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Trata-se de um significativo conjunto de cerca de seis mil folhas manuscritas, cronologicamente situadas, na sua grande maioria, entre meados do século XVIII e a primeira metade da centúria seguinte. A temática desta documentação diz respeito às relações entre as autoridades portuguesas e chinesas a propósito do território de Macau, versando múltiplos e variados temas, no âmbito dos contactos ofic

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1587

No início do século XIII, Domingos de Gusmão fundou uma ordem religiosa e minentemente apostólica: a Ordem dos Pregadores, uma dádivado Espírito Santo à Igreja, ao serviço da evangelização dos povos. Imitando os apóstolos na pobreza e na pregação itinerante, São Domingos de Gusmão e os seus frades consagraram-se ao ministério da Palavra, anúncio da salvação. O frade pregador deve ir pregar o evangelho por toda a parte. Não deve esperar que venham até ele. Esta projecção apostólico-missionária marca de tal modo o estilo e a especificidade da vida dominicana que a expansão da ordem dos Pregadores correspondeu, desde o seu início, ao fervor missionário dos seus religiosos. O ideal que Domingos não logrou desenvolver pessoalmente no serviço missionário a todas as igrejas e a todos os povos, conseguiu, porém,incutir maravilhosamente nos seus filhos, discípulos e sucessores. Cinco anos após a confirmação da sua ordem por Honório III, os frades pregadores, movidos pela sua vocação apostólica, haviam-se espalhado por toda a Europa e, em finais do século XIII, já havia sido erigida a Congregação dos Irmãos Peregrinos, exclusivamente dedicada à evangelização das gentes, cujo campo de acção iria ser o Oriente (Próximo e Extremo) e a África. Antes do final da Idade Média, em meados do século XIV, surge um novo movimento missionário de grande importância, em direcção aos países do Extremo Oriente, entre os dominicanos portugueses, que, seguindo a rota dos exploradores de Portugal, expandiram o seu campo missionário pelos mapas de África, da Índia, de Ceilão, de Malaca, …, tendo estabelecido a sua sede central em Goa.Trata-se da Congregação da Santa Cruz das Índias Orientais, que nos traz à memória a Congregação dos Irmãos Peregrinos de finais do século XIII, e prenuncia o que virá a ser a Província Missionáriade Nossa Senhora do Rosário. Esta Província nasceu em 1587 e tinha como vocação específica a evangelização da China e dos povos vizinhos. Por destino histórico, Manila veio a tornar-se o centro das suas operações apostólicas, e as Ilhas Filipinas, a China, o Japão, o Vietname e a Formosa os campos da sua itinerância evangélica durante quatrocentos anos. – I.Dominica nos: de Acapulco a Macau. Estava-se na segunda quinzena de Agosto de 1587. O patacho San Martín, após cinco meses de travessia pelo Pacífico, aproximava-se de Macau, seu porto de destino, quando foi surpreendido for um forte temporal e arremessado para a costa da China, tendo ficado completamente destruído. Salvaram-se tripulantes e passageiros, entre os quais se encontravam três dominicanos espanhóis: os padres Antonio Arcediano, Alonso Delgado e Bartolomé López,que íam acaminho de Macau na esperança de ali encontrarem porta aberta para iniciarem o seu apostolado na evangelização da China. Os frágeis náufragos foram acolhidos por um chinês gentil, rico em bens de fortuna e em virtudes naturais, que os recebeu generosamente e lhes ofereceu inclusivamente os seus bons préstimos para interceder perante o vice-rei chinês no sentido de este lhes permitir que se estabelecessem na China e pregassem o evangelho. Tendo aceitado a oferta, e enquanto eram feitas as diligências necessárias para obter a autorização do vice-rei, os frades e os seus companheiros de naufrágio dirigiram-se para Macau, tendo chegado à colónia lusitana a 1 de Setembro de 1587. Os 15 dominicanos, que formavam o núcleo central de uma nova fundação missionária consagrada à evangelização da China e reinos vizinhos, foram mais afortunados na travessia do Pacífico. Saíram de Acapulco, no México, no dia 6 de Abril de 1587 e chegaram a Cavite, nas Filipinas, a 22 de Julho e, três dias depois, a Manila, onde foram fraternalmente recebidos pelo seu irmão na religião, o excelentíssimo Padre D. Domingo Salazar, O.P., pri- meiro bispo das Filipinas. Os três dominicanos que haviam saído de Acapulco com destino a Macau a 3 de Abril constituíam a guarda-avançada desta nova fundação missionária que procurava, na colónia lusitana da China, um porto seguro deligação entre Manila e a China e uma base estável com vista à expansão do seu apostolado na China continental. –II.Dominica nos em Macau. Os frades de São Domingos foram recebidos em Macau pelos padres agostinhos que, praticamente só um ano antes (1 de Nov. de 1586), haviam logrado fundar um convento que lhes franqueasse a entrada na China. Na ausência do bispo, D. Leonardo de Sá, que se encontrava por aquela altura em Goa, o Provisor da diocese favoreceu os dominicanos com adoação de umas casas onde puderam alojar-se imediatamente. As cláusulas desta doação determinavam que a nova igreja levasse a advocação de Nossa Senhora do Rosário e que os frades se comprometessem a rezar anualmente as três missas do Natal em intenção do ofertante. Os frades aceitaram ao ferta a 16 de Outubro e, oito dias mais tarde, ambas as partes assinavam o contrato. Esta fundação de Macau foi oficialmente reconhecida Província no Primeiro Capítulo celebrado em Manila a 10 de Junho de 1588, tendo o padre Antonio Arcediano sido instituído vigário da casa de Macau, para a qual foram designados os padres Alonso Delgado e Bartolomé López. Esta recepção por parte do governo lusitano provocou principalmente oposição e resistência. Mal foi conhecida a chegada dos náufragos castelhanos, brotaram em força na colónia os já tradicionais receios que os portugueses alimentavam em relação aos espanhóis e começaram de imediato a organizar-se reuniões do Conselho da cidade para decidir a sorte dos três dominicanos e dos seus companheiros de viagem. Os mais exaltados pediam a expulsão destes sem demora, enquanto que a maioria propunha que o caso fosse enviado para o Vice-Rei da Índia, cuja decisão seria acatada. As medidas que foram tomadas em relação a este assunto tão espinhoso foram de tal modo rápidas que, em Março do ano seguinte (1588), chegavam a Macau as cartas do Vice-Rei português da Índia, nas quais se dispunha que os frades de São Domingos e os seus companheiros de naufrágio, por serem castelhanos, fossem desterrados para Goa, sem que lhes fosse permitido viajarem até Manila. Era também estabelecido que as propriedades dos religiosos fossem entregues aos dominicanos portugueses da Congregação da Santa Cruz das Índias. Assim terminavam as primeiras tentativas dos dominicanos espanhóis para fundarem uma missão em Macau. Todavia, nem tudo foi fracasso. Deixaram em Macau a sua pequena igreja de madeira dedicada à Virgem do Rosário, o seu singelo convento e os rudimentos de uma escola de Gramática. E, zelando por este pequeno tesouro até à chegada dos dominicanos portugueses, ali ficava o Padre António de Santa Maria, mestiço sino-português, sacerdote secular que, atraído pela austeridade da vida monástica e pelo zelo apostólico dos dominicanos, se havia incorporado na comunidade, tendo recebido, graçasàhabi- lidade do padre Arcediano, o hábito dos frades pregadores. – III. Dominicanos e a Procuração das Missões em Macau. A fundação da Procuração das Missões Dominicanas em Macau coincide com a restauração das missões na China. Com o martírio do bispo Pedro M. Sanz, a 26 de Maio de 1747, e o dos padres Serrado, Alcober Díaz y Royo, a 28 de Outubro do ano seguinte, a perseguição havia terminado com o apostolado dos dominicanos espanhóis na China. Restava apenas na missão o infatigável e heróico padre Juan Fung de Santa María, dominicano chinês, o qual pedia com insistência, na sua correspondência com os superiores de Manila, o envio de novos operários evangélicos. Devido à perseguição, a restauração da missão teve de esperar até 1753, ano em que foram destinados à China os padres espanhóis DiegoTerradillos e Domingo Castanedo e os padres chineses Pedro Nien de Santo Domingo e Simon Lo del Rosario. Saíram de Manila a 10 de Janeiro de 1753, chegando a Macau a 28 dos mesmos mês e ano. Os quatro novos missionários conseguiram entrar na missão de Fujian a partir da colónia lusitana, por diversas vias e em diferentes datas no ano seguinte, apesar da apertada vigilância das autoridades chinesas para impedir a todo o custo a entrada de estrangeiros na China. O segundo reforço, também de quatro missionários, chegou a Macau a 14 de Novembro de 1754. Tratava-se dos padres Manuel Díaz, Antonio Lotranco, Pedro Feliu e Vicente Ausina, este último com o Procurador das Missões. A restauração da missão pedia também uma casa-procuração onde pudesse receber os novos missionários, atender os doentes e acolher os desterrados em caso de perseguição. Esta fundação era tão necessária e urgente que o próprio Mestre Geraldos Dominicanos, padre Boxadors, em documento oficial de 13 de Dezembro de 1757, orde nava a fundação da Procuração dos Dominicanos em Macau, onde deveria de imediato residiro Procurador das Missões da Provínciade Nossa Senhorado Rosário, sem que qualquer autoridade,incluindo a do Provincial, pudesse retirar-lhe as funções sem prévia nomeação de um substituto. Esta ordenação do Mestre Geral foi cumprimentada pelo Capítulo Provincialde Manilade 1759, que instituíu o padre Vicente Ausina Procuradordas Missões Dominicanasda Chinaede Tonquim (Vietname), com residência no convento dos dominicanos portugueses de Macau. As primeiras medidas toma das pelo Procuradordas Missões Dominicanas tiveram por objectivo a compra de locais apropriados para o desempenho das suas funções. Comprou primeiro – desconhece-se a data – a casa do falecido cónego Manuel José Caldeira, situada junto da Igreja-Catedral e, em 1760, algumas vivendas situadas em frente da porta traseira do convento de São Domingos. Os cinco procuradores que lhe sucederam nas funções até ao final do século, aproveitando as possibilidades de entrada de missionários na China que Macau lhes oferecia, apesar do rigor da perseguição, conseguiram manter, em média, oito missionários na missão de Fujian 福建e um número ainda maior na deTonquim. Durante a sua permanência em Macau, foram bem acolhidos pelos seus irmãos dominicanos portugueses e não lhes foram impostas quaisquer restrições por parte das autoridades, quer civis quer eclesiásticas, até 1778, ano em que D. Alexandre da Silva Guimarães, Bispo-Governador de Macau, expulsouo procurador dos dominicanos, padre Antonio Robles. Já antes de ser governador, e em virtude dos poderes do Padroado de Portugal, o bispo Alexandre havia proibido a entrada de missionários estrangeiros que não houvessem previamente jurado fidelidade ao rei de Portugal e ao arcebispo de Goa. Esta disposição afectava principalmente os procuradores da Propaganda, das Missões Estrangeiras de Parise das Missões Dominicanas. O padre Robles negou-se a prestar tal juramento e, por esse motivo, foi expulso da colónia lusitana. A 8 de Março de 1778, antes de partir para Manila,o padre Robles entregou a administração dos negócios da Procuração ao irmão franciscano Martín Paláu. A 1 de Janeiro de 1781 chegou a Macau o padre José Lavilla, que exerceu as funções de procurador durante três anos. As disposições relativas ao juramento de fidelidade ao rei de Portugal continuavam em vigor, apesar da partida do bispo Alexandre para Lisboa em 1780, e o padre Lavilla, homem de carácter forte, não tendo nunca conseguido entender-se com os portugueses, voltou para Manila em Maio de 1784. Entretanto, o rei de Espanha havia encarregado um embaixador em Lisboa de negociar com o Governo português a autorização de residência em Macau para os procuradores dos religiosos espanhóis e de passagem para a China para os missionários. Esta intervenção do embaixador de Espanha teve como resultado a promulgação em Lisboa de novas disposições favoráveis à petição da Corte de Madrid, mediante as quais era concedido aos missionários espanhóis, semque, para tal, fossem obrigados a prestar juramento de fidelidade à Coroa de Portugal, o direito de residência em Macau e de passagem para a China. Em Outubro de 1786, o padre Manuel Corripío partiu de Manila para Macau com ano meação de Procurador das Missões. Levava consigo a autorização dogovernador de Manila e a promessa de residência por parte do de Macau, transmitida a Manila pelo irmão franciscano Martín Paláu. Com a chegada do padre Corripío à colónia lusitana,começouasegundaetapadahistóriadaPro- curaçãodos Dominicanos em Macau que se prolongou até 1861. A casa-procuração, independente do conventodos dominicanosp ortugueses, estava agora situada por trás do Seminário de São José, na praceta que fica defronte da igreja de Santo Agostinho. Os treze procuradores que serviram as missões da China e de Tonquim durante este meio século viram-se obrigados a limitar o seu trabalho de procura dores ao envio de ajuda material às missões do interior, uma vez que, devido às perseguições e à muita vigilância de portos e fronteiras, foram muito poucos os missionários vindos de Manila que chegaram a Macau a caminho das missões. Dedicaram um esforço especial à recolha de fundos, através de obras pias e dedonativos, para custear os gastos da formação de catequistas e para a fundação dos seminários de Kesen, de Amoy (Xiamen廈門) e de Fuzhou 福州. Os frutos de tantos trabalhos não tardaram em chegar, pois, em 1832, havia já sete sacerdotes que tinham feito os seus estudos no seminário de Santa Cruz de Kesen e, em 1860, o número de sacerdotes chineses na igreja de Fujian福建ultrapassava os 20. Concluímos esta informação sobre a Procuração das Missões Dominicanas em Macau com a lembrança nos tálgica de dois acontecimentos: a consagração de um bispo dominicano e a sepultura de outro. Na primavera de 1792 chegou a Macau, a caminho da missão da China, o padre Roque Carpena. Onze anos depois, altura em que era bispo de Macau o franciscano D. Manuel de S. Galdino, aquele vol- tava à mesma cidade para ser consagrado bispo de Fujian福建, a 23 de Janeirode 1803. Nopresbitério, diantedoaltar-mórda Igrejade São Domingos, des- cansam os restos mortais do excelentíssimo Padre Tomas Badia. Missionário na China durante dez anos, foi, em 1834, consagrado em Singapura bispo-auxiliar do Arcebispo de Manila, o agostinho Seguí. De saúde delicada, faleceu a 1 de Setembro de 1844, aos 33 a nos deidade, em Macau, onde esperava notificação oficial, por parte da Corte de Madrid, da sua nomeação para Manila. No enterro foram-lhe concedidas honras de realeza, tendo assistido aos funerais o Governador e o Senado, o enviado da China e a sua comitiva, os senhores bispos Borja e Mata, ocleroda cidade e uma grande multidão de fiéis. [A.S.] Bibliografia: FERRANDO, Juan, O.P., Historia de los PP. Do- minicosenlasIslasFilipinas,Japón,Chinas,Tung-KínyFormosa, (Madrid, 1871); GONZALEZ, José Maria, O.P., Historia de las Misiones Dominicanas en China, (Madrid, 1962); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau e a sua Diocese, vol. III, (Macau, 1957- 1961).

1633

Primeiro padre jesuíta chinês, cujo nome chinês é Zheng Manuo 鄭瑪諾. Filho de pais cristãos chineses, natural de Macau, onde nasceu a 25 de Maio de 1633. Partiu da sua terra natal a 20 de Dezembro de 1645, com o Padre Alexandre de Rhodes, S.J., para a Roma, por via terrestre. Após várias vicissitudes durante a viagem, só chegou à Roma a 1 de Janeiro de 1650, com o Padre Francesco della Roca, S.J.. Em 17 de Outubro de 1651, ingressou no Noviciado Jesuítico de Santo André. Mais tarde, veio a completar várias cadeiras no Colégio Romano, onde chegou a ser professor de Gramática e Humanidades, durante 4 anos. No Verão de 1660, foi estudar para Bolonha. Em fins de 1661, entrou no Colégio de Coimbra, onde viria a ser ordenado sacerdote, em 1667. A 13 de Abril de 1666, iniciou a sua viagem de regresso à China, a partir de Lisboa. Só aportou a Macau a 19 de Agosto de 1668. Entrou no Colégio de São Paulo para aprender o chinês, que tinha esquecido. Nos finais de 1669, entrou disfarçado em Cantão, onde trabalhou até ao 1670. Em Setembro de 1671, foi à capital Imperial, Pequim, em companhia dos Padres Cláudio Filippo Grimaldi e Christian Wolfang Henriques Herdricht. Veio a falecer em Beijing 北京, a 26 de Maio de 1673, com 40 anos. Os seus restos mortais estão no Cemitério Zhalan 柵欄, de Pequim 北京. [J.G.P.] Bibliografia: DEHERGNE, J., Repertoire des Jeuites de Chine de 1552-1800, (Rome/Paris, 1973); MALATESTA, Edward J.; ZHIYU, Gao, Departed, yet Present – Zhalan, The Oldest Christian Cemetery in Beijing, (Macau, 1995); MARIA, José de Jesus, Ásia Sínica e Japónica, vol. 1, (Macau, 1988); PFISTER, Louis, Notices Biographiques et Bibliographiques sur les Jésuites de L’ancienne Mission de Chine, 1552-1773, vol. 1, (Xangai, 1932); ROULEAU, Francis A., “The First Chinese Priest of the Society of Jesus Emmanuel de Siqueira, 1633-1673”, in Archivum Historicum Societatis Iesu, vol. 28, (Roma, 1959); TEIXEIRA, Padre Manuel, “O Primeiro Padre Jesuíta Chinês”, in Revista de Cultura, n.º 10, (Macau).

1673

No dia 26 de Maio de 1673, morreu em Pequim o primeiro jesuíta chinês, ordenado em Coimbra. Nascera em Macau em 1633 e tomou o nome de Manuel de Siqueira.

1781

Sir George Staunton é largamente reconhecido como tendo sido o primeiro sinologista e sinólogo britânico que, depois de ter passado quinze anos em Macau e Cantão, voltou para Inglaterra onde entrou para o Parlamento, e continuou a ter um papel da maior relevância nas questões relacionadas com a China. George Thomas Staunton nasceu próximo de Salisbury, no Wiltshire, em Inglaterra, a 26 de Maio de 1781, filho de Sir George Leonard Staunton e de Jane Collins. Foi educado em casa por preceptores privados. Quando tinha onze anos, o seu pai foi nomeado secretário e deputadode Lord Macartney, que dirigiu a primeira embaixada britânica à China (1792-94), e pai e filho viajaram para Itália para procurar os serviços de intérpretes chineses do Collegium Sinicum, em Nápoles. Durante a viagem, ali viu a família real francesa deposta e também a assembleia-geral revolucionária de 1792, e nesta altura já dominava perfeitamente o Latim, o Grego e o Francês. Foi oferecida aos dois intérpretes chineses, padres que haviam recebido forma ção em Itália, uma passagem gratuita de volta para Macau ou a China, em troca dos seus serviços de tradutores e de intérpretes. Staunton começou a aprender Chinês com os dois padres, durante os meses anteriores à partida da Embaixada e durante a longa viagem para a China. Quando a Embaixada chegou a Pequim, em Julho de 1793, Staunton já conseguia ler e falar o Chinês básico e, quando foi apresentado ao Imperador Qianlong 乾隆, em Jehol (Rehe 熱河), em Setembro de 1793, encantou-o com o seu Chinês. Staunton continuou a ajudar na tradução no decorrer da Embaixada e voltou para Londres, com catorze anos, já bastante competente na língua. A sua educação privada continuou e, depois de frequentar durante um ano o Trinity College, em Cambridge, o seu pai retirou-o após um desentendimento sobre a atribuição de um prémio de Latim, mas, a seguir, conseguiu-lhe um posto de escrivão na British East India Company (Companhia Britânica da Índia Oriental), em Cantão. Mais tarde, Staunton escreveu que tinha obtido a sua posição, em grande parte, por causa dos seus conhecimentos de Chinês. Staunton chegou a Cantão em 1800, com dezanove anos, e aí, concentrando-se nos seus estudos chineses, tornou-se, de facto, no fundador da sinologia britânica. Quase imediatamente após a sua chegada à China, foi chamado para actuar como intérprete numa disputa entre as autoridades britânicas e chinesas, e as suas capacidades e a sua utilidade prática para a EIC foram largamente apreciadas. Mas, dois anos mais tarde, recebeu a notícia da morte do seu pai e, assim, voltou a Inglaterra para receber o testamento do seu pai e também para reclamar o seu título de baronete. Durante esta visita a casa, foi eleito para a Royal Society (Sociedade Real), a principal sociedade culta da época, e também para o Literary Club (Clube Literário), fundado pelo Dr. Johnson, no século XVIII. Ao voltar à China, em 1804, o significado das suas capacidades linguísticas foi completamente reconhecida pela East India Company e foi promovido à posição de encarregado da carga. Staunton dominava agora os seus conhecimentos linguísticos e, em 1805, traduziu um tratado do cirurgião da East India Company (EIC), Alexander Pearson, sobre a eficácia da inoculação da vacina de Jenner contra a varíola, com o objectivo da sua disseminação entre os Chineses em Cantão. Foi Staunton que ajudou Robert Morrison, a partir de uma carta de recomendação de Sir Joseph Banks, quando ele chegou a Macau e Cantão, em 1807, e foi Staunton que ajudou Morrison a encontrar professores chineses. Quando Morrison encontrou dificuldades com a East India Company, por causa das suas actividades missionárias, Staunton veio em sua defesa. Nas suas memórias, ele admite que Morrison se tornou, eventualmente, no mais competente erudito em língua chinesa, e nas memórias de Eliza Morrison sobre o seu marido, ela presta tributo ao papel de Staunton na vida do seu marido. Certamente, Staunton e Morrison continuaram a corresponder-se, depois de Staunton deixar Macau, em 1817, e encontraram-se quando Morrison esteve em Londres, em meados de 1820. Ambos foram fundamentais para assentar as bases da sinologia britânica, da qual os seus anos em Macau e Cantão foram uma parte crucial. Em Macau, em 1808, Staunton iniciou a sua tradução do Ta Tsing Leu Lee (Daqing Luli 大清律例), o Código Legal Qing 清, e completou esta tarefa monumental na sua viagem para Londres, em licença. Foi publicado em Londres, em 1810, e foi o primeiro trabalho alguma vez traduzido directamente de Chinês para Inglês, e foi a primeira tradução desta importante obra para qualquer língua europeia. O Código Legal Chinês ficava, assim, disponível para os eruditos europeus, pela primeira vez, e isto teve um impacto importante no entendimento ocidental dos sistemas legais chineses. Staunton regressou à China, em 1814 e, em 1816, foi promovido à posição de presidente do Select Committee (Comissão Selecta), tornando- se, assim, no chefe da East India Company, em Cantão e Macau. Pouco depois, foi nomeado como adjunto de Lord Amherst para a segunda Embaixada britânica à China, a mesma posição que seu pai havia ocupado junto de Lord Macartney, em 1793 e, assim, visitou Pequim uma vez mais, agora como adulto. Desaconselhou vigorosamente Lord Amherst a fazer o kowtow (koutou 叩頭) ao imperador e, ainda que isso tenha contribuído para o fracasso da embaixada, recebeu o apoio de Amherst e de outros. Em 1817, deixou a China pela última vez e, em 1818, entrou no Parlamento, onde os seus conhecimentos sobre o comércio da China e de Cantão, fizeram dele um importante orador, no decorrer dos debates sobre o monopólio da East India Company no comércio com a China, uma posição que apoiava. No início de 1830, representou Heytsbury, no Wiltshire, e, após ter perdido o seu mandato, representou o South Hampshire, juntamente com Lord Palmerton, principal arquitecto da política estrangeira britânica, incluindo o que se refere à China, durante este período. Perdeu esse mandato, mas foi, a seguir, eleito para representar Portsmouth, o que fez de 1838 a 1852. Staunton nunca pertenceu a nenhum governo britânico, mas era um orador respeitado em questões chinesas. No início de 1830, era um árduo defensor do direito chinês de regular o seu próprio comércio estrangeiro e provou-se que estava correcto nas suas declarações sobre o monopólio da East India Company quando, após a sua abolição, os comerciantes privados começaram a agitar-se crescentemente, contra as autoridades de Cantão. Contudo, em finais de 1830, acreditava que a China estava a ser demasiada obstrusiva na sua posição contra o mercado livre e, eventualmente, acabou por apoiar a política britânica, que culminou na primeira Guerra do Ópio, de 1839- 42. Em Londres, Staunton ajudou a co-fundar a Royal Asiatic Society (Sociedade Real Asiática), em 1823, e doou a sua substancial Biblioteca Chinesa a esta sociedade, bem como a sua colecção de artefactos chineses. Após a morte de Robert Morrison, em 1834, fez incansavelmente campanha junto do governo britânico para que providenciasse uma pensão para a família de Morrison e, foi através dos seus esforços, que a significativa colecção de livros de Morrison foi recolhida pela Universidade de Londres, onde Staunton foi também fundamental para o estabelecimento de um curso de Chinês, o primeiro do género na Grã-Bretanha. A tradução de Staunton do Ta Tsing Lee (Daqing Lu 大清 律) é, provavelmente, a sua obra mais importante, e era-o, certamente, do seu próprio ponto de vista. Em 1819, comprou uma grande casa no Hampshire, em Leigh Park, onde criou um jardim chinês e um templo gótico, no qual colocou placas memoriais dos membros da sua família, bem como de amigos e colegas chineses dos seus tempos de Cantão e Macau. Morreu em Londres, em 1859, e, dado não se ter nunca casado, o seu título de baronete extinguiu-se e a sua propriedade passou para um primo irlandês. – Principais Obras. STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Ta Tsing Leu Lee: being the fundamental laws, and a selection from the supplementary statutes of the penal code of China, (Londres, T. Cadell & W. Davies, 1810); Too-Le-Shin, Narrative of the Chinese Embassy to the Khan of the Tourgouth Tartars in the Years 1712, 13, 14 & 15; by the Chinese Ambassador (Tu-li-Shin) and published by the Emperor’s authority at Pekin. Translated from the Chinese, and accompanied by an appendix of miscellaneous translations by Sir G.T. Staunton, (Londres, 1821); STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Memoirs of the Life and Family of Sir G.I. Staunton, with appendix, etc., (Havant, 1823); STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Corrected Report of the Speech of Sir George Thomas Staunton, on the China Trade, in the House of Commons, June 4, and June 13, 1833, etc., (Londres, Edmund Lloyd; Simpkin & Marshall, 1833); STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Speeches by Sir George Staunton, addressed to the electors of South Hampshire… in December, 1834 and January, 1835, (Londres, E. Lloyd, 1835); STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Remarks on the British Relations with China, and the proposed plans for improving them, (Londres, Edmund Lloyd; Simpkin & Marshall, 1836); STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Corrected Report of the Speech of Sir George Thomas Staunton, in Sir James Graham’s Motion on the China Trade, in the House of Commons, April 7, 1840. With appendix, etc., (Londres, Edmund Lloyd; Simpkin, Marshall, & Co., 1840); STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Corrected Report of the Speech of Sir George Thomas Staunton, on Lord Ashley’s Motion on the Opium Trade, in the House of Commons, April 4, 1843. With Introductory Remarks, etc., (Londres, Lloyd & Co.: Simpkin, Marshall & Co., 1843); Staunton, Sir George Thomas, Bart. An inquiry into the proper mode of rendering the word “God” in translating the Sacred Scriptures into the Chinese language, (Londres, 1849); STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Memoirs of Sir J. Barrow, Bart, (the greater part written by Sir G. Staunton) and description of the Barrow Monument (by Mr. Trüner), (Londres, 1852); Gonzalez De Mendoza, Juan, The History of the great and mighty Kingdom of China and the situation thereof, Compiled by J. Gonzalez de Mendoza, and now reprinted from the early translation of R. Parke, Edited by Sir G.T. Staunton, with an Introduction by R.H. Major, (Londres, Hakluyt Society, 1853); STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Memoirs of the Chief Incidents of the Public Life of Sir G.T. Staunton [Written by himself], (Londres, L. Booth, 1856). [G.T.] Bibliografia: CRANMER-BYNG, Cranmer-Byng, J.L., “The First European Sinologists: Sir George Staunton and the Reverend Robert Morrison”, in DRAKE, F.S. (ed.), Symposium on Historical, Archaeological and Linguistics Studies in Southern China, South-East Asia and the Hong Kong Region, (Hong Kong, 1967), pp. 247-60; MORRISON, Eliza, Memoirs of the Life and Labours of Robert Morrison, D.D. , 2 vols., (Londres, 1839); PEYREFITTE, Alain, The Collision of Two Civilisations, (Londres, 1993); STIFLER, Susan Reed, “The Language Students of the East India Company’s Canton Factory”, in Journal of the North China Branch of the Royal Asiatic Society, 1938, vol. 69, pp. 46-82; STAUNTON, Sir George Thomas, Bart, Memoirs of the Chief Incidents of the Public Life of Sir. G.T. Staunton [Written by himself,] , (Londres, 1856).

1839

No dia 24 de Março de 1839, o Capitão Elliot parte de Macau e chega a Cantão. Lin manda retirar todos os servidores chineses das feitorias de Cantão e ordena ainda o corte de abastecimentos de água. As ruas de Cantão que circundavam as feitorias são ocupadas por soldados assim como o rio na zona frontal aos estabelecimentos. No dia 13 de Abril, O Superintendente do Comércio Britânico na China, Charles Elliot, perante a ordem de expulsão que recebeu, avisa os súbditos britânicos, em nome de Sua Majestade a Rainha de Inglaterra para, encontrando-se em águas chinesas se porem “imediatamente sob o comando de S. Sa. o Governador de Macau para a defesa dos Direitos de Sua Magestade Fidelíssima, e para a geral protecção das vidas, propriedades e liberdades de todos os súbditos dos Governos Cristãos que frequentam aquele Estabelecimento”. (Cfr. esta Cronologia…, 1839, Março, 10). No dia 6 de Maio, Elliot envia um ofício a Lord Palmerston salientando a necessidade de os ingleses tomarem conta de Macau para sua protecção. No dia 24 de Maio, o Superintendente do Comércio Britânico, Capitão Elliot, e todos os negociantes ingleses saíram de Cantão para Macau com promessa escrita de nunca mais voltarem à China. No dia 26 de Maio, Elliot chega a Macau.

1876

Suprimida, pela Portaria Provincial n.º 26 desta data (26 de Maio de 1876), a escola do sexo feminino da freguesia da Sé, sendo as educandas transferidas para o Colégio de Sta. Rosa de Lima e a professora para a freguesia de S. Lourenço. No entanto, e como se publica no Boletim n.º 3 de 1880, esta Portaria vem a ser revogada e até é aberta uma escola para o sexo masculino na Sé, a expensas do Município (acórdão do Conselho da Província de 5 de Agosto de 1882).

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