No dia 27 de Setembro de 1704, José da Gama Machado, Capitão-Geral (1703-1706) faz no Senado quatro perguntas: 1 – Pode esta Cidade conservar-se sem o comércio de Timor? 2 – Dadas as precárias circunstâncias em que Timor se acha, importa ou não que Macau o socorra? 3 – Em caso afirmativo, deve ir o barco da pauta, ou quererá a Cidade ou algum particular oferecer o seu? 4 – Quererá a Cidade ou algum particular arcar com as despesas de socorro? Se não, qual será o meio de socorrer Timor? Estas propostas foram discutidas no Conselho Geral de 2 de Outubro, sendo unanimemente respondido o seguinte: que Macau não pode sobreviver sem Timor e que por falta desse comércio durante 3 anos, “acha-se esta Terra tão atenuada, que mais se sustenta o povo dela do subsidio milagroso, que natural; faltando-lhe esse comercio, ficará totalmente arruinada”; pelo que se tomaram seguidamente medidas de socorro e empenhamento para resolver a situação. Como poucos mercadores e donos de navios de Macau tinham capital suficiente para fazer viagens comerciais a seu risco e despesa total, emparceiravam os seus parentes, amigos e sócios. Desta forma, todo Macau participava no comércio do sândalo com Timor, desde o Capitão-Geral às viúvas e órfãos que arriscavam as suas migalhas nos “bagues” (processo de comparticipação nos riscos e nos posteriores lucros). As pessoas que desejassem investir dinheiro na viagem podiam também pedi-lo emprestado dos fundos da Misericórdia e do Cabido da Catedral, à razão de cerca de 20% ou 25% de juro, da mesma forma que as obras pias em Manila ajudavam a financiar grande parte do comércio do galeão de Acapulco.

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Data de atualização: 2019/10/14