Em 1560, é oficialmente fundada a Inquisição em Goa. Por esta altura chega ali também Bartolomeu Vaz Landeiro (Cfr. Lúcio de Sousa, European Presence in China, Taiwan, Japan, The Philippines and South-East Asia 1555-1590. The life of Bartolomeu Landeiro, Macau, Macau Fondation, 2009). Landeiro entra a negociar com os mandarins de Cantão sobre a necessidade da presença portuguesa em Macau, para protecção contra os piratas; Landeiro é influente também no Japão, ao lado dos missionários e dos daimios cristãos. Landeiro é rico e influente...e é judeu. Vários revezes no comércio marítimo levam-no à miséria no fim da vida. A partir de 1580 são pedidas, de Goa para Macau, informações sobre a existência de judeus ou cristãos novos. Em 1582 Landeiro preside a uma reunião em Macau para que a missão diplomática de Filipe II possa anunciar na cidade as mudanças ocorridas com a monarquia dual. Os diplomatas procediam das Filipinas e foi Landeiro quem ajudou a resgatar, na altura, prisioneiros espanhóis na China, financiando a sua estadia em Macau e o regresso às Filipinas. Mas Landeiro não figura na lista dos notáveis, no “Relatório Oficial” dessa Missão. Por quê, se o próprio A. Valignano se lhe refere como “o senhor da cidade”? A razão é, tudo indica, que um judeu à face da legislação portuguesa não podia ocupar lugares oficiais na administração. De facto o “Juramento dos Fidalgos e Comerciantes Portugueses” não o inclui. (Cfr. Sousa, Lúcio M. Rocha de e Ângelo, A.F. de Assis, “A Diáspora Sefardita na Ásia e no Brasil e a Interligação das Redes Comerciais na Modernidade” in Revista de Cultura – ed. int., nº 31, Julho 2009. RAEM, pp. 101-121).

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Data de atualização: 2020/07/20