assim como a data em que se deu o seu desaparecimento. Em 11 de Janeiro de 1846, surgiu uma nova publicação oficial, o Boletim Oficial do Governo de Macau e Timor, publicação semanal que teve vida relativamente longa, dado que o seu último número data de 31 de Dezembro de1896. Só depois passou a ser publicado regularmente o Boletim Oficial do Governo da Província de Macau, que teve como sucessor o actual Boletim Oficial. Até 1901 todas as publicações oficiais eram impressas em tipografias particulares. Foi então que o governador José Maria de Sousa Horta e Costa resolveu criar a Imprensa Oficial, que começou a funcionar no dia 1 de Janeiro de 1901, em um edifício da Calçada do Bom Jesus. O seu primeiro director foi o capitão tenentee engenheiro maquinista-naval José Maria Lopes. Anos depois, e porque o capitão-tenente tinha de regressar a Portugal, foi nomeado director o cidadão Rodrigo Marin Chaves. Durante o período que se seguiu, a Imprensa Oficial sofreu profundas remodelações, sobretudo os serviços de secretarias e arquivo, que foram objecto de uma reorganização que permitiu uma maior eficiência, apesar dos trabalhos oficinais continuarem a laborar com o velho e escasso material que possuíam. Com o alargamento da sua actividade, houve necessidade de procurar outras instalações mais amplas e funcionais, o que levou à sua transferência, por volta de 1912, para um prédio da Rua do Hospital, hoje Rua Pedro Nolasco, passando mais tarde para a Rua do Gamboa, onde igualmente se demorou pouco tempo, pois veio a ser instalada na Rua Central. Mas as mudanças continuaram, sempre com oobjectivo de procurar instalações que permitissem o seu desenvolvimento. Primeiro foi na Praia Grande, numa das casas de Pedro José Lobo, e mais tarde na Rua de Inácio Baptista. Finalmente, em 1930, passaram todos os serviços a funcionar em instalações amplas, onde foi possível montar novos equipamentos e ter boas salas para os serviços administrativos. Foi na antiga residência dos directores da conhecida empresa britânica Companhia das Índias Orientais, hoje Casa Garden, onde é a sede da Fundação Oriente, junto do Jardim de Camões. Verificou-se, porém, ser indispensável a construção de um edifício próprio sem necessidade de serem feitas adaptações. De facto, para a época de 1930 o edifício da Companhia das Índias servira plenamente, mas nos anos cinquenta já não possuía condições para satisfazer as necessidades editoriais de Macau. Assim se construiu o actual edifício sito na rua a que se deu o nome de Rua da Imprensa Oficial, e que foi inaugurado no dia 28 de Janeiro de 1954. Edifício moderno, amplo, com magníficas instalações, mais tarde ampliadas e melhor equipadas, que satisfazem plenamente as necessidades do Território em termos de publicações e dos mais variados impressos que fornece aos outros Serviços da Administração. [J.S.M.]Bibliografia: BRAGA, J.M., “The Beginnings of Printing at Macao”, in Studia, n.° 12, (Lisboa, 1963), pp.29-137.
No dia 2 de Janeiro de 1851, transladação do corpo do Governador João Maria Ferreira do Amaral, do Palácio do Governo para a Capela de N. Sra. do Carmo da Igreja de S. Francisco, onde foi sepultado. (Cfr. Boletim do Governo, Vol. VI, No. 8, de 11 de Janeiro de1851). Foi o Atáude conduzido aos ombros de 6 marinheiros, e as pontas do pano mortuário que o cobria pegaram, o Encarregado de Negócios de France na China, o Cônsul dos Estados Unidos da América, um Vereador, servindo do Presidente, da Câmara Municipal, o Comandante da Estação Naval, o Major Comandante do Batalhão Provisório, ou milícia nacional da Cidade. Precedia o Atáude um destacamento, e marinhagem das guarnições dos Navios de guerra surtos no Porto, e compunham o préstito funebre, o Corpo Municipal com o seu pendão em funeral, as Autoridades civis e militares, a oficialidade da Marinha e do Batalhão Provisório, o Corpo Diplomático e Consular aqui residente, e seus Empregaods, e numeroso sequito dos Moradores de Macao, e de portugueses e estrangeiros ora existentes na Cidade. Fechava este respeitável e ponposo acompanhamento o Batalhão de Linha, com o seu Tenente Coronel Comandante à frente. À porta da Igreja de S. Francisco achava-se o Presidente do Conselho do Governo, Sr. Exa. Rma. o Bispo Diocesano, rodeado de todo o seu Clero, e acompanhando os restos mortaes à referida capela, aqui lhes foi cantado o competente Memento. O préstito e o todo desta religiosa ceremónia apresentava um aspecto de triste, e solemne gravidade que muito impressionava e commovia, fasendo palpitar com sentimentos generosos e patrioticos os corações portugueses.
No dia 19 de Março de 1853, a povoação da Taipa fica isenta este ano de pagar a décima ou “derrama” devido aos prejuízos resultantes do incêndio que destruiu a maior parte das casas no dia 1º. de Janeiro de 1853. Para reconstrução das moradias ficaram também isentos de ancoragem os barcos que levassem para a Ilha o material necessário: madeira, cal, etc..
No dia 1 de Janeiro de 1859, o Governador Isidoro Guimarães nomeia na qualidade de seu secretário na missão ao Sião, de que foi encarregado por S. Majestade, o 2.o Tenente da Armada e Capitão do Porto de Macau, José Maria da Fonseca, ficando a substituí-lo como interino o Guarda Marinha António Fernandes da Cunha, da Guarnição do Brigue de Guerra Mondego.
Fundador da República da China (Cuiheng 翠亨, 12 de Novembro de 1866 – Pequim [Beijing 北 京], 12 de Março de 1925). Do século XVI ao XVIII, europeus e chineses dedicaram-se ao comércio, com vantagens para ambas as partes, usando as vias do diálogo e da diplomacia na procura de soluções. No século XIX tudo se alteraria. A Europa tornou-se forte e arrogante e a intervenção dos ocidentais passou a ser brutal. O exemplo da vasta Índia inglesa despoletava ambições. E não faltaram oportunidades para esquartejar a imensa China: a guerra do ópio (1840-1842), a revolução nacionalista e xenófoba dos Tai Ping 太 平 (1850-1864), a II guerra sino-japonesa (1894- 1895), o movimento nacionalista dos Boxers (1900), a guerra russo-japonesa (1904-1905). Ao iniciar o século XX, o Império do Meio via-se desapossado de importantes porções do seu território, desmantelado economicamente e humilhado por uma série de tratados que designou, não sem razão, ‘tratados iníquos ou tratados desiguais’. Estava assim preparado o terreno para a gestação de um núcleo duro de nacionalistas revolucionários, que se organizaram em sociedades secretas – umas já com ideais republicanos, outras ainda monárquicas – lançando as raízes do primeiro movimento revolucionário da China moderna, que seria provisoriamente encabeçado por Sun Yat- Sen (Sun Yixian 孫逸仙). O fundador da República Chinesa nasceu a 12 de Novembro de 1866, numa aldeia rural, Cuiheng 翠亨, 30 km a norte de Macau, distrito de Xiangshan (香山), actual município de Zhongshan 中山 – berço de inúmeros chineses ultramarinos. Criança pobre, com 5 irmãos, Sun ajudava o avô na apanha de ostras e o pai nas lides da lavoura. ‘Sou cule e filho de cules’, declararia mais tarde, recordando a China semi-colonial e semi-feudal da sua infância. Em Maio de 1878, com 11 anos de idade, passou por Macau, pela primeira vez, acompanhado da mãe, rumo ao Hawai, onde o irmão mais velho, Sun Mei 孫眉, ali emigrado, lhe custearia os estudos no Iolani College, da English Methodist Church, em Honolulu. Em 1883, prosseguiu a sua educação ocidental em Hong Kong, onde também se baptizou no protestantismo. Aos 18 anos, casou com Lu Muzhen 盧慕貞. Em Junho de 1892 licenciou-se em medicina e cirurgia, pelo College of Medicine for Chinese, de Hong Kong, e transferiu-se para Macau, onde iniciou, em Setembro desse ano, a sua carreira de médico, no hospital de Kiang Wu (Jinghu Yiyuan 鏡湖醫院), tornando-se o primeiro médico chinês a praticar ali medicina ocidental. Impedido de prosseguir a sua carreira em Macau, voltou para Hong Kong, em 1893, e ali, na Casa Vermelha, perto do Castle Peak, conspirou para derrubar a dinastia manchu. Seguiu para o interior da China, onde, entre 1895 e a instauração da república, dirigiu nove revoltas, nas províncias de Guangdong 廣東 e Guangxi 廣西. Em Novembro de 1895, por ter abortado a primeira insurreição armada que organizara em Guangdong 廣東, fugiu para Macau e, com a ajuda de um amigo macaense, Francisco Hermenegildo Fernandes, embarcou para Hong Kong e dali para o Japão, prosseguindo uma carreira de revolucionário profissional, com deslocações à Inglaterra e aos Estados Unidos. Em Agosto de 1905, fundou em Tóquio a “Liga Unida da China”, republicana, que rapidamente adquiriu importância no Império do Meio e, com o apoio das comunidades chinesas da América, esteve directamente ligada à revolução que, em 10 de Outubro de 1911, derrubou a dinastia Qing 清. Em 29 de Dezembro do mesmo ano, foi eleito pelos representantes de 17 Províncias, Presidente Provisório da República da China. Em 1 de Janeiro do ano seguinte, foi proclamada oficialmente, em Nanquim, a República da China, tendo o Dr. Sun tomado posse do cargo, com um governo também provisório. A revolução abortou de imediato e foi forçado a demitir-se, logo em 13 de Fevereiro, um dia depois da abdicação do imperador manchu, Pu Yi 溥儀. Em Beijing 北京 dominava Yuan Shikai 袁世凱, tentando restaurar o antigo regime monár quico. Quando a China mergulhava de novo na anarquia, Sun Yat-Sen (Sun Yixian 孫逸仙) passou por Macau, onde não voltara desde que aqui fizera escala, em fuga para o exílio, em 1895. Desta vez vinha em trânsito, de Hong Kong para a sua terra natal. Chegou a 24 de Maio de 1912, e permaneceu até 27, alojandose no palacete de Lou Lim Ioc (Lu Lianruo 盧廉若), seu apoiante e amigo. Encontrou-se com o Governador e com outras personalidades, que lhe organizaram uma recepção solene, e visitou o hospital de Kiang Wu (Jinghu Yiyuan 鏡湖醫院, antes de seguir para a sua terra, Cuiheng 翠亨, que não visitava havia 17 anos. Voltaria a passar por Macau em 16 de Junho do ano seguinte, vindo de Xangai, onde defendera o derrube de Yuan Shikai 袁世凱 (que pretendia fazer-se coroar imperador), e preparara a “Segunda Revolução”. Ficou então instalado em casa do irmão mais velho, Sun Mei 孫眉, na Rua Central, e seguiu para Hong Kong, a 24. Nesta visita, realizou encontros diversos, para acelerar a proclamação da independência da província de Guangdong 廣東. Com a morte de Yuan Shikai 袁 世凱, em 16 de Junho de 1916, Sun Yat-Sen (Sun Yixian 孫逸仙) tentou restaurar a constituição provisória de 1912 e, por essa causa, criou, em Julho de 1917, o Governo Militar de Guangdong 廣東. Aproveitou também para se encontrar com a sua filha mais velha, gravemente doente. A jovem Sun Ting 孫蜓, que havia partido para os Estados Unidos em 1912, com os dois irmãos Sun Fo (Sun Ke 孫科) e Sun Wan 孫婉, para estudar, regressara entretanto a Macau por sofrer de doença renal grave, da qual viria a falecer a 25 daquele mês de Junho de 1913, um dia depois da partida do pai para Hong Kong. Sun Yat-Sen (Sun Yixian 孫逸仙) não voltaria a Macau, cidade que continuaria a ser uma importante base para as actividades dos seus correligionários. As revoltas continuaram, até à unificação empreendida por Jiang Jeshi 蔣介石 (que viria a casar com uma irmã da terceira mulher de Sun), e posteriormente consumada por Mao Zedong 毛澤 東 . Morreu de cancro no fígado, em Beijing 北京, em 12 de Março de 1925. Sun Yat-Sen (Sun Yixian 孫逸仙) deixou dois testamentos: um dirigido aos seus correligionários do Guomindang 國民黨, partido nacionalista que fundara e que, após a sua morte, seria dirigido por Jiang Jeshi 蔣介石 (a última e veemente recomendação referia-se à abolição dos tratados iníquos) e outro dispondo dos seus bens (“O que eu deixo são livros, roupas e a minha casa, indo tudo para minha mulher como recordação”). Em instruções à esposa terá manifestado a vontade de ser embalsamado, colocado numa urna semelhante à do seu amigo Lenine, que falecera um ano antes, e enterrado no Monte do Tigre, em Nanquim, onde jaz. Alguns dias após a sua morte, relizou-se no hospital Kiang Wu (Jinghu Yiyuan 鏡湖醫院) uma grandiosa homenagem em sua memória, na qual terão participado cerca de 20.000 pessoas, das 100.000 que então habitavam nesta cidade. Macau era a terra adoptiva da família do Dr. Sun. O irmão mais velho, Sun Mei 孫眉, a primeira mulher, Lu Muzhen 盧慕貞, e os três filhos, aqui viveram e alguns aqui faleceram, factos que afirmam o apreço que o fundador da república chinesa nutria por esta cidade. Testemunho perene da ligação de Sun Yat-Sen (Sun Yixian 孫逸仙) a Macau, são três grandes estátuas, um busto, e uma Casa-Museu: Sun Yat-Sen Memorial Hall. A nenhum herói Macau erigiu tanto mármore e tanto bronze como ao “Pai da Pátria”: assim é conhecido o fundador da República e primeiro grande revolucionário da China moderna, que abriu caminho para o nacionalismo de Jiang Jeshi 蔣介石 e para o comunismo de Mao Zedong 毛澤 東. [A.G.A.] Bibliografia: ARAÚJO, Amadeu Gomes de, “Sun Yat-Sen em Macau: a Casa-Museu e as Estátuas”, in MacaU, n.º 87, (Macau, Julho 1999), pp. 38-42; BOORMAN, L. Howard, Biographical Dictionary of Republican China, (Nova Iorque, 1970); GUEDES, João, “Sun Iat Sen, Macau e a Revolução”, in Revista da Cultura, n.º 16, (Macau, 1991), pp. 63-95; ZHENG Lei; SHENG Yunhua; FOK Kai Cheong, Macau: Portal e Palco por onde Sun Yat-Sen Ganhou Acesso ao Mundo, (Macau, 1996).
No dia 2 de Fevereiro de 1867, o Governador José Maria da Ponte e Horta decretou, por prejudicial aos costumes da sociedade, a abolição da Roda dos Expostos da Santa Casa de Misericórdia de Macau e proibiu a esta instituição o recolhimento das raparigas abandonadas. Em 1 de Janeiro de 1857, existiam 45 expostos e, em 31 de Dezembro de 1866, 107. O movimento total, nos dez anos, foi de 2.286 expostos. O presidente da comissão encarregada de estudar as necessidades da Santa Casa, Pe. Jorge António Lopes da Silva diz, em relatório: “A sua mortalidade é tão extraordinária que parece não ter exemplo em parte alguma pois, nos dez últimos anos, a mortalidade foi de 95,5 por cento, quase todos chineses”. O Decreto entrou em vigor a 8 do mesmo mês e ano, devendo no entanto a Santa Casa continuar a tratar dos enjeitados que tinha a seu cargo nessa data. Como a Portaria não conseguiu deter a prática, a “Roda” deixou de existir mas as crianças abandonadas à porta da Santa Casa continuaram a ser recebidas. (Cfr. esta Cronologia…, 1855).
D. Manuel Bernardo de Souza Enes - Natural dos Açores, catedrático da Universidade de Coimbra e professor no Seminário da mesma cidade, professo da depois extinta O.F.M. Nomeado Bispo de Macau (1873), confirmado e sagrado em 1874, chegou a Macau em Janeiro de 1877, permanecendo até 1883, sendo depois transferido para a Diocese de Bragança. A delimitação da Diocese de Macau foi alargada no seu tempo (1874), nomeadamente com a inclusão de Timor e Hainão. Entraram também então em Macau as religiosas canossianas. Curiosamente, foi Bispo em exercício antes de chegar a Macau, porque passou procuração ao Padre Vitorino José de Sousa e Almeida para tomar posse por ele (7 Julho 1875). Mas como só veio em 1877, nomeou em 1875 como Governador do Bispado o Padre Gouveia.
No dia 27 de Dezembro de 1879, 'o Governo da Província de Macau e Timor e suas dependência, tomando em consideração o que foi representado pelos logistas e outros habitantes da Taipa e Coloane com relação ao monopólio de peixe, cuja execução, segundo o contrato celebrado com a junta de fazenda, deveria começar a vigorar desde o 1.º de janeiro de 1880, com manifesto prejuízo dos industriais daquele concelho, posto que aparentemente vantajoso para os cofres públicos; considerando que os arrematantes deste monopólio, para obterem os fundos necessários que se obrigaram a pagar, teriam de exercer vexames sobre os pescadores, e que estes, não podendo suportar as contribuições, começavam a abandonar o concelho indo exercer a sua indústria em lugares fora do alcanço da jurisdição portuguesa, deixando por isso de contribuir para o desenvolvimento das outras indústrias; considedrando que os logistas da Taipa e Coloane vivem especialmente das transacções que fazem com os pescadores, e que se estas faltassem aqueles não só teriam que suprimir os seus estabelecimentos mas também, naturalmente, abandonariam o lugar em que vivem, para procurarem onde ganhar os meios da sua subsistência; considerando que os rendimentos do concelho provêem principalmente dos industriais, o que se estes fechassem os seus estabelecimentos o concelho perderia toda a importância que já tem; considerando que, se por uma parte é certo o rendimento do exclusivo do peixe, que os arrematantes haviam de pagar, ainda mesmo à custa de grandes sacrifícios, por outra parte todos os outros rendimentos seriam sensivelmente diminuídos, sendo a final maior o dano que o proveito; atendendo a que é possível obviar a este mal iminente, e se torna urgente dar lhe prompto remédio quer por um acordo com os arrematantes, quer por outra medida mais enérgica; atendendo ao que me foi representado pelos arrematantes do exclusivo sobre as contribuições do peixe fresco e salgado, na Taipa e Coloane, que pedem rescisão do contrato celebrado com a junta da fazenda em 14 de outubro último, porque reconhecem quanto ele é oneroso para os povos e pouco vantajoso para os seus interesses; atendendo, finalmente, a que o bem estar dos povos deve ser uma das primeiras solicitudes da administração, o que esta não tem só em vista o aumento de rendimentos públicos, à custa de sacrifícios, sendo certo também que esses aumentos muitas vezes são efémeros; tendo ouvido a junta da fazenda, que não propõe a revogação do contrato, mas que aceita a rescisão proposta pelos arrematantes; hei por conveniente determinar, em vista da rescisão do contrato que me é requerida, que o imposto sobre o peixe no concelho da Taipa e Coloane continue pelo sistema que se cha estabelecido, ficando por esta forma de nenhum efeito o contrato celebrado pela junta da fazenda em 14 de outubro de 1879, e que deveria começar a vigorar no 1.º de janeiro de 1880.
No dia 1 de Janeiro de 1901, foi fundada a Imprensa Nacional de Macau, ficando os serviços instalados num edifício da Calçada do Bom Jesus. Até aí as publicações oficiais eram impressas em tipografia particular. O primeiro Director da nova instituição, criada com o Governo de José Maria de Sousa Horta e Costa, foi o Eng. Maquinista Naval José Maria Lopes, seguido, anos mais tarde, de Rodrigo Marim Chaves (de 19 de Setembro de1921 a 4 de Julho de 1925. Cfr. B.O. de 1921, p. 365). Também este Director deve ser mencionado como agente da reorganização e modernização do serviço, que conheceu ainda abrigo na R. do Hospital (hoje Pedro Nolasco), depois na R. do Gamboa, na R. Central, na R. da Praia Grande, na R. de Inácio Baptista, na “Casa Garden” (1930-1953) e finalmente, com o entusiasta Administrador Jaime Robarts, em edifício próprio.
No dia 14 de Novembro de 1901, publicou-se o Decreto que aprovou a nova organização militar do Ultramar. O Corpo de Polícia de Macau, com esta designação, fora inicialmente criado em ll de Outubro de 1861 (OFA 21). Em 18 de Janeiro de 1879 tinha sido dissolvido e criada a Guarda Policial de Macau que, por sua vez, foi extinta em 8 de Novembro de 1895. Em 14 de Novembro de 1901 é publicado um Decreto que reorganiza as forças militares e cria um Corpo de Polícia, com carácter militar. Este Decreto só foi posto em execução (artº. 195) a partir de 1 de Janeiro de 1902, conforme Portaria Provincial 113/1901. As forças militares passaram a ter a seguinte composição: Quartel-General; 1 Companhia europeia de artilharia de guarnição; 1 Companhia europeia de infantaria; 1 Corpo de polícia com 2 Companhias de infantaria e 1pelotão de cavalaria; 1 Banda de música indígena; Depósito de material de guerra; Companhia de Saúde de Macau e Timor (com esta designação se manteve até 1919, apesar de Timor ter ficado autónomo); Presídio Militar do Monte; Companhia de reformados; A Fortaleza do Monte foi considerada praça de guerra (in: Cação A. – op. cit.).
O Escudo foi a unidade monetária fundamental portuguesa de 1911 a 2001. A República, proclamada a 5 de Outubrode 1910, reformou o sistema monetário português: o Decreto com força de lei de 22 de Maio de 1911, revogando a lei de 29 de Julho de 1854, de terminou a substituição do real pelo Escudo-Ouro. O real tornara-se uma simples moeda de conta e, sendo muito pequena, criava alguns inconvenientes: obrigava a muitos números, pelo quese tornava muito pouco prática, e induzia os estrangeiros em erro na avaliação dos montantes. A nova unidade monetária – o Escudo – equivalia a mil reis e estava dividida em 100 centavos (unidades de conta). Os seus múltiplos seriam moedas de ouro de 2, 5 e 10 escudos, que nunca existiram. Os submúltiplos do Escudo eram moedas de prata de 50, 20 e 10 centavos. Criaram-se também moedas subsidiárias de 4, 2, 1 e 0,5 centavos de bronze e níquel. A moeda de 0,5 centavos não foi cunhada. Devido à facilidade de conversão entre a antiga e a nova unidade monetária, a mudança não suscitou problemas no quotidiano da comunidade que, aliás, conservou na linguagem corrente a lembrança da antiga unidade monetária, o real. Também na linguagem corrente se manteve o uso do“tostão”, que equivalia a 100 reis. Assim, exemplificando, 50 centavos correspondiam a 5 tostões,1 escudo a 10 tostões, 2 escudos e 50 centavos a 25 tostões. A emissão destas moedas era exclusiva do Estado e na reforma introduzida pelo referido Decreto de 22 de Maio de 1911 previa-se que fosse aplicada a todo o território da República, excepto ao Estado da Índia. O Decreto n.º 800, de 26 de Agosto de 1914, regulou a faculdade de emissão de notas pelo Banco de Portugal. Em 1917, o Banco de Portugal começou a emitir notas de 50 centavos, 1 escudo, 2 escudos e 50 centavos, 5, 10, 20 e 50 escudos. A emissão de notas continuou antes e após a Revolução de 25 de Abril de 1974, geralmente sob a evocação de uma figura histórica, como são os casos seguintes: Santo António (20$00), Infanta D. Maria (50$00), Fernando Pessoa (100$00), João de Barros (500$00), Pedro Álvares Cabral (1000$00), Bartolomeu Dias (2000$00), Vasco da Gama (5000$00), Infante D. Henrique (10000$00). Esta última, cuja derradeira emissão data de 20 de Maio de 1996, foi a nota portuguesa de valor nominal mais elevado. Após a Grande Guerra de 1914-1918, o Escudo de papel atingiu o seu valor mais baixo (0,25 do seu valor ouro) em Julho de 1924. Até 1919 assistira-se a um período de depreciação lenta do Escudo, a que se seguira um período de depreciação rápida. A política de estabilização do câmbio e do poder de compra interno levada a efeito, a partir de 1922, pelo governo de Álvaro de Castro, procurou travar esta situação. As Câmaras Municipais, em consequência da crise que se seguiu a este grande conflito, emitiram cédulas de papel para, assim, superarem a falta de numerário. Em 1928, com a entrada de Oliveira Salazar para o Ministério das Finanças, consolida-se a política de estabilização e promovem-se profundas reformas financeiras, administrativas e tributárias que permitiram melhorias na situação monetária e cambial. A reforma monetária de 1931, estabelecida pelo Decreto com força de lei n.º 19870, de 9 de Junho de 1931, criou um novo regime monetário estabelecendo as seguintes moedas: 50,100 e 250 escudos, de ouro; 2 escudo se 50 centavos, 5 e 10 escudos, de prata; 1 escudo e 50 centavos, de alpaca; 5, 10 e 20 centavos, de bronze. As moedas de ouro são substituídas, nas suas funções, pelas notas emitidas pelo Banco de Portugal, dos seguintes valores: 20, 50, 100, 500 e 1000 escudos. A par desta reforma, o Banco de Portugal foi confirmado como banco central a nível macro económico. A ruptura decorrente da Revolução de 25 de Abril de 1974, que pôs termo à ditadura do Estado Novo – regime resultante do movimento militar de Maio de 1926 – determinou a alteração da situação interna e externa do Escudo e a extinção da zona do Escudo, consequência particular da descolonização. Os novos Estados de língua portuguesa passaram a ter moeda própria: o peso na Guiné; o escudo em Cabo Verde; a dobra em SãoTomé e Príncipe; okuanza em Angola; a metical em Moçambique. A partir de 1 de Janeiro de 1999 o Escudo deixou de ser a unidade monetária portuguesa principal e passou a ser um submúltiplo nacional não decimal da nova unidade monetária – o Euro, unidade monetária fundamental da União Europeia. A taxa de conversão, que foi fixada em 31 de Dezembro de 1998, é de 200, 482 escudos por cada Euro. As notas e moedas de Escudos deixaram de poder ser utilizadas, definitivamente, a partir de 1 de Março de 2002. Em Janeiro e Fevereiro de 2002 de correu o designado“período de dupla circulação”, durante o qual os Euros foram progressivamente distribuídos e os Escudos foram sendo retirados da circulação. [M.T.O.] Bibliografia: VALÉRIO, Nuno, O Escudo: Unidade Monetária Portuguesa 1911-2001 (Lisboa, 2001).
Durante muitos anos, a concessão da exploração dos jogos de fortuna ou azar esteve entregue à Companhia Tai Heng (Taixing 泰 興), com sede no Hotel Central, situado na Avenida Almeida Ribeiro, onde funcionavam as principais salas de jogo. A exploração fazia-se também em duas outras casas de muito baixa qualidade. Entretanto, a vinda para Macau, em 1959, do Governador Jaime Silvério Marques, levou o Governo de Macau a rever o problema da concessão da exploração dos jogos de fortuna ou azar, e mercê da decidida actuação desse novo governante, o Governo de Portugal, através do Ministério do Ultramar, publicou um decreto-lei fixando novas regras para a concessão. Tal facto levou à abertura de concurso internacional para a exploração do jogo, tendo-se registado dois concorrentes: A Companhia Tai Heng (Taixing 泰興), que pretendia a renovação da concessão que detinha há anos, sem que curasse de investir os lucros em acções susceptíveis de contribuírem para o progresso de Macau, e o Dr. Stanley Ho. O Governo de Macau decidiu atribuir a concessão ao Dr. Stanley Ho, para desespero do antigo concessionário, que dificilmente aceitou tal decisão. Assim, o Dr. Stanley Ho assinou, em Dezembro de 1961, um contrato de concessão pelo qual se obrigava a constituir a curto prazo uma sociedade comercial para assumir a exploração do jogo. A Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, S.A.R.L. foi constituída em Maio de 1962, tendo como principais accionistas os Srs. Henry Fok (Huo Yingdong 霍英 東), Teddy Yip (Ye Deli 葉德利), Yip Hon (Ye Han 葉漢) e o próprio Dr. Stanley Ho (He Hongshen 何 鴻燊), que para ela transferiu o contrato de concessão. Portanto, a Companhia Tai Heng (Taixing 泰興) cessou a exploração do jogo em 31 de Dezembro de 1961 e a nova concessionária iniciou a exploração no dia 1 de Janeiro de 1962, em instalações provisórias do complexo da Piscina Municipal, onde ao tempo existia apenas um restaurante no piso térreo. O antigo concessionário retirou da circulação os barcos que faziam a ligação de Macau com Hong Kong, para dificultar a actuação do novo concessionário. No entanto, o Dr. Stanley Ho, agindo com presteza, adquiriu un navio que permitiu assegurar as ligações entre Macau e Hong Kong. Surgiram depois os hidroplanadores, os jactoplanadores, novos ferries, o Hotel Lisboa, a ampliação do complexo da Piscina Municipal (Hotel Estoril), e muitas outras iniciativas que fizeram Macau despertar da modorra em que caíra. Têm sido e continuam a ser múltiplas as contribuíções da S.T.D.M. para o desenvolvimento e progresso, muitas delas voluntárias, e para além das obrigações do Contrato de Concessão, revisto e modificado algumas vezes, mas cuja validade caducou em 31 de Dezembro de 2001. É incontroverso que o aparecimento da S.T.D.M. e a sua dinâmica e multifacetada acção ao longo de 39 anos, foram factores que contribuíram sobremaneira para que Macau seja o Território progressivo e moderno que hoje é. [J.M.A.]
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