Filho de Pedro Fialho Ferreira e Clara Gomes, nasceu em Portugal. Chegou ao Estado da Índia em 1602. Antes de 1620 encontrava-se em Macau e destacou-se entre a elite macaense pelo seu envolvimento nas redes mercantis, bem como pela sua actividade política e social dentro da cidade. Casou em Macau, por volta de 1620, com Catarina Cerqueira. Esta era filha de um reinol importante na praça portuguesa, Jorge Cerqueira, e de Maria Pires, natural da cidade, mas a sua avó era uma moura, filha de um marítimo indiano mouro e de uma judia convertida. O casamento de António Fialho Ferreira foi um bom exemplo das relações que os portugueses, que aportavam a Macau, estabeleciam com os locais. Como as mulheres portuguesas eram praticamente inexistentes em Macau, os reinóis casavam com mulheres do Sudeste Asiático ou com filhas mestiças de portugueses, convertidas ao Cristianismo. O casal teve cinco filhos e uma filha, Leonor, que professou na Ordem feminina de Santa Clara em Macau. Segundo uma carta por si redigida, em 18 de Novembro de 1634, ao frade António da Conceição, Provincial dos Franciscanos da Província da Madre de Deus de Goa, foi ele quem transportou as primeiras Clarissas de Manila para Macau a fim destas se estabelecerem na cidade. Ferreira foi sempre um grande apoio a esta ordem feminina. Uma cunhada, irmã de Catarina, Maria Cerqueira, casou com um fidalgo de grande poder económico e prestígio, Lopo Sarmento de Carvalho, que foi por diversas vezes o capitão-mor da viagem ao Japão. Devido aos laços de parentesco, os dois comerciantes uniram-se, tendo Ferreira sido muito beneficiado. Durante a década de 1620 pouco se sabe sobre as suas actividades, excepto da sua ligação económica e profissional ao cunhado. Cerca de 1629, os dois, juntamente com uns sócios, nomeadamente, Gaspar Homem, André Salema e Manuel de Moraes Supico, concretizaram um projecto de comprarem em Goa, ao vice-rei Conde de Linhares, o monopólio das viagens do Japão por 306.000 xerafins, para os anos de 1629-1632. Manuel de Moraes Supico era aparentemente o comerciante mais rico de Goa, muito conhecido por ter sido o principal director local, da Índia, da Companhia Portuguesa das Índias, de 1628 a 1633. A compra das viagens provocou uma viva reacção antagónica dos outros comerciantes de Macau junto do Leal Senado, protestando que a viagem devia ser da cidade e não de um grupo reduzido de particulares. O mesmo contrato ainda contemplava uma série de viagens a Manila, que foram levadas a cabo por Ferreira com sucesso, pois os espanhóis relataram que anualmente exportavam seda crua e outras mercadorias da China no valor de cerca de um milhão de pesos. As viagens do Japão só se vieram a concretizar com o apoio do vice-rei que anulou a oposição do Senado da Câmara. O capitão-geral de Macau recém-nomeado, Manuel da Câmara de Noronha, parente do vice-rei, anulou a oposição do Leal Senado e as viagens ao Japão concretizaram-se nos anos de 1632, 1633 e 1634, tendo a sociedade Carvalho/Ferreira tirado grande proveito. Em 1635, Ferreira foi responsável pela negociação de um acordo com os funcionários Ming 明. O mandarinato Ming 明tinha vendido o cargo de angariação de medidagem e outros impostos sobre o comércio marítimo de Macau, e os problemas que se punham a Macau eram o pagamento de taxas, os aumentos, e outros aspectos mais secundários. O Senado nomeou para resolver o assunto Ferreira e outro destacado membro da elite macaense, Vicente Roiz. Como as questões entre os comerciantes não se resolvessem, António Fialho Ferreira começou a defender que a navegação se fizesse de forma directa entre a Europa e a China. As disputas com os funcionários da Coroa sobre a venda das viagens à sociedade eram muitas e Ferreira partiu de Macau para Goa. Contudo, havia problemas mais graves que dificultavam a vida aos portugueses, como era o caso da VOC, companhia de comércio holandesa. Em 1638, o vice-rei, Pêro da Silva, enviou o membro da elite macaense para Portugal a fim de relatar a situação desesperada vivida pela gente lusa. Antes do embarque para Lisboa, tanto ele como dois dos seus filhos foram admitidos na Ordem de Cristo. Em 1640 deu-se a restauração da coroa portuguesa, e Ferreira regressou a Macau com a nova que foi dada aos moradores através das cartas escritas por D. João IV e pelo vice-rei da Índia. Apesar da notícia ter sido bem recebida em Macau, o mesmo não foi extensivo a Ferreira, que, fazendo uma avaliação da cidade e do significado da perda do comércio do Japão e de Malaca, decidiu voltar a Portugal, com vista à obtenção de uma recompensa pelos serviços prestados. Em Portugal, os seus outros filhos foram feitos, em Outubro de 1643, cavaleiros da Ordemde Cristo. Dada a importância do comércio com o Japão, e mesmo apesar do desastre trágico que foi a embaixada portuguesa de 1640 a terras nipónicas, a Coroa decidiu a execução de uma missão diplomática. Ferreira ficou responsável pelos barcos que iriam levar o embaixador Gonçalo de Siqueira de Souza ao Japão. Em 1645, Ferreira e os seus filhos encontravam-se novamente em Macau, donde partiram para Goa. Morreu nessa cidade em 1646, tendo a embaixada fracassado. O seu desejo de navegação directa, entre a Europa e a China, só se realizou no século XVIII.

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Data de atualização: 2023/06/14