
Informações relevantes
Data de atualização: 2023/06/19
Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515
Data de atualização: 2023/06/19
Filho de Diogo do Amaral e de Domingas Francisca, nasceu em Corvaceira (Viseu) em 1594. Ingressou na Companhia de Jesus a 1 de Junho de 1608, em Coimbra. Ordenou-se sacerdote em Évora, em 1622. A sua longa formação decorreu nos colégios de Coimbra e Évora (1608-1623), e a sua docência como professor de latinidade nos de Bragança, Braga, Coimbra e Évora (1616-1620). Aqui se ordenou sacerdote (1522) e foi destinado, a seu pedido, para a missão do Japão. Em 1623 partiu de Lisboa com um numeroso grupo de Jesuítas chefiado por Afonso Mendes, patriarca da Etiópia, e outros dois bispos da ordem. Em Macau inicia o estudo da língua japonesa, que prosseguiu com êxito entre os colonos japoneses da Cochinchina. Um piloto português ofereceu-se para introduzir Amaral e outros Jesuítas clandestinamente no Japão, mas os ventos trouxeram de volta a nau a Macau. A 1 de Dezembro de 1628, o visitador André Palmeiro escrevia: “Espero que este ano cheguem o Padre Gaspar de Amaral e o Padre Paulo [Saito] japonês e que nos possam abrir a porta para ir provendo, pouco a pouco, aquela missão por esta via de Chincheo”. Amaral ficou na Ilha Verde (Macau) onde deixou crescer o cabelo como o chineses para entrar no Japão sem levantar suspeitas, mas voltou à Indochina, desta vez a Tonquim, como superior da missão, com os padres António Cardim e António Fontes. Ali trabalhou desde Setembro de 1629 até meados de 1638, com uma breve estada em Macau (de Maio de 1630 a Fevereiro de 1631). A pedido do visitador Manuel Dias, Amaral escreveu ao Rei do Laos tentando a entrada do Evangelho nesse reino. A resposta do Rei chegou a Macau a 21 de Maio de 1637 e o visitador designou Amaral e Bartolomeu de Roboredo para fundar a nova missão, o que na realidade foi tentado, ainda que sem sucesso, pelo padre João Baptista B`onelli, em 1638. A 6 de Janeiro desse ano Amaral fez a sua profissão solene em Tonquim. Depois assistiu em Macau à Congregação Provincial do Japão (de 9 a 22 de Setembro de 1638), onde deu conta dos 40.000 neófitos baptizados em Tonquim durante o seu superiorato. A 17 de Novembro de 1640 nomearam-no Reitor do Colégio de Macau e simultaneamente vice-provincial da província do Japão. Em 1642 ofereceu-se para tomar parte na desesperada expedição preparada pelo novo visitador Antonio Rubino, mas o sua oferta não foi aceite. Em 1645 o novo visitador Manuel de Azevedo propôs-lhe regressar a Portugal e substituir o Padre António Freire como procurador, mas Amaral preferiu seguir a vida de missionário na sua missão de Tonquim. Embarcado com outros seis Jesuítas, a nau acabou por se afundar em frente à ilha de Hainão a 26 de Fevereiro de 1646. Apenas se salvou o P. Lubelli, que não sabia nadar. Amaral brilhou pela sua capacidade intelectual e o seu sentido prático e organizador. Dotado em alto grau para as línguas, achou fácil a adaptação ao meio ambiente. Deixou manuscrito um dicionário da língua anamita, que posteriormente foi utilizado por Alexandre de Rhodes. O êxito clamoroso dos Jesuítas em Tonquim durante o seu superiorato deveu-se, em grande parte, ao espírito que soube dar aos catequistas. Baseando-se na tradição Jesuíta dos Dojuku do Japão, aperfeiçoou essa Instituição incorporando nela a vida da comunidade e a hierarquia interna do tipo de instituto laico, formado por professos, membros aprovados, noviços e coadjutores. Pessoalmente distinguiu-se pela sua recusa dos bens materiais para uso próprio. A sua devoção a S. Francisco Xavier levou-o a erigir uma cruz comemorativa da sua morte na ilha chinesa de Sanchoão, com uma inscrição em português e japonês.
AMARAL, PADRE GASPAR DO (1594- 1646)
BELO, D. CARLOS FILIPE XIMENES (1948- ). Nascido na pequena aldeia de Walakama, perto de Vemasse, a 3 de Fevereiro de 1948, quinto filho de um professor primário, Domingos Vaz Filipe, e de Ermelinda Baptista Filipe, D. Carlos Filipe Ximenes Belo assistiria ao falecimento do seu pai com apenas dois anos. Seguiu o itinerário educativo das escolas católicas de Baucau e Ossu, graduando-se mais tarde, em 1960, no colégio de Dare. Depois de demorada formação sacerdotal salesiana em Macau e Portugal, D. Ximenes Belo viria a ordenar-se sacerdote a 26 de Julho de 1980. Regressa a Timor um ano mais tarde, em Julho de 1981, tornando-se professor e mesmo, durante um curto período, director do colégio salesiano de Fatumaca. Depois da resignação de Monsenhor Martinho da Costa Lopes, em 1983, acabaria D. Ximenes Belo, a 21 de Março de 1988, por ser apontado administrador apostólico de Díli e bispo titular de Lorium, recebendo o título episcopal a 19 de Junho desse mesmo ano. Imediatamente, em 1989, o novo administrador apostólico da capital de Timor Leste escreve ao então secretário-geral das Nações Unidas, Javier Perez de Cuellar, denunciando a situação humana do território e a repressão difícil da ocupação militar e política indonésia. Em 1989, coube a D. Ximenes Belo acolher a visita de João Paulo II, oficialmente o responsável pela diocese de Díli, mobilizando intensamente a população de maioria católica do território. A partir daqui, a biografia de D. Carlos Filipe Ximenes Belo torna-se progressivamente mais conhecida, destacando-se o modo intransigente como defende os direitos humanos do povo timorense. Para tanto, denuncia a violenta ocupação indonésia e pugna pelos valores culturais e nacionais da parte oriental da ilha de Timor, antiga colónia portuguesa. Apesar das enormes dificuldades, muitas incompreensões e frequentes calúnias, D. Ximenes Belo não vacilou nesse caminho de defesa do direito à auto-determinação do povo timorense, concorrendo para ampliar uma resistência cívica, moral e cultural, que haveria de ganhar definitivamente eco internacional quando o bispo foi laureado com o Prémio Nobel da Paz de 1996. Abriam-se, assim, três vertiginosos anos de luta pela auto-determinação, que se concluiriam com o referendo ganho claramente pela via da independência. A violência subsequente encontraria, também, em D. Ximenes Belo, um dos mais relevantes protagonistas da defesa da identidade nacional e dos direitos do povo timorense. Mais recentemente, a 26 de Novembro de 2002, o bispo de Díli viria a resignar da sua administração apostólica, ganhando algum descanso para novas etapas vivenciais que o levam a cruzar a actividade cultural, a reflexão e também o aconselhamento das novas autoridades políticas timorenses, finalmente, eleitas democraticamente pela vontade popular expressa através do sufrágio directo universal. Até aqui, sumariam-se eventos e temas que se poderiam facilmente visitar em qualquer enciclopédia geral minimamente preocupada com o mundo actual ou com as figuras mais proeminentes do catolicismo contemporâneo. Menos conhecida é a estada de D. Ximenes Belo, entre 1975 e 1976, em Macau, para estudar no colégio salesiano de Dom Bosco, precisamente durante o período em que se concretiza a violenta ocupação militar indonésia de Timor Leste, que ecoa também, entre resistências e solidariedades, no território macaense. A passagem do bispo de Díli por Macau reveste-se de um duplo significado: recorda as ligações históricas e religiosas continuadas entre Macau e Timor e relembra, igualmente, a presença em Macau de uma comunidade timorense que sempre encontrou no território um especial apoio para a sua formação sacerdotal e intelectual. Deste modo, o itinerário macaense de D. Ximenes Belo representa um ponto de chegada da história da instalação dos salesianos em Macau, desde 1906, comunicando também com a sua vocação missionária em território timorense. A obra educativa salesiana seria marcada, sobretudo, pela inauguração, na década de 1950, do Colégio de Dom Bosco, abraçando filhos e descendentes de portugueses e concretizando um projecto de formação em língua portuguesa dirigido a muitos jovens que viriam a preencher as administrações, ofícios e igrejas coloniais no mundo asiático, de Macau a Timor. Bibliografia: CARMO, António, A Igreja Católica na China e em Macau no Contexto do Sudeste Asiático. Que Futuro?, (Macau, 1997); KOHEN, Arnold S., From the Place of the Dead: The Epic Struggles of Bishop Belo of East Timor, (Inglaterra, 1999).
BELO, D. CARLOS FILIPE XIMENES (1948- )
No dia 20 de Março de 1709, morre no Convento de St.º Agostinho D. Álvaro Benavente, O.E.S.A., vigário apostólico de Kiangsi, que se refugiara em Macau 3 meses antes, ou seja, a 1 de Dezembro de 1708. Os portugueses, o clero local e os missionários estrangeiros, aqui refugiados, tomaram parte nas solenes exéquias fúnebres em Stº. Agostinho, onde foi sepultado na nave central a 21 de Março; a tropa assistiu também ao funeral. Na capela-mor de St.º Agostinho, no local da sua sepultura, está uma inscrição latina, que diz: “Aqui jaz o il. D. Fr. Álvaro, nascido da nobre familia de Benavente em Salamanca, onde ingressou na Ordem do Nosso Padre Agostinho. Pelo zelo de propagar a Fé, demandou a Provincia das Filipinas, foi transferido para o Império da China e, depois de ter administrado brilhantemente a mesma Provincia e a Missão da China, foi promovido a Bispo de Ascalona e a Vigário Apostólico; faleceu em Macau aos 20 de Março de 1709, com 63 anos de idade, 9 de Episcopado. Descanse em paz. Amen”.
Morre no Convento de St.º Agostinho D. Álvaro Benavente
COSTA, D. ARQUIMÍNIO RODRIGUES DA (1924-2016). Bispo de Macau, nascido em S. Mateus, Ilha do Pico, Açores, 8 de Julho de 1924. Cursou o Seminário de Macau e ordenou-se sacerdote (1949). Depois de leccionar cinco anos no Seminário, segue para Roma onde obtém a licenciatura em Direito Canónico, na Universidade Gregoriana. Regressado ao Seminário de Macau (1960), foi professor e depois Reitor. Visita Timor em 1963. Na ausência do Prelado, no Concílio Vaticano II, foi nomeado Governador do Bispado. Em 1968 foi professor e prefeito de estudos no Seminário Diocesano de Hong Kong. Falecido D. Paulo José Tavares (1973), é eleito Vigário Capitular da Diocese de Macau e depois é nomeado Bispo; foi ordenado a 25 de Março de 1976. Na celebração do IV Centenário da Diocese (1976), exorta a um profundo e empenhativo exame de consciência perante a responsabilidade da evangelização. Em 1977, assina com os Bispos de Malaca-Johor e Singapura o acordo de transferência dos enclaves da diocese de Macau. No seu múnus pastoral, pautou-se pela discrição, evitando faustos e envolvimentos desnecessários. Colaborou com o Governo, por exemplo, no respeitante aos assentos nos livros paroquiais, e incentivando a população ao recenseamento eleitoral. Exprime-se com facilidade em oito línguas, incluindo o cantonense. Participou em todas as reuniões da Federação das Conferências dos Bispos da Ásia, desde 1974 a 1988. Procurou novos reforços do pessoal missionário, conseguindo que se estabelecessem na Diocese a Prelatura pessoal da Santa Cruz e Opus Dei, os Irmãos (MCO) e Irmãs da Caridade (MCA), os Paulistas (SSP), e as Irmãs da Caridade de Sant’Ana (HCSA). Publicou mensagens pastorais, das quais destacamos o Baptismo das Crianças e o Sacramento da Reconciliação. Promulgou o Calendário Litúrgico próprio da Diocese. Promoveu a renovação do semanário O Clarim e do Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau (actual Boletim Eclesial de Macau) e fez a reestruturação do Centro Diocesano de Comunicação Social. Instituiu (1981) a capelania da Universidade da Ásia Oriental (actual Universidade de Macau). Procurou assegurar a manutenção da vasta rede de escolas católicas. Através dos serviços da Caritas Diocesana prestou notável ajuda aos refugiados e população carenciada, criando a Escola de Assistentes Sociais (1977), e o Centro Diocesano de Apoio à Família (1978); em Macau, acolheu o II Encontro do Instituto Asiático para a Acção Social (1988). Assegurou a presença possível e discreta junto dos católicos da sua diocese na República Popular da China. Efectuou em 1985 uma visita de carácter oficial à China. Foi recebido pelo Bispo de Pequim e também pelo Bispo da Associação Patriótica da Igreja da China. Ficou esclarecido sobre a situação da Igreja Católica na China e da sua relação com o Governo. No encontro com o Director do Gabinete para os Assuntos Religiosos foi-lhe afirmado que a Igreja da China e o Gabinete não interfeririam na Igreja de Macau. Nas visitas aos bispos de Nanquim (Nanjing 南京), Xangai (Shanghai 上海) e Cantão (Guangzhou 廣州), ficou impressionado com o entusiasmo da fé nas liturgias, a seriedade na formação no Seminário de Xangai (Shanghai 上海), o espírito de oração no santuário de Sheshan 佘山 e o convite para renovar a peregrinação de Macau a Sanchoão. Aceite por Roma o seu pedido de resignação (1988), sucedeu-lhe D. Domingos Lam, seu Bispo Coadjutor e primeiro bispo de etnia chinesa na Cidade do Santo Nome de Deus de Macau. Em 1984 foi agraciado pelo Governo Português com o grau de Grande Oficial da Ordem de Benemerência; em 1986 recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia, pela Universidade de Macau; e, em 1988, pelo Presidente Mário Soares, o grau de Grã-Cruz da Ordem de Mérito. De regresso aos Açores, colabora na pastoral; faz parte do grupo de Bispos do Movimento dos Focolares (Obra de Maria). Bibliografia: CARDOSO, Padre Tomás B. (coord.), Textos de D. Arquimínio Rodrigues da Costa, Bispo de Macau, 1976-1988, (Macau, 1999).
COSTA, D. ARQUIMÍNIO RODRIGUES DA (1924-2016)
Melchior Miguel Carneiro Leitão, de seu nome completo, nasceu em Coimbra, por volta de 1516. Entrou para noviciado da Companhia de Jesus em 1543, na mesma cidade portuguesa. Poucos anos mais tarde, em 1551, fazia parte do grupo fundador do colégio Jesuíta de Évora, de que, aliás, foi reitor, o qual viria a dar origem a uma universidade. Entre 1553 e 1554 foi a Roma, incumbido de missão oficial pela Companhia de Jesus. De regresso a Lisboa, partiu para o Oriente em 1555, com o título de bispo de Niceia, a bordo de uma nau portuguesa da carreira da Índia, que chegou à Índia no mesmo ano. Durante algum tempo, exerceu funções docentes no colégio Jesuíta de Goa, capital do Estado Português da Índia. As fontes Jesuítas indicam que sofria de asma e que era “colérico em sumo grau”. Apontado como sucessor do Patriarca da Etiópia, acabou no entanto por ser enviado para Macau, com as funções de bispo da China e do Japão, por força de um breve de 1566 do Papa Pio V. Após escala em Malaca, D. Melchior já se encontrava no porto de Macau em meados de 1568. O porto luso-chinês, por esses anos, era sobretudo utilizado pelos religiosos Jesuítas como base de apoio às missões japonesas. Residindo inicialmente na casa dos seus correligionários Jesuítas, o bispo estabeleceria pouco depois residência própria, mais consentânea com o seu cargo episcopal. Consigo residia algum tempo o padre Gregório Gonzales, prelado espanhol que assistira à fundação de Macau, já que estanciava neste entreposto luso-chinês, ininterruptamente, desde 1555. Documentação da época revela que nem toda a comunidade Jesuíta de Macau via com bons olhos o facto de o bispado estar entregue a um membro da Companhia de Jesus. Contudo, apesar desta oposição, D.Melchior Carneiro continuou a exercer as suas funções religiosas e assistenciais, tanto mais que as condições climatéricas de Macau se revelaram especialmente benéficas para a enfermidade de que sofria. Entre outras actividades, fundou um hospital para leprosos, que, como a doença era, então, conhecida como ‘mal de São Lázaro’, veio a adoptar o nome deste santo; fundou um outro hospital designado de São Rafael; e abriu uma confraria da Misericórdia, organismo muito típico de todos os estabelecimentos ultramarinos portugueses. D. Melchior visitou a cidade de Cantão em pelo menos duas ocasiões, a primeira em 1569 e a segunda em 1576. Da primeira vez, pretendia inteirar-se das possibili¬dades de alargar a missionação Jesuíta ao interior da China; como outros Jesuítas antes e depois dele, constatou que seria impossível conseguir entrada no Celeste Império sem conhecimentos mínimos de língua chinesa. Da segunda vez, tentava resgatar das mãos das autoridades cantonenses um bonzo chinês que se convertera ao cristianismo e que, efectivamente, com ele regressou a Macau. Em 1581, alegando motivos de saúde, renunciou ao episcopado e solicitou aos superiores autorização para regressar a Portugal, talvez por ter chegado à cidade, D. Leonardo de Sá, que vinha nomeado como bispo de Macau. Este último, de resto, envolver-se-ia em disputas com a comunidade Jesuíta macaense, a respeito da posse das casas da residência episcopal, que afirmava serem suas e não dos Jesuítas. Mas, numa das suas cartas, o visitador Alessandro Valignano comentaria: “não me custou pouco trabalho para lhas tornar a sacar das mãos”. O padre Melchior passou a partir de então a viver com os seus correligionários, sem qualquer cargo ou autoridade. Um missionário Jesuíta que então passou por Macau escrevia que o antigo bispo se desfizera de todos os seus bens e que vivia “com grande edificação, pobreza e humildade”. Faleceu em meados de 1583, sendo sepultado na Igreja de São Paulo. Bibliografia: DEHERGNE, Joseph, Répertoire des Jésuites de Chine de 1552 à 1800, (Roma, 1973) ; Diccionario Histórico de la Compañía de Jesús, O’NEILL, Charles E.; DOMÍNGUEZ, Joaquín María (dirs.), 4 vols., (Roma, 2001); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau e a sua Diocese, vol. III, (Macau, 1956-1961).
CARNEIRO, D. MELCHIOR (?-1583)
CARDIM, ANTÓNIO FRANCISCO (?-1659). Os seus pais residiam em Viana do Alentejo, mas António Francisco nasceu na cidade do Porto, entre 1594 e 1596. Foi admitido no noviciado de Évora da Companhia de Jesus a 24 de Fevereiro de 1611 e a 18 de Outubro emitiu os seus votos de devoção no colégio de S. Roque, Lisboa. Voltou a Évora para terminar o noviciado e estudar humanidades e artes (Filosofia). Em 1618 viajou para Goa, dedicou quatro cursos ao estudo da teologia e celebrou a sua primeira missa em Fevereiro de 1621. Em 1623 foi nomeado para a província do Japão no Exílio. Cardim foi destinado ao Sião (Tailândia) a 8 de Dezembro de 1625, até ao seu regresso a Macau a 2 de Julho de 1629. Novos destinos foram dois meses em Tonquim, dois anos na Conchichina e uma breve estadia em Tonquim desde Março de 1631, depois da qual voltou a Macau, onde esteve três anos como mestre dos noviços e quatro como reitor, sendo simultaneamente comissário do Santo Ofício. Na congregação provincial realizada em Macau de 9 a 22 de Setembro de 1638, foi eleito para participar em Roma na Congregação Geral, como representante do Japão. Saiu de Macau em 1638, mas só em Setembro de 1642 chegou a Lisboa. Em Roma, enfermo, esteve prestes a morrer, antes de assistir à Congregação, de 21 de Novembro de 1645 a 14 de Abril de 1646. Em Maio e em Junho redigiu uma informação e um memorial referentes às actividades dos Jesuítas no Oriente. Em 1647 promoveu o envio de uma legação do rei de Portugal ao Japão, para suster a perseguição do shogun Tokugawa Iemitsu. Em 1649 empreendeu a viagem de regresso a Macau, mas a nau naufragou na costa antes de chegar a Moçambique e os expedicionários tiveram que seguir a pé. A etapa seguinte levou-o a Goa e, em 1652, embarcou a caminho de Macau, mas a 15 de Junho foram feitos prisioneiros por corsários holandeses. A 2 de Julho desembarcaram em Malaca, tendo sido levados para o cárcere de Negumbo na ilha de Ceilão e depois para a prisão da fortaleza de Gale. Três anos depois chegou a Goa, seguindo a pé por Cochim, Coulão, Travancor, pela costa da Pescaria e Negapatão. Aqui embarcou para Tenasserim, e de novo por terra até ao Sião. O barco que o levava a Macau foi desviado por ventos junto à ilha de Hainão (Hainan 海南), onde foi recebido com carinho pelos Jesuítas dessa missão, que lhe prepararam outra nau para atravessar até ao continente e seguir a pé para Macau. Cardim ofereceu-se para a missão do Cambodja, mas acabou por morrer em Macau a 30 de Abril de 1659. Embora nunca tenha podido pisar o solo japonês, a figura do infatigável Cardim ocupa um lugar importante na história da Província do Japão no Exílio. Precedido por Pedro Morejón e outros, dedicou-se à glorificação dos mártires do Japão, religiosos e laicos, primeiro como testemunha e depois como procurador no processo de Macau 1635-36. São bem conhecidas dos historiadores as obras das quais fazemos a resenha no final, algumas publicadas durante a sua estadia em Roma. Também são dignas de menção as suas intervenções a favor da Província do Japão, opondo-se a algumas pretensões administrativas do visitador Manuel Dias e do superior Álvaro Semedo, tendo ainda em outras ocasiões favorecido a causa da Vice-Província da China. – Principais Obras. Relatione della provincia del Giappone, 1645; Memoriale ad Reverendum admodum Patrem Nostrum Generalem, 1646; Fasciculus e Iapponicis Floribus, suo adhuc madentibus sanguine, 1646; Informação sobre a pretenção dos Padres da China em destruir a Província de Jappam, 1648; Batalhas da Companhia de Jesus na sua gloriosa Província do Japão, c.1651. Bibliografia: Dehergne, Joseph, Répertoire des Jésuites de Chine de 1552 à 1800, (Roma, 1973); TEIXEIRA, Padre Manuel, “Os Cardins”, in Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, (Macau, 1972), pp. 443-460.
CARDIM, ANTÓNIO FRANCISCO (?-1659)
CASTRO, PADRE ÁUREO DA COSTA NUNES E (1917-1993). Compositor, pedagogo e maestro, nasceu nos Açores, ilha do Pico, em 1917, e faleceu em Macau, em 1993. Iniciou seus estudos musicais em família. O seu primeiro contacto com a música ocorreu quando era ainda criança no coro da igreja da freguesia da Candelária, onde vivia, no qual cantou como sopranino. Sobrinho de Dom José da Costa Nunes e Castro, Bispo de Macau, é trazido, em 1931, para Macau, para frequentar o Seminário de São José onde estuda Teoria, Solfejo e Harmonia com os padres Wilhelm Schmid (n. 1910) e António André Ngan (1908-1982). É ordenado sacerdote em 1943 tendo sido, a partir de então, nomeado para vários cargos eclesiásticos em Macau: capelão e vigário paroquial da Sé Catedral, director do semanário católico O Clarim, pároco da Igreja de S. Lourenço. Foi também professor das disciplinas de Canto Coral, Religião e Moral no Liceu Nacional Infante D. Henrique e na Escola Comercial Pedro Nolasco. Em 1951 fez os exames do Curso Geral, como aluno externo, no Conservatório Nacional de Lisboa. Mais tarde, obtém permissão para permanecer em Lisboa e continuar os estudos musicais. Forma-se em Composição com distinção pelo Conservatório Nacional (onde também estuda canto e piano com Biermann, Arminda Correia e Croner de Vasconcelos), na classe do compositor e pianista Croner de Vasconcelos (1910-1974). Ainda estudante, é assistente, em Lisboa, do maestro e musicólogo português Mário Sampayo Ribeiro (1898-1966) no Coro do Centro Universitário da Universidade de Lisboa. Retorna a Macau em fins de 1958, onde é colocado como professor de música do Seminário de S. José. Em 1959 funda o Grupo Coral Polifónico e, em 1962, juntamente com o Padre Cesare Brianza (1918-1986), cria a Academia de Música S. Pio X, existente até hoje. Em 1983, ao lado de Stuart Bonner, cria a Orquestra de Câmara de Macau, composta por músicos amadores e professores da Academia, mais tarde absorvida pelo Instituto Cultural de Macau. Animador e entusiasta das actividades musicais, Áureo Castro, dedicou-se sempre à Composição, tendo escrito um grande número de obras para coro, de câmara e peças para piano. Suas obras abrangem um grande diversidade de estilos musicais (que vai de fugas barrocas a música de inspiração chinesa), e revelam a sólida formação teórica e técnica aprendida em Lisboa com Croner de Vasconcelos, emoldurada por uma rica inspiração melódica, onde, com frequência, são encontradas influências das tradições musicais orientais, das quais era profundo conhecedor. É autor de diversas obras para piano e órgão, coro e um Te Deum para coro e grande órgão (mais tarde transcrito para orquestra) que foi apresentado em Lisboa, merecendo de Croner de Vasconcelos o comentário: “até que enfim aparece neste país uma obra deste género.” As obras de inspiração chinesa de Áureo Castro não correspondem à estereotipada imagem sonora de um oriente distante, fantasioso e mágico tal como definido por Edward Said e que nos habituamos a encontrar nas obras dos compositores orientalistas europeus do século XIX. Suas composições, ao contrário, possuem uma linguagem extremamente original: um autêntico hibridismo musical onde encontramos reconciliadas a harmonia tonal ocidental e o modalismo pentatónico chinês. Estas características, raramente encontradas num compositor ocidental, fazem com que Áureo Castro ocupe um lugar especial na história do encontro musical entre e o Ocidente e o Oriente. – Obras. 1. Música Sinfónica. Tocata e Minuete em ré menor (Transc. para quarteto de cordas da peça com o mesmo nome de Carlos Seixas); Scherzo (Orq. para grande orquestra do Scherzo da Sonata no 12, Op. 26, em lá bemol de L. van Beethoven). 2. Piano ou Órgão. Fuga em lá bemol, a três partes. 3. Piano. Suite China (Cenas de Macau), em três andamentos; Três corais sobre melodias gregorianas; Sonata n.º 1, Allegro (incompleta); Sonata n.º 2, Allegro (incompleta); Sonatina; Danças da Siu Mui Mui, em três andamentos; Nostalgia. 4. Órgão. Fuga coral em Mi Maior. 5. Canto e Piano/ Órgão. Te Deum Laudamus; Hino (Texto de Osório Goulart). Lembra-te Papá (Texto de Santa Teresinha); A Recalling Moonlight; Hossana (Moteto para canto e órgão); Oração da Noite; Lembrai-vos; 1961, Dá shê tchin mei; Carandá Madu; 1972, Menina de Olhos Verdes (poema de Luís de Camões); Oração da Noite (Canção religiosa para canto e órgão); Duas Melodias Religiosas para uso Litúrgico. 6. Coro e Orquestra. Te Deum Laudamus; Adeste Fidelis; Hodie Christus Natus est (arr. para orquestra de câmara e coro a quatro vozes mistas da canção de Natal da autoria de Feltz); Santa Cecília (Cantata para solo, coro e orquestra de câmara. Incompleta). 7. Coro a Capella. Música de Cena para o “Auto da Alma” de Gil Vicente (Três vozes iguais); O Menino está dormindo (Cânone circular duplo para seis vozes); Ay, Santa Maria (Arr. para três vozes iguais de vilancico de autor anónimo); Stella de dia (Arr. para quatro vozes iguais de uma cantiga de Afonso, o Sábio); Jesus a dormir(Moteto para quatro vozes brancas); Milho Verde (Harm. para três vozes masculinas de canção popular); Hodie Scietis (Moteto para três vozes brancas); A Belém Pastores (Arr. para coro de quatro vozes mistas de canção natalícia portuguesa); Christmas is begun (Harm. para coro de quatro vozes mistas de canção natalícia); Seniores Populi (Responsório da Semana Santa, para coro de quatro vozes mistas); Seniores Populi (Responsório da Semana Santa, para coro de três vozes masculinas); Puer Natus – Allelluia (Harm. para quatro vozes masculinas de canção trad. natalícia inglesa); O Senhor é meu amparo (Invocação para quatro vozes mistas); Cor Jesu (Jaculatória para três vozes iguais); Pie Jesu (Jaculatória para três vozes iguais); A Vós Senhor (Harm. para quatro vozes mistas de melodia da autoria do Padre Alfredo); Neve, Neve sem cessar (Harm. para quatro vozes mistas de canção popular russa); O Quam Suavis (Moteto para três vozes mistas); Et Incarnatus (Moteto para três vozes mistas); Hung tau tsi (Harm. para soprano solo e quatro vozes mistas de canção chinesa); Hu pien shau nu (Harm. para quatro vozes mistas de canção chinesa); Chian kun yu, miao fa (Coeli Enarrant Gloriam Dei, Arr. para quatro vozes mistas de melodia original de Chiang Wen Yeh sobre o salmo 19); Gong tsi fa tchoi (Harm. para quatro vozes mistas de canção chinesa comemorativa do Ano Novo Lunar); O Cor Amoris (Moteto para três vozes iguais); Cremos em vós (Moteto para três vozes iguais); Inter Vestibulum (Moteto para três vozes iguais); Dezoito melodias religiosas para uso litúrgico (para três e quatro vozes iguais); Astronautas do amor (para coro de três vozes masculinas, texto do Mons. Manuel Teixeira). 8. Coro com Acompanhmaento Instrumental. Te Deum Laudamus (para coro misto a quatro vozes e órgão). Cantica Psalmonica (Motetos salmódicos e pequenas peças para duas ou três vozes iguais, com acompanhamento de órgão baseadas nos salmos bíblicos); Cinco Motetos (para uma e duas vozes iguais e órgão, dedicados ao grupo coral da Igreja de S. Lourenço); Alma Minha Gentil (para coro de três vozes brancas e piano, sobre o soneto de Camões); Terra Tremuit (Moteto para quatro vozes masculinas e órgão); Surrexit Dominus (Moteto para três vozes mistas e órgão); Senhor, eu não sou digno (Moteto para duas vozes iguais e órgão); Panis Angelicus (Moteto para duas vozes mistas e órgão); Tantum ergo (Moteto para duas vozes mistas e órgão); Yu guan chu (Pescador de Rede, Harm. para quatro vozes mistas e piano de canção tradicional chinesa). – Cenas de Macau ou Suite China. Suite para piano, de Áureo da Costa Nunes e Castro, dividida em três andamentos, “Invocação”, “Oração num Templo Budista” e “Barcos-dragão”, também conhecida pelo nome de Suite China. Segundo notas escritas em 1976 pelo próprio compositor, “estas cenas, escritas quando o autor era ainda estudante do Conservatório Nacional, representam os primeiros passos em busca de uma linguagem harmónica a prescindir dos clássicos trâmites da harmonia tonal, e que pudesse, ao mesmo tempo, servir de roupagem a melodias do folclore chinês, muitas das quais se baseiam nas escalas pentatónicas. Composições originais, elas foram escritas com o único propósito de pintar algumas cenas de Macau com tintas a respirar a atmosfera chinesa das mesmas cenas. O primeiro número tenta descrever um pôr-do-sol na Barra, com o regresso dos barcos da pesca […]. Uma quase evocação. A segunda peça foi sugerida por uma oração num templo budista, com o canto melopaico dos bonzos acompanhado de ocasionais toques de sinetas e de gongs. A terceira, Barcos-dragão, é uma reminiscência da regata dos bar-cos-dragão realizada da Ilha Verde à Barra, quando, em 1932, Macau recebia, pela terceira vez, o governador Tamagnini Barbosa. Escrita em forma de sonata, a peça começa com ritmo e temas melódicos sugeridos pela calma do rio e a regata.” Bibliografia: BARRETO, Simão, “Áureo Castro (1917- 1993)”, in Revista de Cultura, n.° 26, II Série, (Janeiro-Março de 1996), pp. 131-140; CASTRO, Áureo da Costa Nunes e, Aurei Carmina, Obras para piano e órgão, (Macau, 2001); LYNN, Margaret, Folheto do CD Áureo Castro Piano Works, Phonoart PACD 005, (Macau, 2002); JARDIM, O. Veiga, “Música em Macau: Tema e Variações”, in Revista Macau, n.° 8, (Macau, 1992), pp. 146-154.
CASTRO, PADRE ÁUREO DA COSTA NUNES E (1917-1993)
CASTRO, D. JOÃO PAULINO DE AZEVEDO E (1852-1918). Filho de Amaro Adrião de Azevedo e Castro e de Maria Albina Carlota da Silveira, D. João Paulino de Azevedo e Castro nasceu nos Açores (Lajes do Pico), no dia 4 de Fevereiro de 1852. Depois de frequentar os estudos primários e secundários nos Açores, ingressou no Seminário de Coimbra e matriculou-se no curso de Teologia da Universidade de Coimbra, que concluiu em Julho de 1879. Neste mesmo ano, a 31 de Agosto, foi ordenado sacerdote na Capela do Paço Episcopal de Angra do Heroísmo. Mantendo-se ligado à Sé desta cidade açoriana, D. João Paulino de Azevedo e Castro, em 1890, foi promovido a tesoureiro-mor, chegando a ocupar o lugar de vice-reitor do Seminário. A par da sua carreira eclesiástica, D. João Paulino de Azevedo e Castro dedicou-se à actividade docente no seminário diocesano, tendo leccionado Teologia, Filosofia, História Eclesiástica e Direito Canónico. Apesar de ter sido nomeado Arcediago, acabou por não tomar posse em virtude de ter sido eleito Bispo de Macau pelo papa Leão XIII, o que foi confirmado em 9 de Junho de 1902. D. João Paulino de Azevedo e Castro pertenceu a um grupo de prelados com origem nos Açores que desempenharam um relevante papel religioso e político no Território. Lembremos a figura de D. José da Costa Nunes, Vigário-Geral de D. João Paulino a partir de 14 de Julho de 1906, que o substituiu à frente do bispado de Macau em finais de 1910. Uma vez em Macau, onde chegou no dia 4 de Julho de 1903, D. João Paulino de Azevedo e Castro deparou-se com alguns problemas de grande complexidade político-religiosa a que teve de dar resposta. O primeiro dizia respeito à redefinição dos limites da diocese de Macau e da prefeitura apostólica de Cantão, determinada pela Sagrada Congregação de Propaganda: a ilha de Hainão passava para a jurisdição da prefeitura e o distrito de Zhaoqing 肇慶 ficava sob a alçada da diocese de Macau. O governo francês e o prefeito apostólico tentaram opor-se à aplicação desta determinação, o que obrigou D. João Paulino de Azevedo e Castro a protestar energicamente junto do governo de Lisboa, reclamações que foram encaminhadas para Roma. Em Macau, D. João Paulino dirigiu os destinos do bispado no período crítico da implantação do regime republicano. O decreto de 8 de Outubro de 1910 ordenou a expulsão dos Jesuítas, determinação que foi executada em Macau no dia 19 de Novembro. As repercussões do regime republicano na vida dos religiosos de Macau estendeu-se a outras ordens, quando, em 29 de Novembro, se determinou a sua saída do Território. Depois de entregar o bispado a D. José da Costa Nunes, D. João Paulino de Azevedo e Castro saiu de Macau com destino à China no dia 4 de Dezembro. Depois de uma breve passagem por Hong Kong, dirigiu-se a Cantão em visita pastoral às Missões da China. Em Janeiro de 1911 passou por Singapura e por Malaca, regressando a Macau no dia 7 de Abril. Os momentos políticos difíceis que passou em Macau, no seguimento da proclamação da República, estimularam D. João Paulino de Azevedo e Castro a reflectir sobre as relações entre o Estado e a Igreja e sobre o papel que esta desempenhava no Extremo Oriente. A testemunhar esta sua preocupação, encontramos os muitos escritos que nos legou, devendo ser dado especial destaque a iO Padroado Português no Extremo Oriente e a Lei de Separação do Estado das Igrejas. Neste texto, dividido em três capítulos, D. João Paulino de Azevedo e Castro defende a ideia de que a evangelização tinha sido uma trave-mestra do processo de expansão da civilização nas nações “idólatras” e “selvagens”, sublinhando o seu alcance moral, utilitário e político. Enaltece o papel de Macau enquanto centro donde irradiava a acção missionária no Extremo Oriente, tentando provar a utilidade política da acção missionária portuguesa na China e em todo o Extremo Oriente. Um exemplo é avançado: o direito de Portugal reclamar a soberania sobre a ilha da Lapa e a ilha Verde devia-se à acção missionária desenvolvida naqueles locais desde o século XVII. A pertinência deste argumento assumiu um significado político muito particular, atendendo a que a questão da definição dos limites de Macau permaneceu em aberto no diálogo luso-chinês durante todo o primeiro quartel de Novecentos. Em 1915, iniciou a publicação de Os Bens das Missões Portuguesas na China. Os seus textos revelam um homem profundamente conhecedor da acção da Igreja, particularmente no Extremo Oriente, tema que norteou a sua investigação e a sua intervenção política e religiosa, através da palavra escrita e oral. Da sua acção em Macau ressaltaram a criação do Colégio de Perseverança, entregue ao cuidado das religiosas canossianas, vocacionado a acolher raparigas sem família; a criação de um orfanotrófio para o ensino de artes e ofícios a jovens chineses, entregue aos salesianos de D. Bosco; a promoção de escolas e asilos nos subúrbios da cidade de Macau; a criação do Boletim da governo da diocese de Macau. D. João Paulino de Azevedo e Castro permaneceu em Macau, onde faleceu no dia 17 de Fevereiro de 1918. Bibliografia: CASTRO, João Paulino de Azevedo e, Os Bens das Missões Portuguesas na China, (Macau, 1995); TEIXEIRA, Padre Manuel, Arquivos da Diocese de Macau, (Macau, 1970).
CASTRO, D. JOÃO PAULINO DE AZEVEDO E (1852-1918)
Personagem: | Suarez, Luis Ruiz, 1913-2011 |
Palavra-chave: | Clero |
Panchões | |
Motocicleta |
Entidade de coleção: | Companhia de Jesus em Macau |
Fornecedor de trabalho digital: | Macau Documentation and Information Society |
Autoridade: | Autorização do uso à Fundação Macau concedida por Companhia de Jesus em Macau. Em caso de precisar usar este material, deve pedir a autorização do titular do direito de autor. |
Idioma: | Chinês |
Tipo: | Imagem |
Fotografia | |
A cores | |
Formato das informações digitais: | JPG, 2920x1841, 1.16MB |
Identificador: | p0005800 |
Caros membros do website "Memória de Macau", olá!
Agradecemos o vosso apoio e confiança ao longo do tempo ao website de Cultura e História "Memória de Macau". A fim de otimizar a qualidade dos serviços a prestar aos membros e proteger os seus direitos e interesses, será implementada, oficialmente, uma nova versão dos "Termos e Serviços" que entrou em vigor a 28 de Abril de 2025. Por favor, leiam o texto completo da versão actualizada. O conteúdo pode ser consultado aqui:
👉 Clique aqui para tomar conhecimento da versão actualizada dos "Termos e Serviços"
Li, concordo e aceito o conteúdo actualizado dos "Termos e Serviços".
Caso tenha alguma dúvida sobre a versão atualizada, não hesite em contactar-nos.
Agradecemos o vosso contínuo apoio e confiança. O website de Cultura e História "Memória de Macau" continuará a prestar serviços aos seus membros de forma segura e conveniente.
Com os melhores cumprimentos,
Website de Cultura e História "Memória de Macau"
Data de actualização: 28 de Abril de 2025
Instruções de uso
Já tem a conta da "Memória de Macau"? Login
Comentários
Comentários (0 participação(ões), 0 comentário(s)): agradecemos que partilhasse os seus materiais e histórias (dentro de 150 palavras).