Natural da freguesia de Rabo de Peixe, ilha de São Miguel, Açores, onde nasceu em 25 de Agosto de 1920. Entre 1931 e 1941 frequentou o Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. Ordenado padre em Roma, em 24 de Abril de 1943. Entre 1941 e 1945 frequentou a Pontifícia Universidade Gregoriana, onde obteve a licenciatura em Direito Canónico com a tese “A Concordata Portuguesa de 1940 e a Situação Jurídica da Igreja em Portugal, em alguns Casos dos seus Principais Aspectos”. De Outubro de 1947 a 1961, trabalhou na secretaria de Estado do Vaticano, a princípio como adido, depois como secretário e, finalmente, como conselheiro de nunciatura. Nomeado bispo de Macau pelo Papa João XXIII, em 24 de Agosto de 1961, foi sagrado em Roma, na Igreja de Santo António dos Portugueses, no dia 21 do mês seguinte. O sagrante foi o Cardeal Secretário de Estado do Vaticano, Giovanni Amletto Cicognanni e os consagrantes o monsenhor Ângelo dell’Acqua, da secretaria de Estado, e D. João Pereira Venâncio, bispo de Leiria. No dia 22 de Novembro de 1961, tomou posse da Diocese de Macau, por procuração. E, no dia 27 do mesmo mês, tomou posse efectiva da mesma. Entre 1962 e 1965 participou em todas as sessões do Concílio Ecuménico Vaticano II. Incompatibilizou-se com um sector influente do clero tradicional português de Macau, devido à sua política de “localização” da cúria diocesana. Efectivamente, durante o seu bispado, D. Paulo José Tavares nomeou padres chineses para lugares de grande destaque no governo da igreja católica de Macau. Tradicionalmente, estes eram relegados para cargos secundários na cúria da diocese. D. Paulo José Tavares rompeu, porém, com esta tradição nomeando o padre António André Ngan para vigário-geral e governador do bispado em meados do decénio de 1960, assim como outros clérigos chineses para funções proeminentes. Durante a “Revolução Cultural” foi o único pilar da administração nominal portuguesa que não cedeu às reivindicações apresentadas pelos maoístas locais, que contavam com o beneplácito da elite comercial chinesa do enclave. Em termos gerais, os maoístas pretendiam prostrar a igreja católica, como aconteceu seguidamente com a administração portuguesa, no primeiro semestre de 1967. O objectivo primordial dos maoístas era obter o consentimento do bispo para que o “pensamento de Mao Zedong (澤東” fosse leccionado na rede de escolas católicas do território. Esta situação precipitou uma profunda crise político-religiosa com o governador Nobre de Carvalho e o secretário-geral Alberto Eduardo da Silva. Estes pretenderam, por todos os meios ao seu alcance, coagir a diocese a ceder às exigências apresentadas pelos maoístas locais. A intransigência de D. Paulo José Tavares contribuiu para que o governador Nobre de Carvalho suspendesse a publicação do bissemanário O Clarim e da revista diocesana Religião e Pátria e praticasse várias diligências políticas junto do governo da metrópole e de certos sectores ultra conservadores da Santa Sé, no sentido do prelado ser exonerado das suas funções. Porém, este permaneceu firme à frente dos destinos da diocese de Macau, apesar de não ter cedido a nenhuma das reivindicações apresentadas pelos maoístas e de ter resistido com grande tenacidade às coacções do governador Nobre de Carvalho e do secretário-geral Alberto Eduardo da Silva. D. Paulo José Tavares faleceu no Hospital da Cruz Vermelha de Lisboa, em 12 de Junho de 1973. [M. da S.F.]

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Data de atualização: 2022/11/03