Autor de obras como As Mãos e os Frutos (1948), entre muitas outras, que visita Cantão e Macau, em Outubro de 1990, estada da qual é fruto o grupo de poemas intitulado Pequeno Caderno do Oriente, ilustrado por Carlos Marreiros e publicado no Jornal de Letras e na Revista de Cultura. O Caderno é composto por doze textos, nomeadamente poesias, apontamentos e prosas poéticas, alguns dos quais traduzidos para inglês e complementados pelas ilustrações de Carlos Marreiros, elaboradas em Novembro de 1993. O primeiro texto desenvolve-se em torno da figura do “mestre” Camilo Pessanha, o segundo, “Ofício da Paciência”, descreve a azáfama diária da vida na “Baía das Pérolas”, cuja ponte, rumo à Taipa, é comparada a uma garça, sendo a caracterização da cidade conse¬guida através da enumeração. O poema “Jardim de Lou Lim Leoc” (Lulianruo Gongyuan 盧廉若公園) funciona como repositório de memórias orientais, seguindo-se um texto narrativo e um poema sobre “As Pedras”, nomeadamente “A Pedra Profunda”, enquanto “As Montanhas Verdes” começa como um conto e termina como uma elaborada recordação de um amigo que desvendara a poesia da China ao sujeito lírico, que se encontra no Hotel Mandarim Oriental, observando as verdes montanhas do Império do Meio, a Baía da Praia Grande e o álbum de reproduções de pinturas de George Chinnery. Seguem-se o “Templo da Barra”; o “Canto Solar”, a “Balança” e um texto “Em Defesa de Camões”, que descreve o ambiente que envolve a mítica Gruta de Camões, pedindo ao Leal Senado que mande retirar as vergonhosas e medíocres composições poéticas que rodeiam o monumento. As impressões visuais continuam, agora em movimento, “[…] ardendo entre águas e a bruma”, descrevendo a “Aproximação de Coloane”. O último texto do Pequeno Caderno, intitulado “O Nome da Água”, descreve a visita ao cemitério onde se encontram as sepulturas de Camilo Pessanha e da sua família chinesa, poeta que “escrevera o seu nome na água”, conferindo assim uma ciclicidade temática à obra através de um dos mais conhecidos poetas portugueses que viveu em Macau. Bibliografia: ANDRADE, Eugénio de, “Pequeno Caderno do Oriente”, desenhos de Carlos Marreiros, in Revista de Cultura, n.° 18, 2.ª série, edição inglesa, Janeiro-Março de 1994, (Macau, 2002); ANDRADE, Eugénio de, Com Palavras te Amo, (Macau, 1990); NAVA, Luís Miguel, Eugénio de Andrade, 1957-1995, in col. “Essencial”, n.° 26, (Lisboa, 1987); ARRIMAR, Jorge de Abreu (coord.), Eugénio de Andrade: Exposição Bibliográfica, (Macau, 1990); ANÓNIMO, Eugénio de Andrade: Retratos, (Macau, 1990); ANÓNIMO, “Eugénio in Macau-Loving with Words”, in Review of Culture, edição inglesa, n.°s. 11/12, (Macau, Setembro de 1990-Fevereiro de 1991), pp. 111-119; ANÓNIMO, “The Alliances of Desire”, in Review of Culture, edição inglesa, 2.ª série, n.° 18, (Macau, Janeiro-Março de 1994), pp. 137-138; SANTOS, José da Cruz (coord.), Eugénio de Andrade: O Amigo Mais Íntimo do Sol: Fotobiografia, apresentação de Luís Miguel Nava e Ângelo Crespo, (Porto, 1998).

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Data de atualização: 2020/04/16