No dia 17 de Maio de 1863, nasceu em Macau João Feliciano Marques Pereira, filho de António Feliciano Marques Pereira e de Belarmina Inocênciade Miranda. Ainda criança embarcou para Lisboa, onde estudou no Colégio Luso-Britânico e concluiuo Curso Superior de Letras. Deu continuidade ao trabalho desenvolvido por seu pai, herdando também a sua paixão por Macau e pela presença de Portugal no Extremo Oriente. Optou por seguir uma carreira na administração pública e, em 17 de Maio de 1888, foi nomeado 2.º oficial do Ministério da Marinha e Ultramar. Mais tarde, foi promovido a 1.º oficial e chefe de secção. Professor da Escola Superior Colonial, dedicou uma importante parte do seu tempo ao jornalismo, à semelhança do que já havia feito seu pai. Aliás, foi através dos artigos que publicou que travou as suas mais importantes batalhas políticas em defesa do que considerava serem os interesses de Macau e da presença portuguesa em todo o Extremo Oriente. Colaborou em periódicos como o Jornal do Comércio, A Tribuna, A Luta e a Revista Colonial e Marítima. Em 1899 recuperou o título Ta-Ssi-Yang-Kuo (Daxiyangguo 大西洋國) e começou a editar uma revista, que se manteve até 1903. Nestas páginas divulgou muitos estudos sobre o Oriente e difundiu as suas ideias acerca dos interesses portugueses naquelas paragens. É, sem dúvida, um título de consulta obrigatória para todos aqueles que se dediquem a estudar a história de Macau. Nos finais de 1901, o conselheiro Castelo Branco partiu de Lisboa para a China com a missão de negociar um novo tratado luso-chinês. João Feliciano Marques Pereira acompanhou este processo negocial, em Lisboa, através da imprensa nacional e internacional, e acabou por se envolver na luta política mais importante da sua vida em torno da questão de Macau. Marques Pereira manteve-se firme na defesa das suas ideias sobre a orientação que a diplomacia portuguesa deveria seguir no império chinês. Passou os últimos sete anos da sua vida a influenciar o quotidiano político e governativo de Portugal, tentando condicionar o rumo das relações luso-chinesas. Em Maio de 1903, João Feliciano Marques Pereira ganhava a sua primeira grande batalha política, ao ver o parlamento português recusar a ratificação do tratado negociado por José de Azevedo Castelo Branco. Outras batalhas se seguiram, tentando sempre influenciar o rumo das negociações entre o governo português e chinês. Estava em pleno combate, devido às conferências inter-governamentais, que se realizaram naquele ano em Hong Kong, e que contaram com a presença do General Joaquim José Machado, quando faleceu, no dia 7 de Junho de 1909. Nos dois últimos anos da sua vida, representou Macau no Parlamento, pelas listas do Partido Progressista, liderado na altura por Francisco Joaquim Ferreirado Amaral, filho do governador João Maria Ferreira do Amaral (1846-1849). Homem dedicado ao estudo do Oriente, o trabalho de João Feliciano Marques Pereira foi reconhecido diversas vezes por muitas instituições nacionais e estrangeiras. Foi vogal da Comissão Asiática da Sociedade de Geografia de Lisboa, membro honorário do China Branch da Royal Asiatic Society, titular da Société Asiatique de Paris, sócio efectivo da Société Géografique de Paris e sócio correspondente do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano. De sublinharo facto de ter sido agraciado com o Grau de Oficial da Ordem de Santiago, do Mérito Científico, Literário e Artístico. [A.G.D.]
Bibliografia: ALVES, Jorge Santos, “Introdução”, in Ta-Ssi-Yang-Kuo 1899-1900, 3 vols., (Macau, 1995); DIAS, Alfredo Gomes, “Ta-Ssi-Yang-Kuo”, in MacaU, (Macau, Outubro de 1997 a Dezembro de 1999); JORJAZ, Jorge, Famílias Macaenses, 3 vols., (Macau, 1996); TEIXEIRA, Padre Manuel, Vultos Marcantes de Macau, (Macau, 1982).

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Data de atualização: 2022/11/03