A história diplomática portuguesa no Extremo-Oriente prende-se aos contextos económico, político-militar e religioso da presença lusa naquelas latitudes. As suas linhas de actuação foram constantemente redefinidas por grupos cujos interesses a cada momento influíam no processo diplomático, ou seja, as referidas linhas sofriam sempre alterações na sua delineação oficial em virtude de terem de se submeter às necessidades dos grupos sociais portugueses localizados na Índia ou no Sudeste Asiático. Por uma questão metodológica serão primeiro abordadas as embaixadas emissões diplomáticas portuguesas realizadas ao império chinês, cuja efectivação ocorreu sobre tudo nos séculos XVI-XVIII, para depois se analisarem as relações com o Japão e, por fim, num mesmo grupo, as actividades diplomáticas da gente lusa no Sudeste Asiático. Todas elas tiveram como objectivo a preservação do estabelecimento dos portugueses no Sul da China ainda que, por razões estratégicas, as visitas assumissem muitas vezes razões de cortesia. No caso específico da China, não são alheios os jesuítas residentes na Corte de Pequim. Em 1601, a Companhia de Jesus, através de Matteo Ricci (falecido em 1610), tinha fixado residência na corte imperial com o intuito de levar a cabo a evangelização da China. Tal empresa, contudo, revelou-se difícil desde o início. Desde cedo, perceberam da primordial importância, para a corte imperial, das Matemáticas, da Astronomia e da Música. E foi nestes campos que tentaram ser aceites para, mais tarde, conseguirem os seus propósitos iniciais. O grupo de missionários, alguns dos quais portugueses, foram sendo substituídos ao longo dos tempos em Pequim, mas mantiveram-se firmes nos seus objectivos da continuidade da sua presença na corte imperial. Genericamente, entre os séculos XVI e XVIII, actuaram como elementos de apoio à comunidade mercantil portuguesa sedeada a sul do império. Tal era igualmente importante para eles devido à existência do Colégio de S. Paulo, que em Macau preparava os missionários chegados da Europa ou recrutados entre as comunidades locais para a evangelização da China. Desta forma, sempre que houve uma embaixada ou missão diplomática a Pequim, eles agiram como agentes da elite macaense, ainda que, por vezes, contrariando os propósitos dela para salvaguardarem aquilo que consideravam de suma importância, a posição já conquistada pela Companhia de Jesus dentro do império. Oficialmente os jesuítas abandonaram a capital em 1783, devido à dissolução da Companhia por ordem do Marquês de Pombal, primeiro-ministro do rei D. José I de Portugal. É nessa época que se realiza a derradeira missão diplomática a Pequim. Após essa data, o governador de Macau foi empossado no cargo de ministro plenipotenciário do monarca português, deixando de haver necessidade do envio de embaixador a Pequim, dado que ele tinha poder de representação diplomática ao mais alto nível. Os contactos directos com as autoridades de Cantão tomaram, gradualmente, maior incremento, mas a representação portuguesa consular em Cantão andou quase sempre entregue a cônsules honorários, que eram geralmente funcionários do governo de Macau, até ser criado um consulado de carreira pela Carta-Lei de 18 de Julho de 1888, pouco depois da assinatura do Tratado de Comércio Luso-Chinês de 1887.

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Data de atualização: 2023/05/16