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Data de atualização: 2024/04/18
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O Hotel Bela Vista, que funciona desde 1999 como residência oficial do Cônsul de Portugal, foi o único hotel de Macau com projecção internacional, gozando de um estatuto idêntico ao de outros lendários hotéis na Ásia – Península (HongKong), Oriental (Banguecoque), Manila Hotel, Raffles (Singapura), etc. O Hotel foi inaugurado em 1890, numa moradia apalaçada na colina do Bom Parto, propriedade de William Edward Clark, um comandante de vapor da Hong Kong, Canton & Macao Steamer Co. Ltd., e de sua mulher, Catherine Hannack. Na altura, o novo estabelecimento denominava-se Boa Vista. Logo após a sua inauguração, e tendo como principal concorrente, no mercado ocidental, o Hing Kee, o Hotel Boa Vista hospeda clientes ilustres, como o Governador de Hong Kong, William Roberston (1892) ou os barões brasileiros do Ladário (1894). No último ano do século XIX, o Boa Vista é hipotecado à Hong Kong, Canton & Macao Steamer Co. Ltd. por 15 mil patacas. Em 1901, os franceses tentam comprar o Boa Vista para ali instalarem um sanatório para os seus colonos na Indochina. Os britânicos, presentes em Hong Kong, opõem-se, temendo uma tomada de Macau pela França, e o Boa Vista é, nesse ano, expropriado pelo Governo que o vende de seguida à Santa Casa da Misericórdia por 80 mil patacas. Em 1909, Auguste Vernon aluga o hotel pela renda de 250 patacas mensais, mas, quatro anos depois adoece e é substituído na gerência por George Albert Watkins. Este terá problemas com a polícia quando instala uma roleta clandestina no Boa Vista. Decadente e com pouca clientela, o Boa Vista deixa de ser hotel em 1917, quando ali é instalado o Liceu de Macau. Fazem parte do corpo docente os professores Camilo Pessanha, José da Costa Nunes, Silva Mendes, Fernando Lara Reis, entre outros, enquanto que entre os alunos se incluem nomes que se tornarão famosos – Joaquim e Henrique Paço d’Arcos, Adolfo Jorge, Luís Gonzaga Gomes. O Liceu passa para um edifício na Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida e o Governo volta a comprar o Boa Vista, desta vez por 82.585.00 patacas. Na cidade, abrem-se novos hotéis, modernos e de maior qualidade, que fazem esquecer o velho Boa Vista. Em 1932, o Governo vende o edifício a Iong Pat, por 55 mil patacas, mas a actividade hoteleira é suspensa dois anos depois quando o Governo britânico aluga o Boa Vista para alojamento dos seus cadetes. Em 1936, de novo hotel, surge pela primeira vez a denominação que o tornará famoso: Bela Vista. Em plena guerra sino-japonesa, e meses antes da invasão de Hong Kong pelos nipónicos, a Caixa Económica Postal compra o Bela Vista em 1941, num prenúncio do destino que vai ter durante os anos que se seguem – centro de acolhimento para os refugiados portugueses de Hong Kong. Nem mesmo o fim da Guerra devolve ao velho edifício a sua vocação hoteleira. Em 1946, o Bela Vista é alugado ao Governo britânico para alojamento dos militares da NAAFI. O Bela Vista regressa como hotel em 1948, quando é comprado pelas senhoras Kuoc Chi Chan, Chan Lok Fong e Ng Tong Ying. As duas primeiras residiam em Hong Kong e eram representadas por Ho Yin. Em 1967, Adrião Pinto Marques (conhecido como “Napoleão”) encarrega-se da gerência do hotel, identificando-o com a cultura portuguesa e colocando de novo o Bela Vista no roteiro dos míticos hotéis da Ásia. Durante a sua gerência, prosseguida a partir de 1985 pelo seu filho, Adriano Pinto Marques, o Bela Vista recebe a visita de notáveis de todo o mundo. No entanto a sua decadência era visível e surgem os planos para a recuperação. Prestes a completar cem anos de actividade hoteleira, o Bela Vista é arrendado por 25 anos à Sociedade Excelsior Hotéis, que se compromete à sua renovação e exploração como hotel de luxo. Em 1992, completamente alterado no seu interior, mas mantendo a traça inconfundível, o Bela Vista abriu as suas portas. No ultimo ano da administração portuguesa, o velho hotel voltou afechar, desta vez para acolher a residência oficial do Cônsul de Portugal em Macau. [L.A.S.]Bibliografia: LÉVY, Bernard-Henry, Impressions d’Asie, (Paris:1985); SÁ, Luis Andrade de, A História na Bagagem, Crónicas do Velhos Hotéis de Macau, (Macau, 1989); Hotel Bela Vista, (Macau, 1992); TEIXEIRA, Padre Manuel, Bela Vista Hotel, (Macau, 1978).
Hotel Bela Vista
O primeiro estabelecimento hoteleiro de Macau de que há notícia é o Hotel Hing Kee (Xingji 興記), propriedade de Pedro Hing Kee, na Praia Grande. No final do século XIX era ali que se albergavam os funcionários portugueses destacados para a colónia e também os ocasionais turistas estrangeiros, nomeadamente os que, de Hong Kong, vinham jogar a Macau aos fins-de-semana. Entre os seus clientes mais famosos, o Hing Kee albergou Camilo Pessanha nos primeiros meses da sua estada em Macau, onde chegou em 1894 (o então professor de Liceu pagava 40 patacas por mês por cama, roupa e mesa). Em 1890, William Edward Clark, um comandante de vapor da Hong Kong, Canton & Macao Steamer Co. Ltd, e a sua mulher, Catherine Hannack, montam o Hotel Boa Vista (Bela Vista, a partir de 1936) no edifício onde residiam desde 1870, por cima da praia do Bom Parto. No início do século XX, o Boa Vista é expropriado pelo Governo de Horta e Costa e comprado pela Santa Casa da Misericórdia (ver Hotel Bela Vista). O Hing Kee, então gerido por um inglês, Framer, beneficia de obras de remodelação e muda o nome para Macao Hotel. Em 1928, onde funcionara o Macao Hotel, então já denominado New Macao Hotel, surge o Riviera, um dos mais carismáticos hotéis de Macau. O novo estabelecimento era propriedade de Lou Lim Ieoc (Lu Lianruo 盧廉若), que, no entanto, faleceria antes da inauguração, sendo as obras completadas pelo seu irmão Lou Huen Cheong (Lu Xuanzhong 盧煊仲). O gerente era J. P. Bourne, vindo do Hong Kong Hotel. No mesmo ano, e na avenida Almeida Ribeiro, é inaugurado o President Hotel, num edifício que, com os seus 25 metros de altura, é o primeiro arranha-céus de Macau. Ali funciona também o primeiro elevador da cidade e um cinema, o Cinematógrafo President. Na altura, a comunidade portuguesa residente em Macau frequentava ou usava os serviços para comensais dos Clube de Macau, Grémio Militar, Casa Aurora e Clube Recreativo e de Beneficência 1.º de Junho. No início do anos 1930, o President Hotel é comprado por uma sociedade formada por Kou Fok Iu, Lu CheocVong, San Kai, Ho Sap, Cheong Chong e Ieong Pat, passando a denominar-se Grand Central Hotel. No sexto andar é inaugurado o Club Hou Hing (Haoxing豪興) (mais tarde Cabaret Grand Central), então o principal cabaret da cidade e abrem-se salas de fantan 番攤 no hotel, o que provoca diversas cenas de violência e de atentados. O Grand Central passa a ser o principal casino de Macau. Mais um hotel, Grand Kuoc Chai (Guoji 國際), surge em Macau em 1941, em plena ofensiva japonesa na China e numa altura em que Macau alberga dezenas de milhar de refugiados. O novo hotel situa-se também na avenida Almeida Ribeiro, mas já na zona do Porto Interior, pelo que a sua relativa periferia afasta os clientes portuguesese ocidentais. No cabaret Grand Central (do Grand Hotel) toca a orquestra de Art Carneiro, um português de Xangai, que concorre com os outros locais de entretenimento nocturno: Hotel Riviera ,Cabaré Lido, Salão de Danças da Ilha Verde (situado sob as bancadas do Canídromo) e Restaurante S. João. Em 1962, a concessão do exclusivo do Jogo é atribuída à STDM de Henry Fok, Stanley Ho, Teddy Yp e Yip On, o que provoca a maior revolução de sempre na actividade hoteleira de Macau. No ano seguinte, a concessionária inaugura o Hotel Estoril, onde passa a funcionar o casino. E em 1970 é construído o Hotel-Casino Lisboa, projectado por Liang Tat Meng, um dos maiores casinos do mundo, actualmente com 700 quartos, 70 lojas e 16 restaurantes.O crescente peso da concessionária na economia local leva-a a participar em quase todos os investimentos hoteleiros que, entretanto, foram realizados. É o que acontece nos anos de 1980 e de 1990, quando surgem em Macau dezenas de hotéis, dos quais os principais estão ligados a cadeias internacionais (Hyatt, Mandarin Oriental, Westin, Holliday Inn, New World) e se assumem, na maioria, como sedes de casino. Desaparecidos os míticos hotéis de Macau, como o Bela Vista e o Riviera, do passado restam o Grand Hotel e o Kuoc Chai (Guoji 國際).
HOTÉIS DE MACAU
No dia 1 de Julho de 1890, é Aberto o Hotel Boa-Vista (actual Bela Vista), segundo regista o B.O. - 2.°Sup., n.º 6 de 12 de Fevereiro de 1897. O Boa-Vista, construído cerca de 1870 para residência da família Remédios, foi em 1890 registado como Hotel, passando a ser propriedade do Capitão Inglês William Edward Clarke. (Cfr. esta Cronologia…, 1891, Março).
Aberto o Hotel Boa-Vista
Tempo: | Época da República entre 1911 e 1949 |
1948 | |
Local: | Península de Macau-Freguesia de São Lourenço |
Avenida da Praia Grande n.º 517 | |
Hotel Riviera | |
Palavra-chave: | Hotel |
Arquitectura | |
Automóvel | |
Estrada |
Fotografia: | Lei Iok Tim |
Fonte: | Staci, Chio Ieong and Terence, Hun Kuong U (coordenação de edição), Cinquenta anos num olhar : meio século documentado pela Associação Fotográfica de Macau, Museu de Arte de Macau, 2008, p. 30. ISBN 978-99937-59-72-0 |
Direito de propriedade: | Associação Fotográfica de Macau |
Fornecedor de trabalho digital: | Associação Fotográfica de Macau |
Autoridade: | Autorização de uso concedida à Fundação Macau pela Associação Fotográfica de Macau. |
Idioma: | Chinês |
Português | |
Inglês | |
Tipo: | Imagem |
Fotografia | |
Preto e branco | |
Identificador: | p0014255 |
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Data de actualização: 28 de Abril de 2025
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