A sua designação oficial é Xiancheng 縣丞, ou seja, Adjunto do Magistrado do Distrito. Era o “Tso-tang (Zuotang 佐 堂)”, “assessor do Juiz de Fora”, “Mandarim Ouvidor de Çôei-my”, “Ouvidor Rezidente em Macao”, “Mandarim Delegado zuotang”, etc., das fontes portuguesas. Tratava-se um cargo muito antigo, que remonta às dinastias Tang 唐 (618-907) e Song 宋 (960-1279). Na Dinastia Qing 清 (1644-1911) dizia respeito ao funcionário de 8.a, que, na administração distrital, se encarregava das provisões, fiscalidade, registos civis e ordem pública. Etimologicamente, “Tso” (Zuo 佐) significa “auxiliar” e “tang” 堂, “salão”. “Tso-tang” (Zuotang 佐堂) quer dizer, pois, “auxiliar do salão” [Adjunto do Magistrado Distrital]. Às vezes, o carácter que corresponde a “Tso” é 左, de modo que temos “Tso-tang” (Zuotang 左堂) [O Esquerdo do salão principal]. Não sem razão, o Padre Gonçalves definiuo como “Substituto do juiz”. Era, de facto, o número dois na administração distrital, daí o nome de “Erya” 二衙 [Número 2 da Repartição). Também era conhecido por “Aocheng” 澳丞 [Adjunto de Macau], que é a abreviatura de “Xiangshanxianfenfangaomenxiancheng” 香山縣分行澳門縣丞 [Adjunto do Magistrado do Distrito de Xianshan, destacado em Macau]. Na correspondência que trocava com as autoridades de Macau, costumava usar “Fenfuzhengtang” 分府正堂 [Salão do Adjunto do Sucursal da Repartição Distrital), “Aomenfenfu” 澳門分府 [Sucursal da Repartição Distrital em Macau), “Rongtai” 戎台 ou “Rongting” 戎廳 [Chefe Policial-Militar]. Nas fontes portuguesas aparecem mais como mandarim de Çoimi, mas também há outras designações, como subalterno do Mandarim da Casa Branca, assessor do Juiz de fora, etc.. “No 9.º ano (1731), o Zuotang 佐堂 do Distrito de Xiangshan 香山 foi destacado para Qianshan 前山 [Montanha Dianteira, Casa Branca]. Quem propôs esta transferência, invocou o facto de Macau, que estava afastada da Cabeceira Distrital, contar com uma população cada dia maior, tanto de chineses como de bárbaros, para justificar a necessidade do destacamento de um Zuotang 佐堂 para o território. Este assumiu a responsabilidade específica de vigiar a localidade e de tratar dos assuntos dos chineses e dos bárbaros”. Através desta citação, sabemos que o Zuotang 佐堂 de Macau tinha jurisdição tanto sobre os chineses como sobre os estrangeiros. “Verificamos que a extinta Dinastia Ming 明 mantinha funcionários seus em Macau para vigiá-la de perto, cuja jurisdição de Macau passou, mais tarde, à administração distrital de Xiangshan 香山. Até ao 8.º ano (1730) do Reinado de Yongzheng 雍正 (1722-1735), o exgovernador Hao Yulin 郝玉麟, atendendo ao facto de que o Magistrado do Distrito de Xiangshan 香山, por se encontrar sobrecarregado de serviços públicos e residir longe de Macau, pelo que não podia dar a devida atenção a Macau, apresentou um Memorial ao Trono solicitando a criação dum posto de Adjunto do Magistrado do Distrito de Xiangshan 香山, com sede na Casa Branca para poder vigiar Macau de perto”. Foi mudado para a Aldeia de Monghá (Wangxia 望 廈) em 1745. Uma deliberação conjunta do Ministério da Função Pública determinou: “Com a instituição da Subprefeitura em Qianshan 前山, entendemos que o Zuotang 佐堂 deveria mudar-se para Macau. A entre os nossos súbditos e os bárbaros, mas sempre com pormenorizado conhecimento do Haifangtongzhi 海防同知 [Subprefeito da Defesa Marítima], caso venha a ser feita qualquer diligência”. Segundo a crónica local, a sua função era “a residir na sede para onde estava destinado, ocupava-se especialmente dos casos legais dos chineses e bárbaros, sob a alçada do Subprefeito da Defesa Marítima”. A partir da fundação da Subprefeitura Militar e Civil na Casa Branca, o Zuotang 佐堂 saiu da competência do Magistrado do Distrito de Xiangshan 香山, sob uma ordem emanada do Ministério da Função Pública: “Quanto ao Xiancheng 縣丞 [Zuotang 佐堂] do Distrito de Xiangshan 香山, fica autorizada a sua mudança para Macau. Estará encarregado especialmente de inspecções, que deverão ser realizadas sob a alçada do Subprefeito”. O Zuotang 佐堂 não era mais do que “a orelha e os olhos” do Mandarim da Casa Branca, por isso, nos ofícios portugueses, apelidamno às vezes de “ouvidor”. Era através dele que o Mandarim da Casa Branca e o Mandarim do Distrito de Xiangshan 香山 exerciam a jurisdição sobre Macau. Dos 4 mandarins que tinham jurisdição directa sobre Macau era o menos categorizado. De facto, era mais informador do que “ouvidor”, na acepção portuguesa da palavra, porque tinha um raio de acção muito reduzido. O Mandarim da Casa Branca é que merecia ser chamado “Ouvidor da Casa Branca”, pois era a autoridade máxima no controlo de Macau. Em resumo, nas relações sino-portuguesas decorrentes no período de vida de Macau anterior ao Governo de João Maria Ferreira do Amaral, o principal interlocutor com as autoridades portuguesas a nível local foi o Zuotang 佐 堂. – Mandarins Residentes. 1731 – Zhu Niangao 朱 念高; 1732 – Gu Hao 顧嵩; 1750 – Huang Yuan 黃 冤; 1755 – Feng Peiling 馮沛霖; 1756 – Hu Kou 胡 口; 1757 – Wang Zuying 王祖英; 1765 – Xing Shengrang 興聖讓; 1774 – Xu mengling 徐夢麟; 1777 – Xia Jiayu 夏家瑜; 1778 – Cha Qian 查潛; 1782 – Zhou Keda 周克達; 1791 – Jia Yizeng 賈奕曾; 1797 – Wu Zhaojin 吳兆晉; 1809 – Jiang Zhong 姜 衷; 1812 – Pan Shilun 潘世綸; 1812 – Zhou Feiluan 周飛鸞; 1820 – Chang Yingkui 常應魁; 1823 – Ge Jingxiong 葛景熊; 1827 – Shen Jizu 沈繼祖 (interino); 1828 – Feng Zhuoli 馮卓立 (interino); 1829 – Yan Shaolin 嚴紹陵 (interino); 1830 – Ge Jingxiong 葛景熊; 1831 – Zhu Jinghan 朱靜涵; 1832 – Shen Jizu 沈繼祖 (interino); 1832 – Ge Jingxiong 葛景熊; 1833 – Kong Zhaoguang 孔昭光 (acumulado); 1833 – Luo Jiang 羅江 (interino); 1833 – Yang Zhaodao 楊 昭道 (interino); 1835 – Jin Tianze 金天澤 (interino); 1837 – Peng Banghui 彭邦晦 (interino); 1840 – Yang Weishan 楊維善; 1841 – Zhang Yu 張裕 (interino); 1846 – Wang Zheng 汪政; 1850 – Zhang Gan 張淦 (interino). [J.G.P.]
Bibliografia: Aomen Zhuandang [Arquivo Especial de Macau], 4 vols, (Taipei, 1992-1996); Biblioteca da Ajuda, Jesuítas na Ásia, Cód. 49-V-29; GONSALVES, Padre Joaquim Afonso, Dicionario china-portuguez no estilo vulgar mandarim e classico, (Macau, 1833); HUCKER, Charles R. A Dictionary of Official Titles in Imperial China, (Taipei, 1995); JESUS, Carlos Augusto Montalto de, Macau Histórico, (Macau, 1990); JIN Guo Ping; WU Zhiliang, Yueao Gongdu Lucun [Correspondência Trocada entre as Autoridades de Guangdong e os Procuradores do Senado], 8 vols., (Macau, 2000); JIN Guo Ping, Zhongpu Guanxi Shidi Kaozheng [As Relações Luso-Chinesas Histórica e Geograficamente Falando], (Macau, 2000); LEI Pangzhu, Aomen Gujin [O Passado e o Presente de Macau], (Macau, 1988); LJUNGSTEDT, Anders, An Historical Sketch of the Portuguese Settlements in China; and of the Roman Catholic Church and Missions in China & Description of the City of Canton, (Hong Kong, 1992); TEIXEIRA, Padre Manuel, Os Militares em Macau, (Macau, 1976); VALE, a. M. Martins do, Os Portugueses em Macau (1750-1800), Degredados, Ignorantes e Ambiciosos ou Fiéis Vassalos d’El-Rey? , (Macau, 1997); WATT, John R., The District Magistrate in Late Imperial China, (Nova Iorque, 1972); RUAN Yuan, Guangdong Tongzhi [Crónica Geral de Guangdong], vol. 1, (Xangai, 1990); ZHANG Rulin; YIN Guangren, Aomen Jilue [A Monografia Abreviada de Macau], (Guangzhou, 1988); ZHANG Wenqing; LOU Fan, Qingdai Aomen Zhongwen Dang’an Huibian [Colecção de Documentos Sínicos do IAN/TT Referentes a Macau], 2 vols., (Macau, 1999); Zhongshan Wenxian [Documentação de Zhongshan], vol. 5, (Taiwan, 1985).

Informações relevantes

Data de atualização: 2022/11/04