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Trata-se de um significativo conjunto de cerca de seis mil folhas manuscritas, cronologicamente situadas, na sua grande maioria, entre meados do século XVIII e a primeira metade da centúria seguinte. A temática desta documentação diz respeito às relações entre as autoridades portuguesas e chinesas a propósito do território de Macau, versando múltiplos e variados temas, no âmbito dos contactos ofic

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Após meses de preparação, a caravana constituída por três Mitsubishi Pagero, baptizados com os nomes de Macau, Taipa e Coloane partiram, do simbólico Jardim Camões, em Macau, para o II Raide Macau-Lisboa, no dia 27 de julho de 1990.

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1517

No dia 17 de Junho de 1517, saiu de Malaca com destino à China a frota do Capitão Fernão Peres de Andrade enviada pelo Governador da Índia Lopo Soares de Albergaria, transportando o boticário e naturalista Tomé Pires como embaixador e o já experiente Jorge Álvares. Nesta armada o feitor Giovanno da Empoli exerceu também ele o comércio dos bens transportados, e “com isto se começou o trato entre os chins e os nossos”, tendo obtido autorização para “casa de pedra e cal” em Tamão/Lintin. Parece querer traduzir-se a situação por “estabelecimento de feitoria”, o que não é exacto, mas, informalmente, é evidente que houve interesse e cedência. (Cfr. Castanheda, Fernão Lopez de, História do Descobrimento e Conquista da India pelos Portugueses, Coimbra, 1924-1933, vol I, Livro IV, cap. XXXI).(Cfr. Beatriz Basto da Silva, Cronologia da História de Macau. Macau, Livros do Oriente, vol. I, 3.ª ed., 2015, 1520, Janeiro, 23).

1717

No dia 17 de Junho de 1717, concordaram os Homens-bons da cidade com o Senado, estando presente o Governador D. Francisco Alarcão Sotto-Maior, com que fosse apresentado ao Vice- Rei de Cantão, na sua visita a Macau, um memorial constante de 9 pontos, no qual se pedia que se acabassem com as vexatórias e abusivas interferências dos mandarins e se solicitava um meio para eles se queixarem sem ser por intermédio dos tribunais.

1752

No dia 17 de Junho de 1752, encontrando-se o comércio da cidade em grande decadência devido principalmente ao naufrágio de numerosos barcos, o que deixou desamparadas as viúvas e órfãs, e em tamanha pobreza que não tinham com que cobrir a sua nudez para poderem sair a pedir esmolas, e também devido ao facto de o comércio estrangeiro ter-se, há 21 anos, deslocado para Cantão, o Senado enviou cinco quesitos ao Governador, o Capitão-Geral João Manuel de Melo, ao Vigário de S. Domingos, Fr. Jerónimo de Santo António, ao Cabido, ao Vice-Reitor do Japão, Pe. Jacob Graff e ao Prior Guardião de St.º Agostinho, Fr. João de S. Nicolau, “sobre a forma de remediar o mal e se existiria conveniência em livrar os armadores das viagens a Timor e Goa a que eram obrigados por pauta”. As sugestões apresentadas pelas referidas individualidades foram várias, concordando porém todos em que se continuassem as viagens para Timor e Goa, pois que, longe de causarem prejuízos, tais viagens só poderiam trazer benefícios para a cidade.

1856

No dia 17 Junho de 1856, faleceu de lesão orgânica de coração, José Severo da Silva Teles, natural de Lisboa. Veio para Macau em 1815; foi nomeado Cirurgião do partido desta cidade, em 1816; obteve, em 1817, o despacho de Cirurgião-mor do Batalhão Príncipe Regente; em 1846 serviu interinamente de Cirurgião-mor da Província. Foi reformado pelo Decreto Real de Janeiro de 1855. Pelos seus relevantes serviços foi galardoado por Decreto de 2 de Fevereiro de 1848, sendo armado Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Serviu vários cargos no Leal Senado e na Santa Casa da Misericórdia.

1864

No dia 26 de Abril de 1864, partiu de Macau o Governador José Rodrigues Coelho do Amaral, Ministro Plenipotenciário, na intentada missão de troca das ratificações do Tratado de 13 de Agosto de 1862. No dia 14 de Maio, parte de Shanghai para Tientsin a missão diplomática portuguesa já iniciada. No dia 17 de Junho, os plenipotenciários chineses Sie-hoan e Tchung-hou declararam, em Tientsin, a intenção do seu Governo de não ratificar o Tratado ajustado com Portugal, por intermédio do Ministro Plenipotenciário Isidoro Francisco Guimarães, em 13 de Agosto de 1862, se não fosse alterada uma parte do artigo 9.o do mesmo Tratado. No dia 18 de Junho, o Ministro Plenipotenciário e Enviado Extraordinário de Portugal na China, e Governador de Macau, Conselheiro José Rodrigues Coelho do Amaral, protestou contra a recusa, por parte do governo chinês, de ratificar o Tratado de 13 de Agosto de 1862.

1870

No dia 17 de Junho de 1870, estando de pé o ministério livre das escolas primárias, secundárias e superiores, foi reorganizado o Colégio Militar. Foi abolida a pena de morte nas províncias ultramarinas. Fala-se muito, sobretudo na Espanha do célebre General Prim, no propósito de uma união ibérica. Em 1870, o monumento da Vitória, para o jardim do mesmo nome em Macau, vem juntamente com tropas, de Lisboa, no vapor Saída. (Cfr. esta Cronologia…, 1870, Junho, 23). No dia 17 de Setembro de 1870, é autorizada a inauguração do monumento comemorativo da Vitória obtida em 1622 pelos habitantes de Macau, contra a guarnição de uma frota holandesa, que pretendia apossar-se da cidade.

1880

No dia 17 de Junho de 1880, é agraciado com Cavalheiro da ordem militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, Francisco Xavier, de origem chinês, com o nome de Fong-Seng, naturalizado cidadão português, negociante e capitalista, residente em Macau, em atenção às suas circunstâncias e como testemunho da real munificência.

1882

Pela Portaria Provincial n.º 48 desta data (17 de Junho de 1882) se encarregou o facultativo do quadro de saúde de Macau, Dr. José Gomes da Silva, de obter o herbário e colecção completa quanto possível de plantas vivas para ser remetida de Macau para o jardim do Palácio da Ajuda.

1923

Macau foi, ao longo dos tempos, um “porto de abrigo” de refugiados. Desde a Revolta dos Boxers (movimento anticristão e antiocidental na China), em 1990, em que muitos europeus, que viviam, na China procuraram refúgio em Macau, nos anos de 1922 a 1927, em que os sentimentos antiestrangeiros recrudesceram na China, marcando a ascensão do Kuomitang (Guomindang 國民黨) ao poder. Em 1931, a China foi invadida pelos Japoneses, o que provocou uma avalanche de refugiados chineses ao pequeno enclave macaense. Com o desencadear da Guerra Anti- Japonesa, muitas escolas do Sul da China transferiram-se para Macau e, também, a Igreja Católica criou novas escolas para ministrar o ensino aos jovens chineses refugiados em Macau. Mais tarde, durante a II Guerra Mundial, com a ocupação de Hong Kong pelos Japoneses, nos finais de 1941, muitos refugiados da colónia britânica estabeleceram-se em Macau. Com o decorrer da Guerra do Pacífico e os sucessivos ataques japoneses a vários territórios asiáticos, mais e mais refugiados procuraram refúgio neste pequeno território, aproveitando a sua neutralidade. É de notar que Portugal foi um país neutral durante a II Guerra Mundial (1939-1945) e Macau terá beneficiado desta situação. Mas, com o desenrolar da História, ainda muitos outros refugiados iriam chegar a Macau, mais tarde. E será a partir desta altura que o Padre Lancelote terá um papel fulcral neste Território, desempenhando importantes funções de protecção aos refugiados, entre outras. Quem é, pois, o Padre Lancelote Rodrigues? O Padre Lancelote Miguel Rodrigues nasceu em Malaca (Malásia), a 21 de Dezembro de 1923, descendente de portugueses que se fixaram nesse antigo território português. O pai era português e a mãe holandesa, descendente de malaios e holandeses. Tem doze irmãos, espalhados por vários países e continentes, da Malásia à Austrália, de Singapura aos Estados Unidos, de Portugal a Inglaterra. De nacionalidade britânica, naturalizou-se português, possuindo assim passaporte inglês e português. Fez a instrução primária em Malaca, em inglês, e veio para Macau em Novembro de 1935, ingressando no Seminário Diocesano de São José, onde fez os seus estudos preparatórios e eclesiásticos. Aqui aprendeu a Língua Portuguesa, não só através do ensino formal, como na convivência com os Portugueses que aqui estudavam, oriundos de várias partes (Timor, Macau, Hong Kong, etc.). No Seminário teve, como professor, Monsenhor Manuel Teixeira, entre outros. Tudo bons professores, nomeadamente os Jesuítas, segundo diz. Considera ter tido uma educação esmerada e muito boa. Alegre e extrovertido, a sua maneira de ser facilitou-lhe a adaptação à vida do seminário, embora lhe causasse também alguns dissabores. Demorou 13 anos a fazer o curso, pois ele teve de aprender o Português, primeiro, e ia aprendendo o Chinês também, com os colegas. No Seminário pensavam que, se ele se ordenasse, iria novamente para Malaca, tanto mais que eles, ali, queriam padres malaqueiros para continuar “aquela obra” (missionária). Mas isso não aconteceu... Quando acabou os seus estudos, em 1948, teve de “marcar passo” um ano, pois o Bispo D. João de Deus Ramalho (1942-1954) não estava muito certo da sua vocação sacerdotal e achou que era melhor o jovem Lancelote esperar mais um ano, antes de ser ordenado sacerdote. Entretanto, ainda em 1948, começaram a chegar as primeiras vagas de refugiados portugueses de Xangai (Shanghai上海) e, mesmo antes de ser ordenado padre, foi destacado pelo Bispo de Macau (D. João de Deus Ramalho) para cuidar destes refugiados, que só falavam a língua inglesa, pois esta é a primeira língua do Padre Lancelote e, naqueles tempos, era o único que falava inglês. Foram alojados no Canídromo, para onde o Padre Lancelote foi também viver. De um lado, estavam os refugiados de Xangai (Shanghai 上海), do outro, rapazes órfãos de quem as madres chinesas cuidavam. Finalmente, em 1949, o Bispo D. João de Deus Ramalho decidiu ordená-lo sacerdote. Foi ordenado a 6 de Outubro de 1949, tal como D. Arquimínio da Costa (que, mais tarde, viria a ser Bispo de Macau). Celebrou a sua primeira missa na capela do Canídromo, junto dos refugiados de Xangai (Shanghai 上海). Nessa altura, havia refugiados no Canídromo e refugiados na Rua do Gamboa (perto de Santo Agostinho). Nesta última, era um padre jesuíta, o Padre Ruiz que lhes prestava assistência. Estes refugiados vieram, para Macau, aquando das lutas entre nacionalistas e comunistas na China - a implantação da República Popular da China dá-se a 1 de Outubro de 1949 - e eram descendentes de Portugueses, uns, religiosos (padres e madres), outros. A Santa Casa da Misericórdia é que tomava conta deles, tendo sido tudo pago pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Simultaneamente, o Padre Lancelote foi encarregado da regência da Capela de Santa Cecília, do Seminário de S. José, de 1950 a 1951. Já era, desde 1949, Vigário Cooperador da Paróquia de Santo António. Foi pároco (interino) da Igreja de Santo António desde Outubro de 1958 até Outubro de 1959 e, ainda, foi vigário ecónomo desde 7 de Setembro de 1966 até 26 de Novembro de 1966. Em 1951/52, Em 1951/52, o Bispo de Macau, D. João de Deus Ramalho, permitiu que o Padre Lancelote pudesse aderir ao Catholic Relief Services, cuja sede era nos estados Unidos da América, mas tinha uma sucursal em Hong Kong (o Catholic Relief Services é uma organização dos bispos americanos, voltada para o exterior e que tem representações em cerca de 100 países). E, em 1954, foi nomeado Delegado Diocesano do Catholic Relief Services, dos Estados Unidos da América. Em 1953, o Presidente Kennedy abriu as portas aos refugiados, com parentes nos Estados Unidos (“reunião de famílias”). Chamaram-lhe “Refugee Relief Program”. Foi extensivo a Hong Kong e Macau. O Catholic Relief Service de Hong Kong alertou o Padre Lancelote para o assunto e este começou, imediatamente, a tratar de ver quem tinha lá familiares, pois era preciso pedir às famílias que os recebessem, pelo menos durante algum tempo, até eles poderem singrar sozinhos. Em 1956, foi o segundo: Kennedy reabriu outra vez o “Program”. O Consulado de Hong Kong trabalhou muito, nesta ocasião, para colocar os refugiados e arranjar “sponsors” nos E.U.A., para onde foram uns dois mil. Para além dos Estados Unidos da América, foram outros para o Brasil, principalmente, mas também para a Suécia (tinham lá família) e, até mesmo, para Moçambique. Os que ficaram no Campo eram, na sua maioria, velhos e crianças. Que fazer? O Padre Lancelote achava que já era altura de fechar o Centro de Refugiados de Xangai (Shanghai 上海), tanto mais que, neste tipo de instituições, não há privacidade, pelo que as crianças não tinham uma vida familiar privada. Havia, pois, que arranjar uma solução para os 116 que aqui tinham ficado. Falou com os responsáveis pela Santa Casa da Misericórdia, a Assistência Pública (da qual era vogal, em representação da Diocese) e com o Governo local (português), nesse sentido. Apelou ao Governo americano, outra vez, e à Inglaterra, através da OXFAM (instituição de ajuda internacional). Com os apoios concedidos construíram-se 70 moradias e foram todos aí colocados, pela Assistência Pública, a quem o Padre Lancelote entregara tudo. O Governo tratou das escolas para as crianças (escolas inglesas), onde estudaram e, mais tarde, alguns ingressaram na Polícia Marítima, Fiscal, etc. Algumas raparigas casaram com gente de Macau e organizaram as suas vidas. Foram, pois, integrados na sociedade local. De 1949 até 1965, pois, foi Capelão dos Refugiados Portugueses de Xangai (Shanghai 上海), então já alojados na Ilha Verde. Durante este período prestou-lhes não só assistência espiritual, como também material, esforçando-se por melhorar a sua situação e realojá-los noutros países, tendo estabelecido laços de amizade indestrutíveis com muitos dos refugiados. Com todos os contactos efectuados ao longo do tempo, o Padre Lancelote estabeleceu uma teia de relações internacionais, que foram extremamente úteis para os refugiados de diversos países que, desde os anos 60, foram chegando a Macau. A partir de 1963 e até Julho de 1991 passaram por Macau milhares de refugiados da China, Indonésia, Birmânia (Myanmar), Malásia, Laos, Camboja, e, principalmente, do Vietname. Ainda hoje existem, radicados em Macau, pessoas da Birmânia, da Indonésia, da Malásia, etc. Contou, para isso, com o apoio das autoridades locais, da Igreja, e dinheiro do Governo e dos bispos americanos (Catholic Relief Services). Em 1962, foi nomeado Director do Catholic Relief Services dos Estados Unidos da América, quando esta instituição saiu de Hong Kong, cargo que exerceu até Maio de 1994 (quando também deixaram Macau). Através deste organismo obteve somas avultadas para as obras de beneficência e assistência social a cargo da Diocese de Macau e, ainda, para obras não diocesanas. Conseguiu obter apoios no valor de muitos milhões de dólares, ao longo dos anos, que utilizou na construção de casas, creches, clínicas (postos médicos onde prestavam serviço as madres enfermeiras, assim como médicos, que lá iam uma ou duas vezes por semana, gratuitamente) e centros comunitários, assim como comida (latas de leite, azeite, etc.) que distribuíam pelos pobres, através da Cruz Vermelha e da Obra das Mães (que chegaram a ter a seu cargo 95.000 pessoas) e pelas escolas (eram 26.000 pães por dia mais um copo de leite para cada criança, conta). Em 1973, deixaram de receber este tipo de apoio, pois Macau “já estava melhor”, portanto, já não precisava. Teve, então, “alguns anos de descanso” (comenta). No entanto, em 1973, era director do Secretariado dos Serviços Diocesanos de Assistência Social (cargo que exerceu desde 1962), vogal do Instituto de Assistência Social de Macau, representante dos Serviços de Assistência dos Bispos da América do Norte e representante da Diocese de Macau junto da “Caritas Internacional”. Mas, em Novembro de 1977, chegou a primeira leva de refugiados do Vietname a Macau. Hong Kong também estava a receber refugiados vietnamitas. Nessa época, eles iam para todo o mundo. A guerra do Vietname começara. O Padre Lancelote falou com as autoridades locais, o Comandante da Polícia Lobo d’Àvila e o Governador Garcia Leandro, a fim de autorizarem que os refugiados fossem recebidos em Macau. E assim aconteceu. Dessa primeira vez, vieram 23, ou melhor, 24 (este último veio nascer a Macau). Depois, é que começaram a chegar mais e mais refugiados. As Nações Unidas pediram ao Governo de Macau para nomear o Padre Lancelote Rodrigues seu representante, em nome do Catholic Relief Services, junto dos refugiados do Vietname. Recebeu sempre ajuda - e muito apoio - do Governo português de Macau (medicamentos gratuitos, assistência médica, educação, etc), assim como do “Rotary Club” (Rotários) e da Cruz Vermelha Portuguesa, em Macau. Também teve ajudas exteriores, através das organizações internacionais, tais como os americanos, alemães, suecos, dinamarqueses, franceses, etc. Tinha contactos com todos os Consulados estrangeiros, em Hong Kong. Chegaram a estar 15.000 refugiados vietnamitas, em Macau, por uns anos, pois, inicialmente, em Hong Kong, não estavam preparados para receber os refugiados, pelo que pediram que eles viessem para Macau, temporariamente. Os refugiados do Vietname estiveram alojados em três campos: Ilha Verde, Casa da Beneficência e Ká-Hó (Jiu´ao 九澳), cujos custos de manutenção foi de cerca de dez milhões de dólares norte-americanos, a maior parte provenientes da ONU, Cruz Vermelha, do Governo americano, do Catholic Relief Service e de organizações religiosas do Norte da Europa. O Governo e a Diocese de Macau colaboraram também, em especial, na prestação de cuidados de saúde, educação e na manutenção e cedência de instalações. Também vinham os Cônsules de vários países, acreditados em Hong Kong e Macau (americanos, noruegueses, canadianos, etc.), assim como membros das Nações Unidas, a Macau, fazer a triagem, isto é, verificar se seriam mesmo refugiados. A Polícia Marítima organizou uma “Tuna” e, ao jantar, entretinham os Cônsules estrangeiros, que muito apreciavam esses momentos. De 1977 a 1991 foi encarregado da manutenção e realojamento de 8.664 refugiados vietnamitas (boat-people) em várias partes do Mundo, especialmente para os Estados Unidos da América, Canadá, Austrália, França, Holanda, Suécia, entre outros países. O campo dos refugiados vietnamitas (boat-people), em Ká-Hó (Jiu´ao 九澳), encerrou em Julho de 1991, com uma cerimónia que contou com a presença de dois bispos americanos, um representante da ONU para os refugiados, alguns Cônsules acreditados em Hong Kong e dirigentes da Cruz Vermelha Internacional. Ainda ficaram, no entanto, 150 refugiados vietnamitas, em Macau. A França levou 49, a Suécia mais alguns, etc., restando 30 refugiados. O IASM (Instituto de Acção Social de Macau) deulhes casas, onde ficaram a morar. Mas foram saindo e, finalmente, ficaram dois, pois um não quis ir para França e, outro, era cadastrado, pelo que ninguém o quis receber. Foram, contudo, integrados na sociedade local, com emprego e casados, obtendo o Padre Lancelote o acordo prévio do Governo português de Macau. Este campo de refugiados de Ká-Hó (Jiu´ao 九 澳) é um caso paradigmático, pois o Padre Lancelote conseguiu organizar os vietnamitas em liberdade mas com responsabilidade, mantendo o campo sempre aberto e sem policiamento (embora tivesse um regulamento, pelo que tinham de pedir licença se queriam ficar fora do Campo, por exemplo). Arranjoulhes trabalho, quer dentro quer fora do campo, convencendo vários Cônsules a abrirem as portas dos seus países a numerosos destes refugiados e a todos criou condições mínimas para um futuro digno. Mas a sua obra social, de apoio e ajuda aos mais desfavorecidos, não acabou com os refugiados. Em 1985, começou a dar os primeiros passos na China, com muito cuidado, com a colaboração das autoridades chinesas, fazendo workshops (para ensinar pais, enfermeiros, professores, a lidar com deficientes), com a ajuda de várias organizações internacionais. Foram a Zhuhai (珠海), Manchúria e outras partes da China. Depois, foi a vez dos surdos-mudos, com as Irmãs Canossianas, de Hong Kong e Singapura, chegando até à Mongólia Interior. Também construíram pontes, creches, escolas, instalações sanitárias, postos médicos, hospitais, etc., assim como subsidiavam a educação das madres chinesas para actividades como a enfermagem e a assistência social. Tentaram, ainda, ajudar os leprosos, assim como os doentes com SIDA. O Padre Lancelote continua à frente dos Serviços Sociais Católicos - entidade criada após o encerramento, em 2005, do Secretariado Diocesano dos Serviços de Assistência Social - através dos quais tem procurado emprego para pessoas de diversas comunidades (chineses, filipinos, etc., residentes e não residentes), assim como colmatar as necessidades dos mais desfavorecidos, em colaboração com a “Caritas” de Macau. Ao mesmo tempo, exerce as funções de representante dos consulados dos Estados Unidos, Canadá e Austrália na RAEM, estando encarregue de ajudar as comunidades desses países sempre que precisem, para além de diverso trabalho burocrático. O Padre Lancelote Rodrigues dirige, ainda, a Academia de Música S. Pio X (de que é director desde 1 de Fevereiro de 1993), é capelão da Obra das Mães e, aos Domingos de manhã, celebra missa na paróquia de Santo António. O Padre Lancelote fala Português, Inglês, Francês, Malaio e Chinês. Recebeu várias condecorações, em reconhecimento dos trabalhos prestados, entre elas, a Ordem do Mérito (grau de Comendador), concedida pelo, então, Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares, a 5 de Setembro de 1985; a Ordem de S. João de Jerusalém, dada pelo príncipe André da Jugoslávia, em 1986; a Medalha de Mérito Cruz Vermelha Portuguesa (Medal of Merit), em Novembro de 1990; a insígnia da Ordem do Império Britânico, atribuída pela Rainha Isabel II de Inglaterra, em Junho de 1992; a Medalha de Valor atribuída pelo, então, Governador de Macau, General Rocha Vieira; a de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, concedida pelo, então, Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares, em 8 de Maio de 1995; e a Ordem da Austrália(Order of Australia), concedida pelo Primeiro Ministro da Austrália, em 14 de Maio de 2001. Foi-lhe outorgado o grau de Doutor “Honoris Causa” em Humanidades, pela Universidade de Macau, em 25 de Novembro de 2010. Amigo dos prazeres da vida, é um apaixonado da música e da boa mesa, tocando viola, rabecão, piano e órgão, também canta, fuma e bebe, estabelecendo sempre à sua volta um clima de boa disposição. Por natureza alegre e extrovertido, é extremamente humano e tolerante, convivendo com toda a gente e fazendo amizades sem olhar ao credo de cada um. [L.D. S.] Bibliografia: COATES, Austin, Macau: Calçadas da História, (Lisboa, 1991); GUNN, Geoffrey C., Ao Encontro de Macau: Uma Cidade-Estado Portuguesa na Periferia da China, 1557-1999, (Macau, 1998); LAM, D. Domingos, A Diocese de Macau: Durante os Anos de 1967 a 1997 (Macau, 2000); : SEABRA, Leonor Diaz de, Padre Lancelote Rodrigues: Vida e Obra (Macau, 2008); SILVA, António de Andrade e, Eu estive em Macau durante a Guerra, (Macau, 1991); WU, Zhiliang, Segredos da Sobrevivência: História Política de Macau, (Macau, 1999); AH/AC/28.950: “Processo de Assistência aos Refugiados de Xangai e sua Emigração para a Metrópole (Portugal), Províncias Ultramarinas ou outras Zonas (1957/04/22 a 1958/04/25)”; AH/AC/21.273: “Colocação nas Províncias Ultramarinas de África dos Refugiados de Xangai – Emigração dos Refugiados (1957/06/06 a 1964/06/09)”. E, ainda, entrevistas da autora com o Padre Lancelote Miguel Rodrigues.

1944

O Diploma Legislativo n.º 849 de 14 de Junho de 1944 abre um crédito especial de $100.000,00, destinado a ocorrer aos encargos resultantes da impressão de cédulas de 50 avos. A Administração do Concelho de Macau avisa no dia 26 de Julho de 1944 que os certificados de $500,00, emitidos pela Filial do Banco Nacional Ultramarino, constituem moeda corrente dentre de Macau e têm poder liberatório ilimitado, tendo sido criada pelo mesmo banco a correspondente reserva legal. A Administração de Concelho de Macau avisa no dia 21 de Agosto de 1944 que a Filial do Banco Nacional Ultramarino de Macau faz uma emissão de certificados de $25,00.

1950

A Lei n.º 2042, de 17 de Junho de 1950, cria um serviço meteorológico em cada uma das colónias portuguesas. De acordo com o parágrafo 2.º do Art. 22.º da mesma Lei, “poderá transitoriamente ficar adstrito a outro serviço da colónia designado em portaria pelo governador”. Este serviço é instituído “para dirigir, coordenar e executar os trabalhos e estudos de meteorologia e outros de natureza geofísica e astronómica”, e deverá satisfazer “as necessidades e obrigações da colónia nestes campos de actividade, de acordo com as instruções superiores e as resoluções internacionais aprovadas pelo Governo Central e em colaboração com os serviços análogos dos territórios vizinhos”. Concretamente, e em especial, compete “ao serviço meteorológico na área da respectiva colónia” o apoio meteorológico da agricultura, comércio e indústria, navegação aérea e marítima; a promoção de estudos em áreas diversas, como a astronomia, sismologia, geomagnetismo e outras; facultar informações às entidades oficiais ou particulares e ao público em geral; preparar e publicar trabalhos e estudos e dar assistência técnica às entidades que promovem a realização de trabalhos em áreas abrangidas pelos serviços. Em consequência da publicação da referida Lei n.º 2042, ainda em 1950, cessa responsabilidades nesta área de serviços a Capitania dos Portos, que desde 1904 esteve instalada num edifício sobre as ruínas do Fortim de S. Jerónimo, na Guia. No século XIX, era justamente à Capitania e ao Director dos Serviços de Saúde, que competia fazer observações meteorológicas regulares. Em 1966, o Observatório Meteorológico de Macau foi instalado na Fortaleza do Monte. Anteriormente, os serviços meteorológicos estiveram sedeados no Morro do Bispo, e depois na Colina da Guia, junto ao Hospital Conde de S. Januário, no antigo Forte de S. Jerónimo. Em Novembro de 1971 estes serviços já não estavam neste local, dado que nesta data se iniciaram os trabalhos de terraplanagem para a construção do novo Pavilhão de Saúde Mental. Em 1982, foi iniciada, pelos técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Lisboa, a montagem da primeira estação sísmica de Macau. [M.T.O.] Bibliografia: SILVA, Beatriz Basto, Cronologia da História de Macau. Século XX, vol. 5, (Macau, 1998).

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