Domingos da Costa teve lugar de destaque na história das ilhas de Timor, na segunda metade do século XVII. Filho natural de Mateus da Costa, um mestiço que desenvolveu séria rivalidade com a família de António Hornay, que só terminou com o falecimento deste último, em 1673. A luta das duas famílias prende-se à governação de Solor e Flores. As ilhas de Timor constituíam zona pretendida pelas potências europeias, nomeadamente Portugal e a Holanda, devido a algumas das suas produções, como o sândalo branco. Dessa madeira aromática eram extraídos diversos produtos, que iam desde a madeira para a confecção de móveis, até aos incensos, passando pelos unguentos e perfumes, na sua maioria para fins medicinais. O sândalo era largamente apreciado no Oriente, com destaque para a China. A posse do produto, bem como a posição estratégica de Timor nas rotas comerciais para o arquipélago das Molucas, rapidamente despertaram cobiça. Das forças com profundos interesses no arquipélago, no século XVII, salientaram-se os Dominicanos, ordem religiosa que evangelizou e missionou em Timor desde 1636, dedicando-se igualmente ao trato da referida madeira. Os frades eram detentores de grande influência junto das populações locais. A segunda força dentro do território eram os oficiais régios, cuja motivação consistia em angariar o seu pecúlio durante o período de tempo que durasse o seu destacamento por aquelas latitudes. A este quadro também se juntavam alguns poderosos comerciantes residentes em Macassar, na sua maioria portugueses, que seguiam uma linha de defesa de interesses meramente privados. Os holandeses, sedeados na ilha de Java e na vizinha ilha de Solor, tentavam concorrenciar com os portugueses e demais mercadores no comércio do sândalo, exercendo uma pressão económica e militar constante. No jogo de interesses, onde se misturavam entidades oficiais e particulares, ascendeu no século XVII um grupo de nativos euro-asiáticos, que ficaram designados por larantuqueiros. Do grupo destacaram-se as duas famílias acima indicadas, profundamente conhecedores das realidades locais e capazes de reunir apoio entre os timorenses e entre os comerciantes estrangeiros. Depois de 1664, ambos disputaram a governação da ilha, lutando energicamente entre si. A partir do falecimento de Mateus da Costa, a liderança foi tomada por António Hornay, que esteve no poder até 1693. Após essa data, Domingos da Costa impôs-se como líder dos larantuqueiros e tentou controlar o poder. Dessa forma impediu o desembarque de André Coelho Vieira, em 1698, como governador daquele território, bem como o indigitado que se seguiu, António de Mesquita Pimentel, ambos naturais e antigos governadores de Macau. Até 1708 ofereceu resistência ao domínio português e pactuou com os holandeses de Cupão, levantando vários regulados contra o partido real. Persuadido pelo bispo, D. Manuel de Santo António, a sujeitar-se à autoridade portuguesa, recebeu em troca a capitania de Larantuca e depois o lugar de tenente-general das ilhas de Solor e Timor, cargo que lhe foi retirado devido a rebeldias e intrigas. Domingos da Costa faleceu em 1722. A sua filha casou com Francisco Hornay, filho de João Hornay, pondo definitivamente fim às lutas entre as duas famílias. Em meados do século XVIII, a província de Servião era governada pelos Hornay e Costa alternadamente. Bibliografia: LOUREIRO, Rui Manuel, Onde Nasce o Sândalo – Os Portugueses em Timor nos Séculos XVI e XVII, (Lisboa, 1995); MARIA, José de Jesus, Ásia Sínica e Japónica, 2 vols., (Macau, 1988); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau no Século XVII, (Macau, 1982).

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Data de atualização: 2020/07/09