Aparentemente era de origem reinól, filho de Rui Gonçalves de Siqueira e de D. Filipa de Castro. O seu pai foi capitão das Molucas entre 1598 e 1603. Anos mais tarde, em 1614, Gonçalo integrou-se numa armada de sete navios, sob o comando do seu pai. Esta armada teve por objectivo o transporte de tropas espanholas entre Cadiz e Manila, através da rota normalmente utilizada pelos portugueses (Cabo da Boa Esperança). Tal facto explicava-se pela circunstância de, nessa época, Portugal se encontrar debaixo da dominação filipina. Após o falecimento do pai, o jovem regressou a Portugal em 1621. A partir dessa data, realizou várias viagens, na qualidade de capitão, o que lhe permitiu um profundo conhecimento dos mares ocidentais e orientais. Assim, ainda em 1621, foi nomeado Capitão do galeão Misericórdia, que teve por incumbência a viagem até Goa, não concretizando o seu propósito devido a uma tempestade. Um ano depois já estava como capitão do galeão S. Salvador, navios de uma armada que foi atacada por navios anglo- holandeses. No entanto, o referido galeão salvouse, e ainda nesse ano e no ano seguinte Siqueira de Sousa esteve no Golfo Pérsico, para finalmente, em 1623, ter regressado a Portugal. Cerca de dezoito anos depois voltou à Índia, e em 1643 tornou-se capitão do galeão N.a Sr.a da Candelária da armada de António Teles. Em 1641 o Procurador-Geral da Província Jesuítica do Japão, Padre António Francisco Cardim, sugeriu que se efectuasse uma embaixada ao Japão, tendo por finalidade a reabertura do comércio com os portugueses, expulsos de forma dramática em 1640. Assim, Gonçalo de Siqueira de Sousa foi nomeado embaixador ao país nipónico em 1644. Para uma melhor concretização dos objectivos diplomáticos, deslocou-se a Goa, tendo embarcado no S. André, que foi acompanhado por vários navios. A situação económica em Macau já era bastante depauperada, em consequência da perda do comércio com o Japão, da conquista de Malaca pelos holandeses, e ainda devido à instabilida provocada no sul da China pela queda da dinastia Ming 明 e consequente estado de guerra no país. Em resultado do medo e da insegurança, muitos portugueses residentes em Macau, incluindo mulheres, refugiaram- se em Goa. O nome de Gonçalo Siqueira de Sousa ficou para sempre ligado a esta embaixada, em virtude de ter efectuado uma tentativa arriscada e sem qualquer proveito para reabilitar as trocas comerciais que anos antes tinham sido muito úteis e proveitosas para Macau. O embaixador partiu de Goa em 1646 com dois navios, designados por S. João e S. André, aportou a Macau e rumou a Nagasáqui no ano seguinte, 1647. Regressou a Goa em 1648, vindo a falecer nessa cidade um ano depois. Foi pai de um cidadão notável e comerciante riquissímo em Macau, Pero Vaz de Siqueira, capitão-geral dessa praça portuguesa entre 1698-1699 e 1702. [A.N.M.]
Bibliografia: TEIXEIRA, Padre Manuel, Vultos Marcantes em Macau, (Macau, 1982).

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Data de atualização: 2022/11/03