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Data de atualização: 2020/07/09
Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515
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BELL, GEORGES (1824-?). Georges Bell é o pseudónimo de Joachim Hounau, jornalista francês, autor de vários textos publicados na imprensa (Réforme National, Commune de Paris, Semaine, Peuple Constituant), de estudos político-filosóficos (La Souveraineté du Peuple [1848], Propriété Intellectuelle [1849], Le Droit des Pauvres [1850]), de biografias de David d’Angers e Alexandre Dumas, entre outras, e de obras de carácter ficcional : Une Double Passion (1856), Un Garçon d’Autrefois (1855) e Scènes de la Vie de Château (1860). Bell publica, em 1854, a crónica de viagem Voyage en Chine Capitaine Montfort, em que relata as viagens do capitão marselhês M. Monfort, nomeadamente a sua passagem por Macau. À chegada ao enclave, o capitão dirige-se à casa comercial do seu consignatário português, o Sr. Mello, altamente elogiado, para que este o ajude a regularizar a situação com as autoridades do porto, ou seja, os visitantes estrangeiros fazem frequentemente uso do know how/why dos portugueses de Macau relativamente à China. O viajante refere ainda a existência da importante casa comercial francesa Durand et Cie., critica o facto de o governo francês não apostar mais no comércio marítimo com a China e descreve a acção dos piratas do mar da China, que roubam sobretudo dinheiro e ópio, “vital para os chineses”, na rota de Macau, pois sabem que é aí que todo o barco que se dirige para Cantão terá de parar para encontrar o piloto que o levará rio das Pérolas acima. A narrativa afirma que o aspecto da cidade é mais o de uma cidade portuguesa que chinesa, julgando-se o visitante em Portugal. O espaço urbano é caracterizado, gradualmente, através da referência às ruas tortuosas, em que se passeiam frades ao som dos sinos das igrejas que levariam o recém-chegado a pensar que se encontra em Lisboa e não na China; às elegantes casas em estilo europeu e aspecto grandioso e às igrejas amplas e luxuosamente decoradas. O autor critica o comportamento dos portugueses e as lutas pelo poder que fazem com que estes não tirem partido de uma magnífica possessão, que talvez não tenha igual no mundo, onde tudo é abundante, mas que é explorada pelos frades, que aumentam os tesouros dos conventos em vez de reconstruírem as fortificações e os pontões outrora magníficos. Não foi para chegar a resultados tão mesquinhos que heróis como Albuquerque se sacrificaram, pois Portugal nem sequer sabe o que é Macau, amontoando-se as ruínas no enclave em decadência, segundo o autor, devido à predominância das instituições religiosas, uma vez que os monges vivem ainda no tempo das enormes catedrais e a vida na cidade assemelha-se à da Europa do século XIV. Daí que o viajante recorra a uma hipérbole para transmitir a ideia de que todo o poder na cidade pertence ao clero, afirmando que a igreja mais pobre de Macau é mais rica do que qualquer uma de Itália ou de Espanha, pois, no enclave, apenas as igrejas, os conventos e os frades se encontram no caminho da prosperidade. Há, portanto, um contraste entre a boa aparência dos clérigos e do resto da população, pálida e andrajosa, e entre os esplêndidos monumentos religiosos e o resto da cidade arruinada. O próprio governador ocupa-se apenas do bem-estar dos frades. A par desta “lepra”, em Macau existe a prostituição, descrevendo o texto as ruas pavimentadas de lajes de granito avermelhadas, a desprezada avenida do cais, os “costumes pitorescos”, a residência do governador, as lojas chinesas e as suas mercadorias mais baratas que em Cantão, a Taipa, o excelente tabaco que todos fumam, uma apresentação musical chinesa, o tráfico de ópio, o trajecto entre Macau e Hong Kong, as tancareiras e o jardim e a Gruta de Camões (de quem o autor apresenta uma mini-biografia). Os divertimentos na cidade são escassos, reduzindo-se à visita a igrejas e à Gruta de Camões, referindo o texto também a Sociedade Filarmónica Macaense (c. 1843-c. 1846), grupo de músicos e artistas amadores que tocam muito mal. Na Sociedade Filarmónica assistem-se, por vezes, a peças de teatro bastante fracas, na opinião do autor, que elogia o teatro chinês. Bell conclui ainda que se “a cidade portuguesa-chinesa” não tomar as devidas medidas, dentro de anos encontrar-se-á à sombra do poder e da importância da vizinha Hong Kong. Bibliografia: BELL, Georges, Voyage en Chine du Capitaine Montfort avec un Résumé Historique des Événements des Dix Dernières Années, (Paris, 1860 [1854]).
BELL, GEORGES (1824-?)
BRAGA, JOSÉ MARIA ou BRAGA, JACK (1897-1988). Intelectual que se destacou na história Extremo Oriente, igualmente conhecido por Jack Braga, nasceu em Hong Kong a 22 de Maio de 1897, filho de conhecido membro da comunidade macaense da colónia inglesa de Hong Kong e de Olive Pauline Kollard, violinista, australiana de nascimento, que se havia fixado em Hong Kong por 1890. Foi o filho mais velho de uma família de treze filhos. O bisavô de J.M. Braga foi um dos pioneiros da comunidade lusa de Hong Kong, que ali se fixou após a sua ocupação pelos ingleses. Naquele território fundou a editora Noronha e Co., cuja actividade se prolongou por mais de cem anos, acabando por ser comprada pelo Governo de Hong Kong. O seu pai, José Pedro Braga, seguiria as mesmas pisadas e viria a ser impressor, editor e, posteriormente, director do Hong Kong Telegraph e de várias companhias locais, membro activo do Conselho Sanitário, hoje conhecido por Conselho da Cidade, e do Conselho Legislativo.Frequentou o St. Joseph’s College. Apesar de ter sido um dos melhores alunos da colónia de Hong Kong e ter o sonho de ser médico, o seu pai contrariou o desejo, pois queria que começasse a trabalhar para ajudar a família. Casou com Augusta e foram pais de sete filhos. A família deslocou-se para Macau e José Maria Braga foi leccionar as cadeiras de Língua e Literatura Inglesa no Seminário de S. José, na década de 1920. Tendo grandes dificuldades na expressão da língua portuguesa, comprou o seu primeiro livro a Viagem de Vasco da Gama. Ao dedicar-se ao estudo e investigação das primeiras relações entre a China e o Ocidente, deu origem a uma vasta obra que o realçou como um especialista no tema. Era conhecedor dos arquivos e bibliotecas de várias partes do mundo, como Japão, Inglaterra, Itália e Portugal, tendo encontrado muitos originais que deu a conhecer. Seria ali que o futuro padre Manuel Teixeira, com apenas 12 anos, o viria a encontrar. Professor durante vários anos no velho Seminário, coube-lhe o mérito de ter preparado algumas gerações de jovens macaenses no conhecimento da Língua e Literatura Inglesa, tão necessárias para um futuro mais adequado. Enquanto esteve em Macau foi conselheiro não oficial de vários governadores, no que tocava às relações entre Macau e Hong Kong. Foi correspondente da Reuter e do South China Morning Post. Ocupou também o lugar de gerente da Watco, empresa de fornecimento de água à China para ser usada em Macau, bem como desenvolveu outras actividades no campo da exportação e importação. Muitos dos seus alunos notabilizaram-se nas mais variadas actividades em Hong Kong, Xangai e outras cidades importantes do Extremo Oriente. Outros emigraram para a Austrália, Estados Unidos da América e Canadá, contribuindo para a divulgação da cultura de Macau nessas zonas. Durante a II Guerra Mundial, e apesar da sua família ser numerosa, pois incluía duas tias e uma avó, Jack Braga recolheu na sua casa muitas famílias refugiadas de Hong Kong, obrigando mesmo à venda de diversos bens pessoais para poder sustentar toda a gente. Segundo o jornal de Hong Kong, South China Morning Post, desenvolveu actividade em prol dos Aliados durante a Guerra do Pacífico, tendo sido o elo de ligação entre vários grupos dos Serviços Secretos, incluindo o governo chinês e o grupo de apoio ao Exército britânico. Jack Braga emigrou para a Austrália e, mais tarde, em 1973, para os EUA por motivos de saúde, onde fixou residência. Veio a falecer em São Francisco, a 27 de Abril de 1988, com 90 anos de idade. A sua vasta biblioteca, com cerca de 9000 livros, algumas primeiras edições raras, manuscritos, mapas, fotografias e desenhos, encontra-se na Biblioteca Nacional da Austrália, em Camberra. Alguns dos seus trabalhos estão sob o pseudónimo de J.A. Kollard, segundo o historiador macaense Luís Gonzaga Gomes, como, por exemplo, Early medical practice in Macao, publicado cerca de 1935 ou “Macao-Shekki Highway”, na Macau Review datada de 1930. Muitos dos seus artigos foram publicados nas revistas Boletim Eclesiástico de Macau, Arquivos de Macau, Mosaico, Studia, Renascimento, Boletim do Instituto Português de Hong Kong, Boletim do Instituto Luís de Camões, Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, Anuário de Macau. Segundo o seu amigo de longa data, Jeoffrey Bonsall, deveu-se a Braga a doação da casa e biblioteca de Robert Ho Tung (Hedong Tushuguan 何東圖書館). Este, quando regressou a Hong Kong após a II Guerra Mundial, foi persuadido a ceder a sua casa para efeitos culturais. Igualmente através de Braga, uma colecção completa do Hong Kong News, jornal de língua inglesa publicado pelos japoneses durante a ocupação de Hong Kong, foi comprada para a Biblioteca da Universidade. A sua vasta bibliografia encontra-se referenciada por Luís Gonzaga Gomes em Bibliografia Macaense, obra republicada pelo Instituto Cultural de Macau em 1987, bem como no n.º 2 da Revista de Cultura, 1988. Devido à sua contribuição para a cultura macaense, o Instituto Cultural de Macau propôs que, no dia 10 de Junho de 1988, lhe fosse atribuído o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, galardão que destaca personalidades cuja acção tenha contribuído para a expansão da Cultura Portuguesa no Mundo. Bibliografia: GOMES, Luís Gonzaga, Bibliografia Macaense, (Macau, 1987); José Maria Braga, Vida e Obra, (Catálogo, Macau, 1988).
BRAGA, JOSÉ MARIA ou BRAGA, JACK (1897-1988)
CALDEIRA, CARLOS JOSÉ (1811-1882). Nasceu em Lisboa no dia 23 de Janeiro de 1811, filho natural do desembargador José Vicente Caldeira de Casal Ribeiro e meio-irmão do conde de Casal Ribeiro, José Maria Casal Ribeiro (ministro da Fazenda em 1859 e dos Negócios Estrangeiros em 1860). Casou com Gertrudes da Conceição Caldeira e depois com Maria Maximiana da Madre de Deus Silva. Carlos José Caldeira frequentou a Academia Real de Marinha e desempenhou os cargos de Chefe da Repartição de Estatística do Ministério das Obras Públicas e de Inspector das Alfândegas. Homem dedicado às letras, distinguiu-se como escritor e jornalista, tendo colaborado no Diário de Notícias, Jornal do Comércio, Arquivo Pitoresco, Correio da Europa, Arquivo Universal, Ilustração Luso-Brasileira, Ocidente e Revista Peninsular. Das obras que nos deixou, contam-se, entre outras, Considerações Sobre o Estado das Missões e da Religião na China (1851) e Apontamentos de uma Viagem de Lisboa à China, e da China a Lisboa (1852- 1853). Esta última obra, dividida em dois volumes, resultou da viagem que realizou à China, quando contava cerca de 40 anos de idade. Partiu em Julho de 1850 com destino a Macau, numa viagem que durou 50 dias, e permaneceu no Oriente até finais de 1851. Os seus Apontamentos são, ainda hoje, uma obra de consulta obrigatória para todos aqueles que se dedicam ao estudo de Macau oitocentista, traçando um interessante retrato sobre aquela cidade e apresentando vivas descrições e profundas reflexões sobre outros espaços onde se fazia sentir a presença portuguesa, quer no Oriente quer em África. Permaneceu no Oriente durante dezasseis meses. Para além de ter conhecido Macau e os seus arredores, visitou também Cantão e vários portos do sul da China, até Xangai. Durante a sua permanência em Macau, Carlos José Caldeira colaborou na redacção do Boletim Oficial do Governo de Macau, acompanhando de perto a actividade governativa de Francisco António Gonçalves Cardoso, por quem manifestou profunda simpatia pessoal e admiração política. O nome de Carlos José Caldeira encontra-se ainda associado ao debate iniciado, em grande medida, por D. Sinibaldo de Mas, em torno do iberismo, o qual teve os seus adeptos em Portugal: Latino Coelho, Albano Coutinho e, também, Carlos José Caldeira. Existem referências de que Carlos José Caldeira, o seu primo Jerónimo José da Mata, bispo de Macau, D. Sinibaldo de Mas, embaixador de Espanha na China, Frei João Ferrando, procurador das missões espanholas, e Frei José Foixó, se encontraram várias vezes em Macau, aproveitando para debater a questão da União Ibérica. Acabaram por ir mais longe, projectando criar uma associação de propaganda ibérica na Península, logo que regressassem à Europa. Para José Caldeira este regresso concretizou-se em meados de 1852, cerca de dois anos depois de ter partido. Carlos José Caldeira faleceu em Chelas no dia 30 de Novembro de 1882. Bibliografia: CALDEIRA, Carlos José, Macau em 1850, (Lisboa, 1997); Alfredo Gomes, “A Diplomacia ou a Guerra”, in MacaU (Macau), n.° 37, (Macau, 1995), pp.22-26; DIAS, Alfredo Gomes, “Conquistadores Aposentados…”, in Macau, n.° 74 (Macau, 1998), 1998, pp.116-118; ROCHA, Ilídio, “Um Português na Pista das Sociedades Secretas”, in História, n.° 119, (Lisboa, 1989), pp.21-28.
CALDEIRA, CARLOS JOSÉ (1811-1882)
Aspirante da alfândega de Díli (1906), funcionário das Obras Públicas (1908), aspirante dos Serviços de Fazenda de Macau (1912), onde se aposenta como recebedor de primeira classe, José de Carvalho e Rego nasce em Lisboa no ano de 1890. Como vogal do Conselho do Governo é seleccionado para representar Macau na comissão da nova reforma administrativa integrada no Conselho Ultramarino. Carvalho e Rego casa com Leonor Lidoni e, uma segunda vez, em 1927, com Ana Antónia Marquesm e enquanto jornalista colabora com jornais como o semanário monárquico lisbonense Debate e publica um conjunto de crónicas (“Macau-Figuras d’outros Tempos”) no Notícias de Macau (1967-1969), reeditadas em 1994 pelo Instituto Cultural de Macau. Carvalho e Rego faleceu em 1977. [R.M.P.] Bibliografia: REGO, José de Carvalho e, “Na Caridade é Justo Destacar a Acção de Três Sacerdotes Portugueses em Macau na Época da Guerra do Pacífico”, (Lisboa), 5 pp.; REGO, José de Carvalho e, “As Marcas (em Cerâmica Chinesa)”, in O Debate, (22-05-1968); José de Carvalho e Rego, Figuras de Outros Tempos, (Macau, 1994); José de Carvalho e Rego, Figuras Desportivas do Passado, (Macau, 1996); FORJAZ, Jorge, Famílias Macaenses, vol. I, (Macau, 1996), pp. 712-713; REGO, José Ernesto de Carvalho e (filho), Os Feitos do Capitão Ribeiro da Cunha durante o Período da Guerra do Pacífico em Macau, (Macau, 1996).
REGO, JOSÉ da Conceição Ernesto de CARVALHO e (1890-1977)
Tipógrafo nascido em Macau, casou com a chinesa cristã Maria Isabel (1841-1890) e foi proprietário da famosa Tipografia Mercantil N. [icolau] T. [olentino] Fernandes, que vê trabalhos seus aprovados no International Specimen Exchange (Estados Unidos da América), em 1887. Em 26 de Fevereiro de 1890, Nicolau Fernandes celebra um contrato com o Estado português para (continuar) a impressão do Boletim Oficial de Macau e outras publicações. Após a morte de Nicolau Fernandes, a tipografia recebe ainda diversos prémios pelos seus trabalhos (Paris, 1920, 1931; Macau, 1926), sendo o fundador sucedido pelo seu filho, Jorge Fernandes, a partir de Janeiro de 1893.[R.M.P.] Bibliografia: FORJAZ, Jorge, Famílias Macaenses, vol. III, (Macau, 1996).
FERNANDES, NICOLAU TOLENTINO (1823-1898)
Personagem: | Cooke, G. Wingrove |
Fonte: | Dicionário Temático de Macau, Volume I, Universidade de Macau, 2010, p. 417. ISBN: 979-99937-1-009-6 |
Identificador: | i0001207 |
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