Informações relevantes
Data de atualização: 2023/06/19
Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515
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No dia 18 de Julho de 1847, o Sendo Bispo da Diocese D. Jerónimo José da Mata, foi fundada em Macau a Arquiconfraria do Imaculado Coração de Maria, na Paróquia de Santo António. O 1.º Centenário foi solenemente lembrado em 15 de Abril de 1947, sendo pároco o Padre José António Augusto Monteiro. Ao longo dos primeiros 100 anos inscreveram-se, segundo o livro do catálogo,1691 associados. (Cfr. esta Cronologia…, 1947).
Fundada Arquiconfraria do Imaculado Coração de Maria em Macau
CARDIM, ANTÓNIO FRANCISCO (?-1659). Os seus pais residiam em Viana do Alentejo, mas António Francisco nasceu na cidade do Porto, entre 1594 e 1596. Foi admitido no noviciado de Évora da Companhia de Jesus a 24 de Fevereiro de 1611 e a 18 de Outubro emitiu os seus votos de devoção no colégio de S. Roque, Lisboa. Voltou a Évora para terminar o noviciado e estudar humanidades e artes (Filosofia). Em 1618 viajou para Goa, dedicou quatro cursos ao estudo da teologia e celebrou a sua primeira missa em Fevereiro de 1621. Em 1623 foi nomeado para a província do Japão no Exílio. Cardim foi destinado ao Sião (Tailândia) a 8 de Dezembro de 1625, até ao seu regresso a Macau a 2 de Julho de 1629. Novos destinos foram dois meses em Tonquim, dois anos na Conchichina e uma breve estadia em Tonquim desde Março de 1631, depois da qual voltou a Macau, onde esteve três anos como mestre dos noviços e quatro como reitor, sendo simultaneamente comissário do Santo Ofício. Na congregação provincial realizada em Macau de 9 a 22 de Setembro de 1638, foi eleito para participar em Roma na Congregação Geral, como representante do Japão. Saiu de Macau em 1638, mas só em Setembro de 1642 chegou a Lisboa. Em Roma, enfermo, esteve prestes a morrer, antes de assistir à Congregação, de 21 de Novembro de 1645 a 14 de Abril de 1646. Em Maio e em Junho redigiu uma informação e um memorial referentes às actividades dos Jesuítas no Oriente. Em 1647 promoveu o envio de uma legação do rei de Portugal ao Japão, para suster a perseguição do shogun Tokugawa Iemitsu. Em 1649 empreendeu a viagem de regresso a Macau, mas a nau naufragou na costa antes de chegar a Moçambique e os expedicionários tiveram que seguir a pé. A etapa seguinte levou-o a Goa e, em 1652, embarcou a caminho de Macau, mas a 15 de Junho foram feitos prisioneiros por corsários holandeses. A 2 de Julho desembarcaram em Malaca, tendo sido levados para o cárcere de Negumbo na ilha de Ceilão e depois para a prisão da fortaleza de Gale. Três anos depois chegou a Goa, seguindo a pé por Cochim, Coulão, Travancor, pela costa da Pescaria e Negapatão. Aqui embarcou para Tenasserim, e de novo por terra até ao Sião. O barco que o levava a Macau foi desviado por ventos junto à ilha de Hainão (Hainan 海南), onde foi recebido com carinho pelos Jesuítas dessa missão, que lhe prepararam outra nau para atravessar até ao continente e seguir a pé para Macau. Cardim ofereceu-se para a missão do Cambodja, mas acabou por morrer em Macau a 30 de Abril de 1659. Embora nunca tenha podido pisar o solo japonês, a figura do infatigável Cardim ocupa um lugar importante na história da Província do Japão no Exílio. Precedido por Pedro Morejón e outros, dedicou-se à glorificação dos mártires do Japão, religiosos e laicos, primeiro como testemunha e depois como procurador no processo de Macau 1635-36. São bem conhecidas dos historiadores as obras das quais fazemos a resenha no final, algumas publicadas durante a sua estadia em Roma. Também são dignas de menção as suas intervenções a favor da Província do Japão, opondo-se a algumas pretensões administrativas do visitador Manuel Dias e do superior Álvaro Semedo, tendo ainda em outras ocasiões favorecido a causa da Vice-Província da China. – Principais Obras. Relatione della provincia del Giappone, 1645; Memoriale ad Reverendum admodum Patrem Nostrum Generalem, 1646; Fasciculus e Iapponicis Floribus, suo adhuc madentibus sanguine, 1646; Informação sobre a pretenção dos Padres da China em destruir a Província de Jappam, 1648; Batalhas da Companhia de Jesus na sua gloriosa Província do Japão, c.1651. Bibliografia: Dehergne, Joseph, Répertoire des Jésuites de Chine de 1552 à 1800, (Roma, 1973); TEIXEIRA, Padre Manuel, “Os Cardins”, in Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, (Macau, 1972), pp. 443-460.
CARDIM, ANTÓNIO FRANCISCO (?-1659)
BARRETO, PADRE MELCHIOR NUNES (1520-1571). Melchior Nunes Barreto nasceu no Porto, em 1520. Entrou para a Companhia de Jesus com 23 anos, quando já era licenciado. Partiu de Lisboa, rumo às missões asiáticas, em 1551, a bordo de uma nau portuguesa da carreira da Índia. Durante algum tempo foi superior dos colégios Jesuítas de Baçaim, no norte da Índia, e de Goa. Em 1554, foi escolhido para liderar uma embaixada enviada ao Japão, e mais concretamente ao daimio de Bungo, pelo Estado Português da Índia. Tratava-se de tentar consolidar a presença portuguesa no arquipélago nipónico, de forma a beneficiar as missões católicas que os religiosos Jesuítas estavam a desenvolver naquelas partes. Uma tal missão diplomática, obviamente, tanto interessava aos padres da Companhia de Jesus, como às autoridades portuguesas, apostadas no aumento do tráfico comercial entre os portos nipónicos, Macau e Goa. Um dos membros desta embaixada, curiosamente, era Fernão Mendes Pinto, o celebrado aventureiro português, autor da Peregrinação (obra publicada em Lisboa, em 1614), que então, mas apenas temporariamente, fora admitido à Companhia de Jesus. Após uma breve estada em Malaca, Barreto e os seus companheiros aportaram em 1555 às ilhas de Sanchoão e de Lampacau, no litoral meridional do Guangdong 廣東, onde, por esses anos, os portugueses faziam demoradas escalas nas suas viagens entre Malaca e os portos japoneses, a fim de se dedicarem a proveitosos negócios com os mercadores chineses. Enquanto aguardava ventos propícios para seguir para o Japão, Nunes Barreto efectuou uma visita à cidade de Cantão, com o objectivo de tentar libertar alguns portugueses que aí se encontravam cativos, entre eles, Mateus de Brito. Como moeda de troca, levava alguns pedaços de âmbar cinzento, mercadoria exótica sumamente apreciada na corte imperial chinesa e muito procurada pelos mandarins provinciais, que, através da sua posse, procuravam depois obter favores junto das autoridades centrais, em Pequim. Segundo parece, os esforços de Barreto não deram quaisquer resultados positivos, tendo o padre, além disso, ficado bastante desiludido com as fracas perspectivas de conversão dos chineses ao cristianismo. De regresso a Lampacau, Nunes Barreto terá feito uma paragem em Macau, desembarcando naquele ancoradouro, que, desde esse ano, estava a ser utilizado pelos seus compatriotas como ponto de apoio nas jornadas mercantis para Cantão. Ali encontrou o seu companheiro Fernão Mendes, em finais de 1555, o qual então subscreveu uma conhecida carta onde se refere a este encontro. Tal carta, aliás, é o primeiro documento português conhecido datado de Macau. O próprio Barreto escreveria pouco depois uma longa missiva de Lampacau (Langbai’ao 浪白澳), dando conta das suas andanças e incluindo detalhadas descrições da grande cidade chinesa de Cantão. Antes de largar de Lampacau (Langbai’ao 浪白澳), Nunes Barreto deu instruções ao irmão Jesuíta Estêvão de Góis, que também fazia parte da missão ao Japão, para permanecer em território chinês, a fim de se dedicar ao estudo da língua chinesa escrita, com vista a uma eventual e futura entrada dos Jesuítas na China. Antecipava assim, de mais de vinte anos, a política aculturativa mais tarde seguida pelo visitador Jesuíta Alexandre Valignano. Mas o jovem Góis não conseguiu dar conta do recado, regressando a Goa, em 1557, com graves problemas de saúde. Entretanto, chegada a monção propícia, a embaixada portuguesa largou do litoral da China com destino ao Japão, chegando a salvamento ao reino de Bungo. Mas o padre Melchior pouco tempo ali se demorou, tendo estado, aliás, quase sempre enfermo. A missão diplomática portuguesa não teve grandes resultados práticos, pois a situação política que se vivia em terras nipónicas era assaz confusa, já que estava em curso uma verdadeira guerra civil, com facções rivais lutando pela hegemonia de mais ou menos vastas parcelas de território. Após nova paragem no litoral chinês, o padre regressou, em 1556, à Índia, onde subsequentemente viria a exercer diversos cargos nas estruturas da Companhia de Jesus. O seu companheiro de viagem, Mendes Pinto, desvinculou-se da organização Jesuíta, regressando pouco depois a Portugal. Quanto ao padre Nunes Barreto, permaneceu na Índia, vindo a falecer em Goa, em meados de 1571. Bibliografia: O’NEILL, Charles; DOMINGUEZ, Joaquin Maria (dirs.), Diccionario Histórico de la Compañía de Jesús, 4 vols., (Roma, 2001); LOUREIRO, Rui Manuel, Em Busca das Origens de Macau, (Macau, 1997).
BARRETO, PADRE MELCHIOR NUNES (1520-1571)
No dia 20 de Novembro de 1704, o Papa Clemente XI aprova um decreto da Inquisição contra os “Ritos”.
Decreto da Inquisição contra os “Ritos”
No dia 18 de Setembro de 1719, pela Constituição Ex illa die, Clemente XI nomeou Visitador apostólico e legado a latere para as Missões do Extremo Oriente Carlos Ambrósio Melchior Mezzabarba, que partiu de Roma a 4 de Outubro e de Génova a 21 de Novembro para Lisboa, onde se demorou até Março de 1720.
Visitador apostólico
No dia 20 de Março de 1709, morre no Convento de St.º Agostinho D. Álvaro Benavente, O.E.S.A., vigário apostólico de Kiangsi, que se refugiara em Macau 3 meses antes, ou seja, a 1 de Dezembro de 1708. Os portugueses, o clero local e os missionários estrangeiros, aqui refugiados, tomaram parte nas solenes exéquias fúnebres em Stº. Agostinho, onde foi sepultado na nave central a 21 de Março; a tropa assistiu também ao funeral. Na capela-mor de St.º Agostinho, no local da sua sepultura, está uma inscrição latina, que diz: “Aqui jaz o il. D. Fr. Álvaro, nascido da nobre familia de Benavente em Salamanca, onde ingressou na Ordem do Nosso Padre Agostinho. Pelo zelo de propagar a Fé, demandou a Provincia das Filipinas, foi transferido para o Império da China e, depois de ter administrado brilhantemente a mesma Provincia e a Missão da China, foi promovido a Bispo de Ascalona e a Vigário Apostólico; faleceu em Macau aos 20 de Março de 1709, com 63 anos de idade, 9 de Episcopado. Descanse em paz. Amen”.
Morre no Convento de St.º Agostinho D. Álvaro Benavente
BELO, D. CARLOS FILIPE XIMENES (1948- ). Nascido na pequena aldeia de Walakama, perto de Vemasse, a 3 de Fevereiro de 1948, quinto filho de um professor primário, Domingos Vaz Filipe, e de Ermelinda Baptista Filipe, D. Carlos Filipe Ximenes Belo assistiria ao falecimento do seu pai com apenas dois anos. Seguiu o itinerário educativo das escolas católicas de Baucau e Ossu, graduando-se mais tarde, em 1960, no colégio de Dare. Depois de demorada formação sacerdotal salesiana em Macau e Portugal, D. Ximenes Belo viria a ordenar-se sacerdote a 26 de Julho de 1980. Regressa a Timor um ano mais tarde, em Julho de 1981, tornando-se professor e mesmo, durante um curto período, director do colégio salesiano de Fatumaca. Depois da resignação de Monsenhor Martinho da Costa Lopes, em 1983, acabaria D. Ximenes Belo, a 21 de Março de 1988, por ser apontado administrador apostólico de Díli e bispo titular de Lorium, recebendo o título episcopal a 19 de Junho desse mesmo ano. Imediatamente, em 1989, o novo administrador apostólico da capital de Timor Leste escreve ao então secretário-geral das Nações Unidas, Javier Perez de Cuellar, denunciando a situação humana do território e a repressão difícil da ocupação militar e política indonésia. Em 1989, coube a D. Ximenes Belo acolher a visita de João Paulo II, oficialmente o responsável pela diocese de Díli, mobilizando intensamente a população de maioria católica do território. A partir daqui, a biografia de D. Carlos Filipe Ximenes Belo torna-se progressivamente mais conhecida, destacando-se o modo intransigente como defende os direitos humanos do povo timorense. Para tanto, denuncia a violenta ocupação indonésia e pugna pelos valores culturais e nacionais da parte oriental da ilha de Timor, antiga colónia portuguesa. Apesar das enormes dificuldades, muitas incompreensões e frequentes calúnias, D. Ximenes Belo não vacilou nesse caminho de defesa do direito à auto-determinação do povo timorense, concorrendo para ampliar uma resistência cívica, moral e cultural, que haveria de ganhar definitivamente eco internacional quando o bispo foi laureado com o Prémio Nobel da Paz de 1996. Abriam-se, assim, três vertiginosos anos de luta pela auto-determinação, que se concluiriam com o referendo ganho claramente pela via da independência. A violência subsequente encontraria, também, em D. Ximenes Belo, um dos mais relevantes protagonistas da defesa da identidade nacional e dos direitos do povo timorense. Mais recentemente, a 26 de Novembro de 2002, o bispo de Díli viria a resignar da sua administração apostólica, ganhando algum descanso para novas etapas vivenciais que o levam a cruzar a actividade cultural, a reflexão e também o aconselhamento das novas autoridades políticas timorenses, finalmente, eleitas democraticamente pela vontade popular expressa através do sufrágio directo universal. Até aqui, sumariam-se eventos e temas que se poderiam facilmente visitar em qualquer enciclopédia geral minimamente preocupada com o mundo actual ou com as figuras mais proeminentes do catolicismo contemporâneo. Menos conhecida é a estada de D. Ximenes Belo, entre 1975 e 1976, em Macau, para estudar no colégio salesiano de Dom Bosco, precisamente durante o período em que se concretiza a violenta ocupação militar indonésia de Timor Leste, que ecoa também, entre resistências e solidariedades, no território macaense. A passagem do bispo de Díli por Macau reveste-se de um duplo significado: recorda as ligações históricas e religiosas continuadas entre Macau e Timor e relembra, igualmente, a presença em Macau de uma comunidade timorense que sempre encontrou no território um especial apoio para a sua formação sacerdotal e intelectual. Deste modo, o itinerário macaense de D. Ximenes Belo representa um ponto de chegada da história da instalação dos salesianos em Macau, desde 1906, comunicando também com a sua vocação missionária em território timorense. A obra educativa salesiana seria marcada, sobretudo, pela inauguração, na década de 1950, do Colégio de Dom Bosco, abraçando filhos e descendentes de portugueses e concretizando um projecto de formação em língua portuguesa dirigido a muitos jovens que viriam a preencher as administrações, ofícios e igrejas coloniais no mundo asiático, de Macau a Timor. Bibliografia: CARMO, António, A Igreja Católica na China e em Macau no Contexto do Sudeste Asiático. Que Futuro?, (Macau, 1997); KOHEN, Arnold S., From the Place of the Dead: The Epic Struggles of Bishop Belo of East Timor, (Inglaterra, 1999).
BELO, D. CARLOS FILIPE XIMENES (1948- )
CASTRO, D. JOÃO PAULINO DE AZEVEDO E (1852-1918). Filho de Amaro Adrião de Azevedo e Castro e de Maria Albina Carlota da Silveira, D. João Paulino de Azevedo e Castro nasceu nos Açores (Lajes do Pico), no dia 4 de Fevereiro de 1852. Depois de frequentar os estudos primários e secundários nos Açores, ingressou no Seminário de Coimbra e matriculou-se no curso de Teologia da Universidade de Coimbra, que concluiu em Julho de 1879. Neste mesmo ano, a 31 de Agosto, foi ordenado sacerdote na Capela do Paço Episcopal de Angra do Heroísmo. Mantendo-se ligado à Sé desta cidade açoriana, D. João Paulino de Azevedo e Castro, em 1890, foi promovido a tesoureiro-mor, chegando a ocupar o lugar de vice-reitor do Seminário. A par da sua carreira eclesiástica, D. João Paulino de Azevedo e Castro dedicou-se à actividade docente no seminário diocesano, tendo leccionado Teologia, Filosofia, História Eclesiástica e Direito Canónico. Apesar de ter sido nomeado Arcediago, acabou por não tomar posse em virtude de ter sido eleito Bispo de Macau pelo papa Leão XIII, o que foi confirmado em 9 de Junho de 1902. D. João Paulino de Azevedo e Castro pertenceu a um grupo de prelados com origem nos Açores que desempenharam um relevante papel religioso e político no Território. Lembremos a figura de D. José da Costa Nunes, Vigário-Geral de D. João Paulino a partir de 14 de Julho de 1906, que o substituiu à frente do bispado de Macau em finais de 1910. Uma vez em Macau, onde chegou no dia 4 de Julho de 1903, D. João Paulino de Azevedo e Castro deparou-se com alguns problemas de grande complexidade político-religiosa a que teve de dar resposta. O primeiro dizia respeito à redefinição dos limites da diocese de Macau e da prefeitura apostólica de Cantão, determinada pela Sagrada Congregação de Propaganda: a ilha de Hainão passava para a jurisdição da prefeitura e o distrito de Zhaoqing 肇慶 ficava sob a alçada da diocese de Macau. O governo francês e o prefeito apostólico tentaram opor-se à aplicação desta determinação, o que obrigou D. João Paulino de Azevedo e Castro a protestar energicamente junto do governo de Lisboa, reclamações que foram encaminhadas para Roma. Em Macau, D. João Paulino dirigiu os destinos do bispado no período crítico da implantação do regime republicano. O decreto de 8 de Outubro de 1910 ordenou a expulsão dos Jesuítas, determinação que foi executada em Macau no dia 19 de Novembro. As repercussões do regime republicano na vida dos religiosos de Macau estendeu-se a outras ordens, quando, em 29 de Novembro, se determinou a sua saída do Território. Depois de entregar o bispado a D. José da Costa Nunes, D. João Paulino de Azevedo e Castro saiu de Macau com destino à China no dia 4 de Dezembro. Depois de uma breve passagem por Hong Kong, dirigiu-se a Cantão em visita pastoral às Missões da China. Em Janeiro de 1911 passou por Singapura e por Malaca, regressando a Macau no dia 7 de Abril. Os momentos políticos difíceis que passou em Macau, no seguimento da proclamação da República, estimularam D. João Paulino de Azevedo e Castro a reflectir sobre as relações entre o Estado e a Igreja e sobre o papel que esta desempenhava no Extremo Oriente. A testemunhar esta sua preocupação, encontramos os muitos escritos que nos legou, devendo ser dado especial destaque a iO Padroado Português no Extremo Oriente e a Lei de Separação do Estado das Igrejas. Neste texto, dividido em três capítulos, D. João Paulino de Azevedo e Castro defende a ideia de que a evangelização tinha sido uma trave-mestra do processo de expansão da civilização nas nações “idólatras” e “selvagens”, sublinhando o seu alcance moral, utilitário e político. Enaltece o papel de Macau enquanto centro donde irradiava a acção missionária no Extremo Oriente, tentando provar a utilidade política da acção missionária portuguesa na China e em todo o Extremo Oriente. Um exemplo é avançado: o direito de Portugal reclamar a soberania sobre a ilha da Lapa e a ilha Verde devia-se à acção missionária desenvolvida naqueles locais desde o século XVII. A pertinência deste argumento assumiu um significado político muito particular, atendendo a que a questão da definição dos limites de Macau permaneceu em aberto no diálogo luso-chinês durante todo o primeiro quartel de Novecentos. Em 1915, iniciou a publicação de Os Bens das Missões Portuguesas na China. Os seus textos revelam um homem profundamente conhecedor da acção da Igreja, particularmente no Extremo Oriente, tema que norteou a sua investigação e a sua intervenção política e religiosa, através da palavra escrita e oral. Da sua acção em Macau ressaltaram a criação do Colégio de Perseverança, entregue ao cuidado das religiosas canossianas, vocacionado a acolher raparigas sem família; a criação de um orfanotrófio para o ensino de artes e ofícios a jovens chineses, entregue aos salesianos de D. Bosco; a promoção de escolas e asilos nos subúrbios da cidade de Macau; a criação do Boletim da governo da diocese de Macau. D. João Paulino de Azevedo e Castro permaneceu em Macau, onde faleceu no dia 17 de Fevereiro de 1918. Bibliografia: CASTRO, João Paulino de Azevedo e, Os Bens das Missões Portuguesas na China, (Macau, 1995); TEIXEIRA, Padre Manuel, Arquivos da Diocese de Macau, (Macau, 1970).
CASTRO, D. JOÃO PAULINO DE AZEVEDO E (1852-1918)
CASAL, D. JOÃO DO (?-?). Nasceu em Castelo de Vide, província do Alentejo, por volta de 1641. Doutorou-se em Teologia pela Universidade de Évora. Tinha 49 anos, quando, em 1690, foi nomeado bispo de Macau. Sagrado em Lisboa pelo cardeal Alencastre, que foi assistido pelo arcebispo de Goa, D. Frei Agostinho da Anunciação, embarcou para Goa a 25 de Março de 1691. Chegou a Goa a 18 de Setembro desse mesmo ano e a Macau a 16 de Julho de 1692, sendo o primeiro bispo a governar a diocese desde a morte de D. Diogo Correia Valente, em 1633. Esta prolongada vacância tem-se atribuído ao não reconhecimento da Restauração da Independência de Portugal por parte da Santa Sé, que impediu o restabelecimento das relações diplomáticas com a cúria romana até 1668. Este facto teve a sua influência, mas não explica por si mesmo que só em 1690 se tivesse nomeado um bispo para Macau. Na verdade, esta prolongada dilação foi mais determinada pela Sagrada Congregação de Propaganda Fide, que pretendia confinar o direito de padroado aos territórios politicamente dominados pelo padroeiro, que pela questão do reconhecimento da Independência de Portugal. A nova definição do direito de padroado levantava problemas nas dioceses de Cochim, Cranganor, S. Tomé de Meliapor e Malaca, onde a coroa portuguesa não exercia qualquer domínio político, e ainda em Macau, por este bispado incluir na sua jurisdição toda a China e Indochina, cujos territórios, segundo o princípio dos propagandistas, teriam de ser desintegrados do Padroado Português. A situação das primeiras dioceses ficou resolvida em 1689 com a nomeação dos respectivos bispos, mas o provimento das sés de Macau e de Malaca levantava ainda outros problemas relacionados com a instituição de vicariatos apostólicos, em 1657, no Tonquim, na Cochinchina e na China, e, em 1668, no Sião. O estabelecimento da nova jurisdição eclesiástica não foi reconhecido pela corte portuguesa, mas isso não obstava a que a Santa Sé mantivesse os vigários apostólicos designados antes do reatamento das relações diplomáticas com Portugal. Acresce ainda que o Sumo Pontífice tinha aprovado o estabelecimento dos vicariatos apostólicos sem ter abolido formalmente o Padroado, pelo que passou a funcionar nesses territórios uma dupla jurisdição, que esteve na origem de graves conflitos e de acesas polémicas entre os missionários adstritos ao Padroado e os enviados directamente pela Propaganda Fide. A ascensão do cardeal Pedro Ottoboni ao sólio pontifício em 1689, com o nome de Alexandre VIII, permitiu dar um primeiro passo para que se ultrapassasse o impasse existente entre o Padroado e a Propaganda. A pedido de D. Pedro II, o padre António Rego, assistente em Roma da província portuguesa da Companhia de Jesus, solicitou ao novo pontífice a nomeação de um bispo para Macau e a criação de mais duas dioceses na China. Alexandre VIII tinha estado ligado à Propaganda Fide e pertencido à comissão cardinalícia que tratava dos negócios da China, estando, por isso, bem inteirado das questões que existiam em relação ao Padroado Português. Foi, pois, com grande surpresa que os propagandistas tomaram conhecimento de que o novo Pontífice estava na disposição de criar as duas dioceses solicitadas pelo rei de Portugal para a China. Os cardeais aceitaram a nomeação de um bispo para Macau, desde que fossem claramente definidos os limites territoriais do bispado, e opuseram-se terminantemente à criação dos dois novos bispados, por a sua erecção colidir com os vicariatos apostólicos já em funcionamento no Império do Meio. Alexandre VIII recusou o parecer da Propaganda e aprovou a proposta do rei de Portugal. Esta deliberação, totalmente contrária ao que vinha sendo defendido pela cúria romana desde a criação da Sagrada Congregação da Propaganda, em 1622, tem levantado alguma perplexidade, levando os autores que se têm debruçado sobre esta matéria a sugerir que se tivesse tratado de uma decisão tomada sem a devida ponderação ou sob a influência de factores mais ou menos obscuros. Cremos, porém, que a explicação desta determinação pontifícia se deva buscar, por um lado, nas dissensões introduzidas na China com a entrada dos vigários apostólicos em 1684 e com a chegada dos Jesuítas franceses em 1687 e, por outro, no quadro das tensas relações existentes entre Luís XIV e a corte pontíficia, onde a figura do padre de la Chaize, Jesuíta e confessor do rei, assumiu uma grande importância. Com esta decisão a favor de Portugal, o Papa apenas terá pretendido travar o processo que estava a levar à hegemonia da França nas missões do Sião, da China e da Indochina, evitando o reforço do ‘galicanismo’ que atingia o seu apogeu na França. Foi, portanto, neste quadro que D. João do Casal foi escolhido para bispo de Macau, onde, após a sua chegada em 1692, teve de enfrentar os problemas decorrentes do falecimento de D. Gregório Lopes e da indecisão de D. Frei Bernardino della Chiesa, que esperava por instruções mais concludentes, dado que, com a criação das dioceses, não tinham sido formalmente abolidos os vicariatos apostólicos na China. Além disso, por qualquer razão até hoje não esclarecida, nos documentos portugueses da época, D. Gregório Lopes apareceu designado para a diocese de Pequim, enquanto que D. Frei Bernardino della Chiesa vinha indicado para a de Nanquim. Este equívoco, que os adversários do Padroado sustentam ter sido intencional, motivou situações contraditórias antes de se ter definido a situação, o que só aconteceu com a apresentação de D. Alexandre Cícero para a diocese de Nanquim. Nessa mesma altura, D. Pedro II propôs à Santa Sé que D. Frei Bernardino della Chiesa passasse para Malaca, sendo substituído em Pequim pelo Jesuíta padre Filipe Grimaldi. A oposição da Santa Sé à transferência de Mons. della Chiesa levou a corte portuguesa a propor que o bispado de Macau fosse elevado à categoria de arquidiocese, passando a ter as outras duas dioceses chinesas como sufragâneas. Esta proposta foi igualmente rejeitada, pelo que, após diligências feitas pelo padre Quémener das Missões Estrangeiras de Paris, que tinha sido enviado a Roma como representante dos missionários dependentes da Propaganda Fide, a Santa Sé decidiu que a diocese de Macau ficava com jurisdição sobre as províncias de Guangdong e de Guangxi, ficando o resto do território chinês dividido entre as duas dioceses de Nanquim e de Pequim e os nove vicariatos apostólicos entretanto criados. Ultrapassados estes problemas, D. João do Casal continuou a enfrentar os que decorriam da resistência do Senado de Macau em cumprir a ordem régia que o incumbia de proceder ao pagamento da côngrua episcopal. Esta situação foi em diversas ocasiões objecto de estudo no Conselho Ultramarino, mas nenhuma das decisões viria a ser executada, de modo que só cerca de 1720 se ultrapassou o impasse, assumindo o Senado de Macau a obrigação de satisfazer a côngrua do respectivo bispo. Outra situação altamente problemática vivida por D. João do Casal foi a que decorreu da presença do Patriarca de Antioquia, D. Carlo Tommaso Maillard de Tournon, enviado como Legado a latere à China e que permaneceu em Macau desde 30 de Junho de 1707 até à sua morte a 8 de Julho de 1710. Enviado para ajudar a ultrapassar as graves dissensões que havia entre os missionários na China, o Legado Apostólico acabou por agravar todas as questões devido à sua inflexibilidade e precipitação no que concernia à controvérsia dos ritos chineses. O bispo de Macau não se tinha manifestado claramente nem a favor nem contra a incompatibilidade dos ritos chineses com a doutrina católica, mas a promulgação do decreto do Patriarca de Antioquia, em Nanquim (Nanjing 南京) a 7 de Fevereiro de 1707, obrigou-o a tomar partido pelos missionários que se opunham à aplicação das imposições do Legado Apostólico. Este, no seu diploma, definia as respostas que os missionários deviam dar ao Imperador, quando fossem chamados para receber a autorização para continuarem na China a sua actividade missionária. Na prática, as novas orientações eram contrárias à posição defendida pela maioria dos Jesuítas e conformes com o decreto pontifício de 20 de Novembro de 1704 que condenava os ritos chineses. D. João do Casal opôs-se à execução das deliberações do Legado Apostólico, apresentando um agravo e uma apelação ao Papa. Com este expediente, o bispo desobrigava os missionários da sua diocese de obedecerem às determinações do Patriarca de Antioquia, mas contrariava a sua anterior declaração de que reconhecia e obedecia a Mons. de Tournon como representante pontifício. Com efeito, em 1705, quando o Legado ia a caminho de Pequim, o bispo de Macau tinha-se deslocado com o governador José da Gama Machado à Ilha Verde, a fim de lhe apresentar cumprimentos. O prelado romano tinha chegado ao largo de Macau a 2 de Abril de 1705, e como viesse com o propósito de não entrar nos domínios portugueses, apenas se deslocou à Ilha Verde, propriedade dos Jesuítas, onde pernoitou de 4 para 5 de Abril. Na manhã desse mesmo dia dirigiu-se para Cantão, e foi desde esta cidade que o Legado Apostólico exigiu ao bispo de Macau que publicasse o Breve Pontifício, que lhe tinha entregue no apressado encontro que tinham tido na Ilha Verde. O prelado macaense, que tinha recebido ordens do vice-rei da Goa para receber condignamente o representante pontifício, acedeu às suas imposições, publicando o breve em que declarava reconhecer Mons. de Tournon como Legado Apostólico. Entretanto informou as instâncias de Goa e pediu instruções mais rigorosas sobre esta matéria. O Arcebispo Primaz e o vice-rei responderam proibindo o reconhecimento da jurisdição do Legado Apostólico e a obrigatoriedade de o impedirem de exercer qualquer autoridade em territórios adstritos ao Padroado. Estas novas imposições estiveram na origem dos graves conflitos e contendas que ocorreram em Macau entre 1707 e 1710. O Patriarca de Antioquia insistia na sua pretensão de exercer a sua jurisdição em Macau e o bispo, com o apoio do governador Diogo de Pinho Teixeira, opôs-se por todos os meios a que o prelado romano conseguisse concretizar o seu intento. Neste preciso contexto se devem integrar as excomunhões que mutuamente decretaram e que só foram levantadas quando o novo Legado Apostólico, D. Carlo Ambrogio Mezzabarba, passou por Macau em 1719. Dividido entre a necessidade de obedecer às orientações pontíficias e a fidelidade ao rei de Portugal, D. João do Casal foi criticado pelo cardeal de Tournon por se ter deixado dominar pelos Jesuítas e censurado pelo governador de Macau e pelo vice-rei da Índia por não se empenhar decididamente na defesa dos direitos e regalias do monarca português. O bispo manifestou, de facto, algumas hesitações e parece ter agido mais por pressão dos Jesuítas e do governador de Macau do que por convicção. Era certamente um convicto defensor do Padroado, mas, tal como os seus sucessores no século XVIII, não manifestou um grande empenho em cuidar directamente as duas províncias chinesas que integravam a diocese. O rei recomendava, no início de setecentos, a visita do bispo àquelas cristandades, mas os detractores do Padroado continuaram a criticar o facto de o prelado macaense entregar o governo dessas importantes parcelas do bispado, situa¬das além das Portas do Cerco, a um vigário forâneo. Para além do múnus episcopal, D. João do Casal interveio intensamente na vida da cidade desde que chegou a Macau. No final de seiscentos, alertava para a carência de moradores e para os desmandos de alguns gover-nadores. Nos muitos anos que permaneceu em Macau, testemunhou períodos de violentas contendas entre os governadores e o Senado, destacando-se neste capítulo os episódios que envolveram Diogo de Pinho Teixeira, no final do seu mandato, e o seu sucessor Francisco de Melo e Castro. Mais tarde, testemunhou os excessos de D. Cristóvão Severim Manuel, considerando que, dos muitos governadores que tinham passado por Macau, nenhum tinha sido tão desrespeitador das ordens régias como este. Nos últimos anos assistiu aos conflitos que eclodiram entre o governador António Moniz Barreto e o ouvidor António Moreira de Sousa. Nos últimos meses de vida exerceu interinamente o cargo de governador, na sequência do extemporâneo regresso de António Amaral de Meneses a Goa. Tomou posse em Janeiro de 1734 e entregou o governo a Cosme Damião Pereira Pinto em Agosto de 1735. Este foi, certamente, o seu último acto público, porque em Setembro desse mesmo ano viria a falecer com 94 anos de idade, 44 de episcopado e 42 de vividos em Macau. Bibliografia: GUENNOU, Jean, Missions Étrangères de Paris, (Paris, 1986) ; METZELER, J. (dir.), Sacra Congregationis Propaganda Fide Memoriae Rerum 1622-1972, vol. I, 2 tms., (Roma, 1972-1973); MENSAERT, Georges, L’établissement de la Hierarchie Catholique en Chine de 1684 a 1721, (Florença, 1953) ; REGO, António da Silva, O Padroado Português do Oriente. Esboço Histórico, (Lisboa, 1940); TEIXEIRA, Manuel, Macau e a sua Diocese, vol. II, (Macau, 1940); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau e a sua Diocese, vol. XIII, (Macau, 1977).
CASAL, D. JOÃO DO (?-?)
Personagem: | Acquistapace, Mário, 1906-2002 |
Tempo: | Após o estabelecimento da RPC em 1949 até 1999 |
Palavra-chave: | Clero |
Estudante | |
Sala de aula |
Entidade de coleção: | Companhia de Jesus em Macau |
Fornecedor de trabalho digital: | Macau Documentation and Information Society |
Autoridade: | Autorização do uso à Fundação Macau concedida por Companhia de Jesus em Macau. Em caso de precisar usar este material, deve pedir a autorização do titular do direito de autor. |
Idioma: | Chinês |
Tipo: | Imagem |
Fotografia | |
A cores | |
Formato das informações digitais: | JPG, 2849x2052, 1.15MB |
Identificador: | p0005832 |
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